terça-feira, agosto 01, 2023

Ao funeral de Salazar foi quem quis

 Alertado por este postal dei com uma foto das cerimónias fúnebres no velório de Salazar, nos Jerónimos, em 29 de Julho de 1970.


A foto que também figura neste acervo, é da autoria do francês Michel Le Tac que na altura trabalhava para a revista Paris Match e foi publicada na edição de 8 de Agosto de 1970. 

( foto tirada da net)

A legenda da foto, da autoria dos responsáveis da revista na época é um compêndio de equívocos e wokismo avant la lettre, ou não fosse o autor um francês. Diz que a foto foi tirada em 29 de Julho de 1970 à 1 da manhã e nela figuram "dois artistas de circo", um deles o homem mais alto do mundo, segundo o Guiness da época e outro um dos mais baixos. Diz ainda que ambos tinham uma admiração por Salazar, o que lhes permitiu o privilégio da presença junto do féretro, ladeado por membros do Governo e entidades oficiais. 

O artista da Paris Match faz também uma comparação bizarra e exótica entre tal presença e as telas de Goya ou os filmes de Buñuel, conhecidos artistas de uma desmesura surreal.

A foto poderia ter sido outra, como esta publicada no Século Ilustrado de 1 de Agosto, uma semana antes. Aqui sim, figuram os membros do governo, ao contrário daquela em que a desinformação patente se mostra a si mesma. A figura do jovem deficiente motor, obviamente habituado ao local,  não incomoda ninguém, nem obtém qualquer efeito bizarro que hoje seria, sei lá, chocante e mesmo bizarro. 


O mesmo Michel Le Tac, actualmente , vende fotografias que foi tirando ao longo da vida profissional, incluindo certamente as mais bizarras e exóticas. No fundo, faz a figura do gigante e do anão na época em que apareciam em feiras populares para ganharem a vida cuja feição lhes foi fisicamente madrasta. 

Sobre estes foram sendo publicadas histórias do percurso dos mesmos, particularmente do "gigante de Moçambique". 

Nesse blog escreve-se assim sobre o assunto, mostrando-se a capa de um livro de Miguel Cardina, o jornalista "especialista" em antifassismos revolucionários:


O tal jornalista não encontrou melhor foto para ilustrar o "saudoso tempo do fascismo" do que a de Michel Le Tac, certamente em modo apócrifo e sem querer perceber o contexto da mesma, porque evidentemente lhe servia para deslustrar o evento de finais de Julho de 1970 e vilipendiar o "saudoso tempo do fascismo". 

Bastar-lhe-ia rever a reportagem em arquivo na RTP ( aos 16:01 min) para entender a importância contextualizada da assistência dos dois então "artistas de circo" ao velório de Salazar.

  Lendo a história do "gigante de Moçambique" percebe-se melhor a dignidade que o mesmo tinha e que esta gente não tem porque falsificar a História em nome de preconceitos político-ideológicos é viver num circo mediático sem categoria.

Assim, para melhor se perceber o contexto do tudo isto, aqui ficam algumas imagens da mesma época e sobre Salazar que permitem entender o que era a pessoa e o tempo em que viveu e afinal perceber a razão pela qual a presença do "gigante de Moçambique" e do "anão de Arcozelo" no velório do mesmo nada teve de estranho ou bizarro ao contrário do que os franceses da Paris Match escreveram...







As fotos são todas de um livro de Joaquim Vieira, publicado há uns anos pela Círculo de Leitores. 
Quem não entende isto também não entende o que significa esta foto que vem a seguir acerca de um local que essa gente pretendia fosse replicado por cá, uma vez que acreditavam na ideologia e sistema político que o produziu:


São os mesmos que estão sempre a falar do fassismo como um tempo de repressão político-policial, com Aljube e Peniche para mostrar como exemplos. Esquecem sempre o da Lefortovo, muito mais eloquente...

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