quinta-feira, agosto 31, 2017

Media nacionais: estado da arte

CM de hoje:


Há um mistério que perpassa por estes números de tiragens: quem é que lê o Expresso, vendido em 65 mil exemplares?  Uma certa classe mediana na sociedade portuguesa. Professores? Duvido, pelo que ganham, mas haverá muitos, entre os cerca de 150 mil existentes. Profissionais liberais? Também, certamente. Mas quantos serão, uma vez que nem se encontram estatísticas?

Mas quem lê o Expresso lê a porcaria da revista do Expresso? Duvido muito. Então o que lê, verdadeiramente? As notícias de primeira página que raramente interessam por aí além ( excepto reportagens como a do incêndio de Pedrógão, excelente a todos os títulos)?

É um mistério, para mim, saber quem lê o Expresso com proveito verdadeiro. Esta semana foi jornal para se ler em poucos segundos que duram o folhear das páginas. E há mais semanas assim do que o contrário. 
E os que compram o Expresso lêem o CM? Duvido.
O Jornal de Notícias, para mim sem qualquer dúvida, o melhor jornal português de notícias puras, apesar do Camões, vende 38 mil exemplares. No Norte, certamente e comprado por todos os cafés onde se lêem jornais. Ou seja, sobrará muito pouco para compradores individuais.

Enfim, seria preciso um estudo aturado, em focus group ou em ambiente aberto para se saberem estas coisas.

Esse estudo não existe. Aliás, quem seria capaz de o fazer e explicar que género de pessoas lê o tal Expresso e outros jornais e a motivação real para tal?

Como método de realização de sondagem poderiam as empresas respectivas colocar uma dúzia de sondageiros nos locais onde se situam os quiosques com maior movimento de venda e inquirir os compradores, durante a manhã de Sábado ( lá entre as 11 e a 1 da tarde...) acerca de tais motivos:

"Desculpe o incómodo, ando a fazer um estudo e gostaria de lhe perguntar  porque razão compra jornais e esses em particular? Será possível  dizer-me, por favor? "
E se o interlocutor se mostrasse colaborante, acrescentar: " qual a razão pela qual lê o Expresso? Costuma ler tudo no jornal? É hábito antigo? Acha que o jornal esclarece os leitores sobre o que se passa no país?  Gostou de algum artigo em especial que tivesse lido nos últimos tempos? Acha que o jornal informa alguma coisa diferente do que outros fazem? " E por aí fora...

18 comentários:

jkt disse...

O JN está a ser substituído pelo CM nos cafés ( pelo menos nos da minha zona do norte).

jkt disse...

Não compro jornais...vejo o que tem o café.
Algumas pessoas compram certos jornais por hábito e/ou para darem ar de intelectual, por isso que alguns jornais ainda existem.
Certas pessoas nunca pediam o CM num quiosque, mesmo que precisassem de ver algo.

João disse...

O Público e a Visão podem agradecer parte das vendas aos professores comunas das escolas públicas. Se existir algum diário na biblioteca da escola é, quase de certeza, o al-Público. Se houver revista é a Visão. Professor comuna à frente da biblioteca é certo e sabido que a leitura vai ser essa. Como a comunistagem controla as escolas...

Camões disse...

E o jornal a Bola não está aqui?! Muito estranho...

foca disse...

Vejo as capas na app do Sapo e compro raramente
O Expresso talvez 2x por ano
Até há alguns meses a Sábado, apesar de saltar alguns cronistas
A Visão já me abandonou há décadas
De resto folheio quando calha, mas não me recordo de ter demorado mais de 10 minutos a ler nenhum jornal há longos anos.

josé disse...

Eu compro por causa do blog e ao mesmo tempo porque assim me obrigo a dar atenção ao que escrevem. De outro modo não compraria.

Se não me tivesse empenhado em tentar perceber o que se passou em Pedrógão não tinha comprado o Expresso. Porém, ao mesmo tempo teria perdido a oportunidade de perceber que ainda tem lá bons jornalistas.

E há outros exemplos, como hoje a Visão com uma reportagem do Miguel Carvalho sobre os corruptos das autarquias.

O blog ajuda-me a perceber a realidade do que se passa e por isso compro jornais para ter pretexto em falar dela em modo documentado.

A maior parte das pessoas não sente essa necessidade e por isso não compra.

Os jornais estão condenados porque não preenchem necessidades das pessoas vulgares ou que não se interessam detalhadamente por certos assuntos.

As televisões dão-lhes de borla ( ou pelo menos assim pensam) o que precisam de informação e quanto a opinião estão-se nas tintas para o que diz o Pacheco Pereira ou o JMT ou outros.

E agora ainda há a internet que permite preencher a lacuna informatiba e opinativa.

Os jornais tornaram-se supletivos e desnecessários para cumprir a tarefa primordial de informar que dantes era exclusivo dos mesmos.

Perderam a partida.

É esse o drama.

jkt disse...

Leio sempre o CM no café. Leitura rápida. Mete impressão as noticias de mortes e horrores, mas pronto. Mas na maior parte das vezes não tem mesmo nada que se aproveite.

A televisão vai pelo mesmo caminho (da desnecessidade). Conteúdo desajustado. Quando os reformados se forem... não sei não.

Mesmo por cabo, nada de especial.

Interessante como no youtube tem "canais" - trabalhados por uma só pessoa, com conteúdo melhor que as televisões; Em todo o tipo de conteúdos. É só pesquisar.

