Durante os anos oitenta e noventa do séc. que passou, Francisco Louçã foi "director e proprietário" do Combate, um jornal mensal dedicado à luta política de esquerda.
O número de Abril de 1990, que aqui se mostra ( clicar para ler) reflectia já as mudanças no Leste e que foram alvo de artigos interessantes no mesmo jornal.
Entre os colaboradores de um "conselho editorial" faziam parte nomes como Adelino Gomes, Augusto Mateus, Catalina Pestana, Fernando Alves, João Nabais, José Júdice, José Mário Branco, Júlio Pinto", etc. etc. ( é ler a lista publicada do corpo redactorial e editorial, na imagem junta).
Neste número dedicado ao assunto das "prisões", há uma carta de uma condenada como dirigente das FP-25, inocente como todos os que assim se declararam, mas que foi sucessivamente condenada por pertencer a essa organização terrorista, a 13 anos e meio de prisão efectiva, depois reduzidos para 10 e finalmente, cumpriria 4 anos.
A carta publicada pelo combatente Louçã é eloquente. Como o é o editorial que o director e proprietário Louçã escreve, inflamado de democracia em que proclama como " reivindicação da esquerda, a abolição das prisões, do sistema judiciário persecutório, das justiças separadas, da irresponsabilidade dos juizes". Era isto que Francisco Louçã pensava da Justiça em 1990. Nessa altura, o actual figurão do Bloco tinha idade adulta e mais que adulta e informada.
Num artigo assinado por uma colaboradora, Catherine Samary, uma dirigente francesa da esquerda radical, chic, faz-se a distinção entre "duas direitas". É ler o artiguito instrutivo que Louçã não enjeitou então e não enjeitaria agora, de certeza. Mas só se insistirem muito nas perguntas e o cansarem porque senão terão aquela seráfica resposta de engano ledo e cego, como habitualmente. Uma intrujice? Não. Uma postura táctica.
Por fim, uma parte da entrevista de Saldanha Sanches ao Combate ( conduzida por Eduarda Dionísio), em que fala da essência das relações do PCP com a extrema-esquerda a que pertenceu, enquanto esteve preso por actividades políticas, no antigo regime.
Exemplar e instrutivo. É preciso que se diga que em tempos mais próximos e pelo menos por duas vezes, Saldanha Sanches já se pronunciou sobre o mesmo tema para dizer coisas espantosas que desafiam a lógica da coerência de quem em idade adulta ainda acreditava nos amanhãs a cantar na extrema-esquerda. Pura e simplesmente considerou tudo o que fez um disparate sem ponta por onde se lhe pegue, ideologicamente. Pois sim...
Quem quiser perceber a Esquerda que temos, a do PCP e a do BE não pode permitir-se desconhecer isto que muitos entendem por terem a experiência própria de quem a viveu por dentro e por fora.
Uma das razões porque não vemos, ouvimos ou lemos coisas substanciais sobre a nossa Esquerda, reside nesta singularidade: Uma boa parte da intelligentsia esteve e continua comprometida com esta Esquerda geral.
Afectivamente não se afastam assim os primeiros amores e é isso que nos tem marcado como país, desde há quase quarenta anos a esta parte. O "fassismo" durou pouco mais, se contarmos com o tempo de Caetano...e continua a ser considerado como grande responsável pelo nosso atraso e o nosso obscurantismo- e até a nossa pequenez física, veja-se lá!
O número de Abril de 1990, que aqui se mostra ( clicar para ler) reflectia já as mudanças no Leste e que foram alvo de artigos interessantes no mesmo jornal.
Entre os colaboradores de um "conselho editorial" faziam parte nomes como Adelino Gomes, Augusto Mateus, Catalina Pestana, Fernando Alves, João Nabais, José Júdice, José Mário Branco, Júlio Pinto", etc. etc. ( é ler a lista publicada do corpo redactorial e editorial, na imagem junta).
