domingo, maio 23, 2010

Justiça de Grazie

Em Portugal, sempre que ocorre um escândalo judiciário que envolva perigo para personalidades de relevo político, há circo mediático. Para além dos animais exóticos, aparecem logo, logo , os habituais malabaristas e prestidigitadores, que escrevem, falam, comentam e marcam pontos no espaço mediático controlado.
Nos casos que abalaram a Justiça mediática desde os anos oitenta do séc .que passou, a começar pelo caso das verbas do FSE, quem aparece sempre a botar faladura de responsabilidade nos media?
Advogados dos entalados excelentíssimos que pouco têm variado ao longo dos últimos vinte anos: Proença de Carvalho, sempre, sempre em primeiro lugar; José Miguel Júdice a disputar a parceria e alguns sócios de firmas bem conhecidas e estabelecidas que vivem muito da parecerística que o Estado dos governos que estão, lhes avença prodigamente, ao ponto de custarem milhões, anualmente, no Orçamento de Estado.
Depois aparecem os habituais sabujos da ordem estabelecida e situação periclitante, com acesso aos media, facilitado pela extrema concentração existente no nosso país, pequeno e de pequenos interesses também. De tal modo que a liberdade de expressão se encontra seriamente condicionada pelo grupo de interesses de um Balsemão, de um Paulo Fernandes ou de um "amigo Joaquim" que tomou de assalto os media, vindo dos negócios do futebol.

Sempre que essa Cooperativa de interesses vê ameaça séria aos negócios ou posição social, ou perigo real de cadeia, através de investigações judiciais, é certo e sabido que temos entrevistas a eito daqueles próceres e escritos ponderados de alertas para o perigo extremo de "politização da Justiça" ou mesmo de "judicialização da política", com o empenho esmerado de idiotas úteis que servem sempre os senhores ou outros bastonários que não se entende o que servem.

Normalmente o tom do discurso alarmista reafirma o perigo de deriva "antidemocrática", como se algum deles fosse alguma vez na vida genuinamente democrata ou então, a famosa "responsabilização democrática", eufemismo que nada mais pretende atingir senão o centro e o coração de quem tem a incumbência específica de investigar judicialmente os senhores da política e dos negócios e cuja actuação passa a ser sindicada de perto e com urgência, por todos os meios, por aqueles preocupados que desatam a escrever desabridamente sobre a "responsabilidade democrática" que falta ao Ministério Público que afinal é um corpo em que ninguém manda e por isso, precisa de comando, militar de preferência, porque como é sabido, um soldado não discute ordens e sempre que um sargento berra na praça, o praça arrebita as orelhas e bate com a cabeça.
É assim que esta gente, em caricatura, vê o Ministério Público ideal.
Porém, se lhe perguntam que modelos conhecem, nada dizem. Ou então citam um- o americano, sem sequer saberem como verdadeiramente funciona.

Assim, para saber tal coisa e aprender ainda mais, esses mesmos, deviam ler esta entrevista com a procuradora americana Jessica Di Grazie, ao Expresso desta semana.
Basta clicar na imagem para ler o seguinte:

"Não há Justiça sem um Ministério Público independente".

Que chatice! Então a famosa "responsabilidade democrática"? A autoridade do chefe? O quero, posso e mando, na magistratura, não é democrático?

2 comentários:

Mani Pulite disse...

O MONTEIRO NÃO PODE IR FAZER COMPANHIA AO GONZALES?

Unknown disse...

E o Sócrates?

GM

O Público activista e relapso