Como também blogs e sites da Internet, melhores que revistas e jornais.

Pessoas que, ou em part-time ou por hobby conseguem produzir melhore conteúdo que profissionais...

Claro que também tem entulho, mas com pesquisa, encontra-se, para todos os gostos.

Dá que pensar.

Por isso mesmo só vejo youtube e noticias tudo online. Até cheguei ao ponto de quase não ler\ver conteúdo Português.

A Internet veio mudar muita coisa.

Por cá fico com a ideia que faz-se de conta que não existe... fala-se em redes sociais e facebook e pouco mais. Ainda não se entendeu o mundo novo de possibilidades, mesmo de trabalho.

hajapachorra disse...

O JN já vendeu mais de cem mil... O espesso diz que vende 65 mil? Nem metade, eheh.

Zephyrus disse...

Estando uns dias em Portugal, ontem comprei o Publico.

Comecava com um artigo sobre Temer. Dizia que Dilma tinha sido destituida contra a "vontade de boa parte da populacao". De seguida dizia que o pais estava de novo a crescer e a economia a melhorar. Mas nas paginas seguintes, dizia o contrario. Afinal a economia estava a afundar. Pelo meio, um artigo de opiniao. Favoravel a Dilma, e elogiando o "povo brasileiro"... nunca li nada assim no El Pais sobre a realidade da America Latina. Adiante. Seguia-se um artigo sobre a visita de companheiro a reclusas, artigos a encher paginas sobre filmes, um artigo de opiniao de um comunista sobre o PCP, e no final, o Dinis a criticar Cavaco Silva... afinal Cavaco deveria estar calado e nao aparecer. Tera dito o mesmo de Mario Soares, que durante o Governo de Passos ate elogiou gente nada recomendavel da America Latina? Nao sei como ainda alguem compra o Publico... esta a muitas milhas do El Pais...

Quem comprara ainda o Publico? Algumas entidades publicas compram, universidades privadas...

Zephyrus disse...

Importa salientar que talvez a partir dos anos 90 tenha havida uma "explosao" de publicacoes em Portugal. O sector estava claramente sobredimensionado ha muito tempo. Um exemplo flagrante encontra-se nas chamadas revistas "cor-de-rosa". Recordo-me de ver la por casa essas revistas, quando era crianca. As mulheres da casa compravam para ver a programacao e saber as novidades da telenovela brasileira. Havia uma "Maria" e se nao me falha a memoria uma "TV Guia". Ocasionalmente a minha mae ou a minha tia compravam a Hola, quando trazia artigos sobre a familia real inglesa ou espanhola, ou sobre o Julio Iglesias...

Hoje em dia quantas publicacoes ha do genero? Hoje em dia as programacoes estao disponiveis online. Nao e necessario comprar revistas para saber a grelha televisiva. Os resumos das telenovelas estao tambem online. As estrelas tem a sua vida exposta nas redes sociais.

Uma questao que se deve tambem colocar. Por que motive o sector continua casmurro e nao se redimensionou quando havia sinais do que ai vinha, dez anos anos atras?

Zephyrus disse...

Tambem nao sei se teremos mercado para 4 canais de noticias. Teriamos se a nossa TDT fosse como a espanhola? Ou a italiana? Ou a inglesa? Duvido. A Fox News vai abandoner o Reino Unido por falta de audiencias... acham que nao compensa. Por ca compensara 4 canais?

Por que motivo ha uns anos quase 80% dos portugueses tinham TV paga, quando a media europeia era inferior a 30%? Ha quem saiba explicar mas nao tenha visibilidade para tal...

Zephyrus disse...

Uma das razoes do fracasso das nossas publicacoes esta no facto de nunca terem penetrado no mercado brasileiro... as publicacoes de qualidade inglesas saem para todo o mundo anglo-saxonico. Ha publicacoes francesas que vendem em toda a Europa Continental. E algumas alemas tambem o consenguem. O El Pais e o El Mundo exportam-se. E por ca? Nada, absolutamente nada. Porque? Se ha mais de 250 milhoes de pessoas a falar portugueses, por que motivo so vendem dentro do rectangulo?

Zephyrus disse...

Sao uns falhados e notoriamente mediocres mas conseguem que o Estado transfira dinheiro dos impostos para os manter... e estudar bem a TDT e a tal taxazinha que vai para a Sociedade Portuguesa de Autores. E temos que venham a chorar por esquema identico para financiar os jornais... e ja houve em tempos recentes sinais de tal ideia...

Zephyrus disse...

A meu ver a Visao e a Sabado deveriam evoluir para revistas mensais com bom jornalismo de investigacao e boas entrevistas. E deveriam esquecer as tretas dos guias de restaurantes, os artigos de culinarian ou as paroladas das "novidades" diversas. Para guias, ja existe a Time Out.

Zephyrus disse...

Existem inumeras tematicas de interesse publico que mereciam bons artigos de investigacao e nunca tiveram direito a tal. E existem pessoas que deveriam ser entrevistadas e nao o sao. Gostaria, por exemplo, de ler uma entrevistas de Miguel Cadilhe sobre a geringonca.

Expatriado disse...

Um pouco fora do tema mas dentro do que, penso, os jornaleiros podiam escrever ou falar alguma coisa

https://oinsurgente.org/2017/09/01/um-presidente-e-marcelo/

CCz disse...

Obrigado Baldaia, obrigado nanda, derreter 17% das vendas em banca é lindo.

muja disse...

Drama? Mas para quem?

O Público activista e relapso