segunda-feira, julho 27, 2009

O código genético do Bloco de Esquerda

Em 27 de Maio de 1989, Otelo Saraiva de Carvalho deu uma entrevista extensa, ao Expresso, na qual se "confessava" sobre os meandros da extrema-esquerda portuguesa, aquela em que o PCP aparecia como um partido moderado e de bom senso, afastado da luta armada para a conquista do poder pelos trabalhadores. A extrema- esquerda que recuperava fundos dos bancos e eliminava inimigos de classe, à bomba e a tiro. Uma extrema-esquerda desaparecida do mapa partidário, mas não esquecida pelos seus adeptos que então se encapuçavam para dar conferências de imprensa revolucionárias, imitando as Etas e brigadas vermelhas transalpinas.

Esta extrema-esquerda aqui citada na entrevista evoluiu ao longo dos últimos vinte anos e amalgamou-se no que é hoje o Bloco de Esquerda. Por isso, para entender o código genético do aparecimento desta esquerda que alguns apelidaram de caviar, sem ligações visíveis ao operariado ou aos trabalhadores de pá e pica, torna-se necessário ler esta entrevista de Otelo, há precisamente vinte anos.
A entrevista foi realizada no rescaldo da perseguição policial e judicial ao terrorismo das FP25 e que levou ao encarceramento de Otelo e ao cumprimento de pena de prisão.
Na entrevista, Otelo defende-se, dizendo que nunca foi das FP-25. No entanto, em dado passo, admite que havia promiscuidade entre elementos das FP-25 que simultaneamente pertenciam à FUP, numa "dupla militância" .
Este fenómeno nunca foi devidamente escrutinado pelo jornalismo caseiro e livros ou artigos desenvolvidos sobre este assunto são tão clandestinos quanto o eram os membros das FP...
Vinte anos depois, a extrema-esquerda aglutinou-se no BE e por aí anda. Sem qualquer prurido ideológico. Até parece que a palavra democracia já aguenta bem o ápodo de "burguesa", deixando para trás o rasto popular.
Os tempos mudam e basta clicar para ler e perceber como mudaram.









































Questuber! Mais um escândalo!