Neste número dedicado ao assunto das "prisões", há uma carta de uma condenada como dirigente das FP-25, inocente como todos os que assim se declararam, mas que foi sucessivamente condenada por pertencer a essa organização terrorista, a 13 anos e meio de prisão efectiva, depois reduzidos para 10 e finalmente, cumpriria 4 anos.
A carta publicada pelo combatente Louçã é eloquente. Como o é o editorial que o director e proprietário Louçã escreve, inflamado de democracia em que proclama como " reivindicação da esquerda, a abolição das prisões, do sistema judiciário persecutório, das justiças separadas, da irresponsabilidade dos juizes". Era isto que Francisco Louçã pensava da Justiça em 1990. Nessa altura, o actual figurão do Bloco tinha idade adulta e mais que adulta e informada.
Num artigo assinado por uma colaboradora, Catherine Samary, uma dirigente francesa da esquerda radical, chic, faz-se a distinção entre "duas direitas". É ler o artiguito instrutivo que Louçã não enjeitou então e não enjeitaria agora, de certeza. Mas só se insistirem muito nas perguntas e o cansarem porque senão terão aquela seráfica resposta de engano ledo e cego, como habitualmente. Uma intrujice? Não. Uma postura táctica.
Por fim, uma parte da entrevista de Saldanha Sanches ao Combate ( conduzida por Eduarda Dionísio), em que fala da essência das relações do PCP com a extrema-esquerda a que pertenceu, enquanto esteve preso por actividades políticas, no antigo regime.
Exemplar e instrutivo. É preciso que se diga que em tempos mais próximos e pelo menos por duas vezes, Saldanha Sanches já se pronunciou sobre o mesmo tema para dizer coisas espantosas que desafiam a lógica da coerência de quem em idade adulta ainda acreditava nos amanhãs a cantar na extrema-esquerda. Pura e simplesmente considerou tudo o que fez um disparate sem ponta por onde se lhe pegue, ideologicamente. Pois sim...
Quem quiser perceber a Esquerda que temos, a do PCP e a do BE não pode permitir-se desconhecer isto que muitos entendem por terem a experiência própria de quem a viveu por dentro e por fora.
Uma das razões porque não vemos, ouvimos ou lemos coisas substanciais sobre a nossa Esquerda, reside nesta singularidade: Uma boa parte da intelligentsia esteve e continua comprometida com esta Esquerda geral.
Afectivamente não se afastam assim os primeiros amores e é isso que nos tem marcado como país, desde há quase quarenta anos a esta parte. O "fassismo" durou pouco mais, se contarmos com o tempo de Caetano...e continua a ser considerado como grande responsável pelo nosso atraso e o nosso obscurantismo- e até a nossa pequenez física, veja-se lá!
3 comentários:
O fracasso do Regime é sobretudo o fracasso das gerações de "esquerda",grosso modo as gerações entre 1920 e 1980(?),cuja marca ideológica marxista-leninista tornou incapazes de perceber e governar Portugal.Naturalmente, hoje Portugal tem todos os sintomas do comunismo na sua fase senil,nomeadamente o empobrecimento e a corrupção generalizados.
O Kamarada aí da última foto dizia há tempos,a propósito do escândalo Freepot,que se o poder judicial estiver capturado pelo poder executivo não há solução,visto que o último emana do povo,deriva no fundo das forças representadas na "grande casa da democracia".
Temos pois que o Kamarada acha que devemos todos pôr olhos de boi e assistir às pilhagens dos seus correlegionários.
A propósito destes magníficos postes,acabei encontrando uns livrinhos do tempo em que o Patriarca da corrup...democracia era marxista.
Nesse tempo o PS colocava nas suas sedes,ao dispor dos militantes alguma literatura para politização das massas.Entre eles figurava o tal que continha a ampola de marxismo que todos deveriam injectar.
O José acaba por me levar a evocar esses tempos de utopia e logro.
Eu até aplaudiria que o Louçã conseguisse acabar com as prisões, a justiça, etc.Talvez provasse depressa do seu próprio veneno...
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