sábado, maio 06, 2017

Censurar é preciso...e sempre foi. É o mal menor e por isso deveria ser regra de lei.

RR:

A associação de psiquiatras da infância alerta para a necessidade de os meios de comunicação social pararem com os conteúdos sensacionalistas nas notícias sobre a "Baleia Azul", afirmando que estes estão a contribuir para o aumento do fenómeno.

Num comunicado divulgado este sábado, a Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e da Adolescência (APPIA) afirma assistir "com preocupação" à forma como o fenómeno "Baleia Azul" - fenómeno na Internet que estimula a auto-mutilação e o suicídio - tem sido "tratado nos meios de comunicação social, com recurso a conteúdos sensacionalistas (que chegam a incluir imagens de cortes)".

"Queremos manifestar o nosso claro desacordo com este tipo de tratamento e difusão da informação", afirma a direcção da associação, presidida por Teresa Goldschmidt, coordenadora da Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência e Saúde Mental Infantil e Juvenil do Hospital de Santa Maria.

Segundo os psiquiatras, o tratamento noticioso que está a ser dado a comportamentos auto-lesivos em jovens está "em clara contradição com as orientações da Organização Mundial da Saúde
".

 Sou dos que detesta todos os tipos de censura e por isso o que se fazia politicamente a este respeito, antes de 25 de Abril de 1974, parecia-me altamente censurável e uma das causas próximas do advento da euforia comunista e marxista logo a seguir ao golpe.

Porém, há censuras que são benéficas e ainda necessárias. Por exemplo esta sobre as auto-mutilações de jovens, num jogo estúpido cujos efeitos perversos estão  a ser explorados mediaticamente para captar espectadores, leitores e ouvintes dos media.

Tal como os homicídios entre cônjuges ou a violência doméstica extremada, estas notícias apenas têm um propósito e um efeito que me parece seguro: o propósito é o de alimentar voyeurs que adoram ver males nos outros; o efeito é a desgraça que tal provoca, pela réplica que provocam em quem nunca iria praticar tais actos se não tomasse conhecimento deles.
E quem fala nestes fenómenos pode dizer também os incêndios de Verão ou as reportagens em directo de acções policiais com regularidade diária. Estou a referir-me aos métodos da  CMTV e agora copiados pelos demais canais "do cabo". Deviam ser censurados, pura e simplesmente.
Defendo por isso a censura, pura e simples em casos deste género. Antes do 25 de Abril de 1974 também estes factos eram censurados em nome dos bons costumes. Hoje em dia ninguém se atreveria a ir por esse caminho mas era mesmo por aí que deveríamos ir, para começar.
E não vejo grande problema em quem já censura imagens de crianças ou de matrículas de carros ou seja o que for politicamente correcto.

Marcello Caetano e Salazar antes dele,  neste aspecto- e só neste aspecto, relativamente à Censura- tinham inteira razão.


9 comentários:

zazie disse...

Completamente de acordo.

Floribundus disse...

com a geringonça há auto-censura

monhé e entertainer assobiam para o lado esquerdo

muja disse...

Mas, se existem usos ou aplicações legítimas do princípio da censura, porque razão se há-de excluir a política?

É mais uma contradição - ou derivação da contradição original - do liberalismo.

Como se a política fosse algo separado do humano, do quotidiano, do moral...

muja disse...

Dou um exemplo concreto: devia ou não censurar-se publicamente a propaganda de uma ideologia política que advogasse a liberalização do abuso sexual de menores (com ou sem "consentimento")?

josé disse...

"devia ou não censurar-se publicamente a propaganda de uma ideologia política que advogasse a liberalização do abuso sexual de menores (com ou sem "consentimento")?"

Não. Dizer publicamente asneiras graves não é o mesmo que mostrar as asneiras graves. E estas mostram-se, como se vê, abundantemente. Quando há qualquer abuso sexual de menores tal é noticiado em parangonas e reportagens detalhadas na CMTV e agora noutros.

Mas proíbe-se quem as diga...porque é crime fazer apologia pública de um crime.

Quanto a mim, a censura só deveria incidir nos actos, na amostragem dos actos. As palavras leva-as o vento e outras palavras e o senso comum se encarregaria dos bons costumes.



Bic Laranja disse...

Se houvesse senso e se os bons costumes não andassem nas ruas da amargura justamente pela sua falta.
Não havemos de sair disto.
Cumpts.

muja disse...

Tenho andado sem vagar, mas este tema é interessante.

Eu pego no que bem escreveu o Bic e digo: e quando a propaganda - note-se que a palavra foi escolhida propositadamente, porque é frequente revelar-se ténue a fronteira que separa o dizer asneiras graves de as mostrar e promover - e quando a propaganda visa atingir e subverter os bons costumes e o tal senso?

Que armas restam a uma sociedade com as quais se defenda?

Deve um Govêrno responsável permitir a subversão da sociedade em nome da absoluta liberdade política?

A questão subjacente é, parece-me, essa: constitui a política um domínio que deva subtrair-se às considerações de moral e direito que regem outros (ainda que não tanto quanto desejável), como por exemplo, o da informação sensacional?

Não me parece sustentável essa opinião: se divulgar - isto é, propagandear - um caso sensacional com o objectivo de chocar e excitar a opinião pública para efeitos comerciais, de vender papel ou publicidade é censurável, porque razão hão-de os mesmos métodos - a excitação e agitação da opinião pública - ser permitidos para efeitos políticos?

muja disse...

E contra mim falo, que tenho opiniões e ideias que estão em plena oposição às que são promovidas pela Situação (ehehe!)

Porém, não alimento ilusões: sei que serei censurado no preciso momento em que alguém capaz disso der conta das minhas opiniões e as considere capazes de influenciar muitas pessoas.

Eu censuraria também, por meu lado.

Mas não cometeria a hipocrisia de o justificar em nome da liberdade, alegando ao mesmo tempo ser a liberdade de expressão um "valor absoluto".

CSJ disse...

Aquilo nem é um jogo. São execícios de Poder/Dominação tal qual como as Praxes.
Num mundo civilizado não devem ser consentidos.