Sol:
Esperava-se que Daniel Oliveira tivesse como adversário principal Luís
Fazenda. Afinal, o duelo oratório foi com Fernando Rosas. O mote da
discussão que incendiou a VIII convenção do BE: haverá um Governo de
esquerda sem o PS? Para Daniel Oliveira não há. Fernando Rosas falou a
seguir numa das mais aplaudidas intervenções da convenção, respondeu-lhe
duramente e levantou os delegados quando gritou: «Haverá um governo de
esquerda queira ou não queira o PS!».
Foi um final de tarde intenso
centrado no debate que divide a convenção: as alianças de governo e o
PS. As intervenções sucessivas de Luís Fazenda, Daniel Oliveira, Ana
Drago e Fernando Rosas trouxeram os delegados para a primeira divisão da
discussão política. Com surpresas.
Fazenda optou por não se
referir à lista B e fez o discurso da alternativa que se constrói à
margem da direcção do PS. Chegou o tempo de o BE se impor, com quem
quiser seguir os bloquistas, mas sem cedências à linha oficial do PS.
Sem nomear nunca a linha da oposição.
«Há um ano, antes das
legislativas, todos perceberam que tínhamos ventos contrários». Nessa
altura, o medo da troika limitava a votação no BE: «a troika era um
míssil contra nós». Agora não é assim. «Os ventos viraram» e com a queda
do Governo de Passos Coelho virá uma votação histórica -- foi a
mensagem de Fazenda, muito aplaudido.
Seguiu-se a primeira figura
da lista B, ainda que tenha aparecido na convenção como simples
delegado. Daniel Oliveira foi directo e não se inibiu de atacar
directamente o adversário interno. Pegou no artigo de opinião de
Fazenda, publicado no portal do BE, em que o líder parlamentar afastava a
hipótese de um governo com o PS, por ser «contrário à genética do BE» e
pediu aos bloquistas uma atitude diferente.
Daniel Oliveira
acusou certos dirigentes do BE de fazerem do governo de esquerda um
chavão sem conteúdo. «O Governo de esquerda é agora uma boa frase para
um outdoor», disse. Pedindo aos camaradas de partido que se deixem «de
rodriguinhos» disparou: «Não haverá governo de esquerda que exclua o
PS».
Estava para chegar a intervenção decisiva. Fernando Rosas
subiu de seguida ao palco e não largou Daniel Oliveira. Disse que os
ataques da lista B de Daniel Oliveira eram «insultuosos» para João
Semedo, Catarina Martins e os delegados. «Deixemo-nos de rodriguinhos»
-- pegou Rosas na expressão de Daniel Oliveira -- atacar a direcção
bicéfala é atacar pessoalmente Semedo e Catarina. «Eles são uma espécie
de marionetas?», indignou-se. A intervenção prosseguiu exaltada:
«Sucessão dinástica? O que estamos a fazer há três meses se não a
discutir esta proposta de direcção?».
Contrariando várias vezes
Daniel Oliveira - e arrebatando os delegados - Fernando Rosas saiu do
palco afirmando o que uma boa parte do Bloco parece acreditar. A solução
à grega, em que o PS deixa de ser a maior força da esquerda é
perfeitamente possível.
O Bloco é uma farsa há um ror de anos. O que deviam discutir nesta espécie de congresso era apenas isto:
"O
BE é um movimento socialista ( diferenciado da noção social-democrata,
entenda-se-nota minha) e desse ponto de vista pretende uma revolução
profunda na sociedade portuguesa. O socialismo é uma crítica profunda
que pretende substituir o capitalismo por uma forma de democracia
social. A diferença é que o socialismo foi visto, por causa da
experiência soviética, como a estatização de todas as relações sociais. E
isso é inaceitável. Uma é que os meios de produção fundamentais e de
regulação da vida económica sejam democratizados ( atenção que o termo
não tem equivalente semântico no ocidente e significa
colectivização-nota minha) em igualdade de oportunidade pelas pessoas.
Outra é que a arte, a cultura e as escolhas de vida possam ser impostas
por um Estado ( é esta a denúncia mais grave contra as posições
ideológicas do PCP). (...) É preciso partir muita pedra e em Portugal é
difícil. Custa mas temos de o fazer com convicção."
Enquanto esta discussão não se fizer, o Bloco é uma farsa constante. E o tal Oliveira é o que é e vai sair chamuscado deste confronto com os fósseis.
E claro, lá aparece o PS. Sempre o PS. Quem não conhece a História está condenada a repeti-la. Como farsa, evidentemente que é o que acontece agora.
6 comentários:
ah pois vai. Ainda o esborracham no assalto ao Palácio de Inverno (boca do jmf57)
'pudim flan rosas' e 'arrastão':
'diz o roto ao nu,
porque te não vestes tu?'
estórias de 'cópulas' partidárias
O Rosas não é flor que se cheire.
Ele é a plebe rústica e exaltada ... em tom monárquico ... uma maravilha ... para divertir a malta ... sempre atenua a crise ... a ouvir os fósseis ... a debitar baboseiras ... e outras que tais ...
Uma vez, por azar, tive de falar com o Rosas. É um anão. Por dentro e por fora.
Os anões também mordem.
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