Lendo as notícias de hoje ( particularmente o Público e o Observador) acerca do perfil e biografia da nova PGR, Lucília Gago, ressalta imediatamente uma coisa: ninguém sabe realmente quem é a nova PGR, o que pensa e principalmente o seu particular sistema de contactos, ou seja o seu grupo de amigos e influências mais directas.
Há um aspecto comum nas notícias: foi indicada ao primeiro-ministro pela ministra da Justiça, Francisca Van-Dunen, ela mesmo magistrada do MºPº, com livre-trânsito para o STJ, quando sair do Governo.
Sabendo da ligação umbilical de Van-Dunen ao PS mais profundo e soturno, por via marital, o sinal é preocupante na medida em que o PS se julga o patrono da democracia portuguesa no campo da Justiça e se entende como usufrutuário vitalício de carta de alforria feudal como fundador de instituições de Justiça.
Tal efeito foi manifestamente visível no caso Casa Pia, no caso Freeport, no caso Face Oculta, no caso Marquês e noutros casos que não chegaram a ser casos, como o do antigo governador de Macau, Carlos Melancia, exilado no interior profundo de Castelo de Vide, e que envolvia Mário Soares e Almeida Santos, como encobridores, no mínimo, de malfeitorias de corrupção grave e de sistema, denunciadas por um íntimo conhecedor desse PS profundo e soturno, o desaparecido Rui Mateus, com um livro perigoso também abatido ao efectivo público.
Em nome da transparência democrática, a opacidade e ocultação do sistema de contactos de um PGR é mau sinal. De Cunha Rodrigues sabia-se da sua ligação a sectores do PS, como Almeida Santos e Vera Jardim. De Souto Moura sabia-se da sua ligação à magistratura, à família e isenção partidária e até política. De Joana Marques Vidal sabe-se igualmente o mesmo, sem reservas e com provas dadas. Do desgraçado Pinto Monteiro sabia-se da ligação a Proença de Carvalho e aos sectores mais corruptos do PS.
Desta nova PGR sabe-se o quê? Nada, até agora. A não ser a ligação a Van-Dunen...
Merece um benefício da dúvida? Sem dúvida, mas com atenção redobrada de quem deva escrutinar tais coisas: os media.
Aditamento:
Vendo este video da revista Sábado, com um comentário de Eduardo Dâmaso pode observar-se algo que terá o seu significado: vejam-se os cumprimentos na parte final do video, com algumas das figuras actuais do MºPº presentes.
São bons sinais, parece-me...e gostei de ver o momento, no minuto 7:30. Quem conhece aquele que cumprimentou, sabe o que quero dizer. Repito: pareceu-me um muito bom sinal.
http://www.sabado.pt/video/detalhe/eduardo-damaso-comenta-tomada-de-posse-de-lucilia-gago
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