Em 27 de Maio de 1989, Otelo Saraiva de Carvalho deu uma entrevista extensa, ao Expresso, na qual se "confessava" sobre os meandros da extrema-esquerda portuguesa, aquela em que o PCP aparecia como um partido moderado e de bom senso, afastado da luta armada para a conquista do poder pelos trabalhadores. A extrema- esquerda que recuperava fundos dos bancos e eliminava inimigos de classe, à bomba e a tiro. Uma extrema-esquerda desaparecida do mapa partidário, mas não esquecida pelos seus adeptos que então se encapuçavam para dar conferências de imprensa revolucionárias, imitando as Etas e brigadas vermelhas transalpinas.
Esta extrema-esquerda aqui citada na entrevista evoluiu ao longo dos últimos vinte anos e amalgamou-se no que é hoje o Bloco de Esquerda. Por isso, para entender o código genético do aparecimento desta esquerda que alguns apelidaram de caviar, sem ligações visíveis ao operariado ou aos trabalhadores de pá e pica, torna-se necessário ler esta entrevista de Otelo, há precisamente vinte anos.
A entrevista foi realizada no rescaldo da perseguição policial e judicial ao terrorismo das FP25 e que levou ao encarceramento de Otelo e ao cumprimento de pena de prisão.
Na entrevista, Otelo defende-se, dizendo que nunca foi das FP-25. No entanto, em dado passo, admite que havia promiscuidade entre elementos das FP-25 que simultaneamente pertenciam à FUP, numa "dupla militância" .Esta extrema-esquerda aqui citada na entrevista evoluiu ao longo dos últimos vinte anos e amalgamou-se no que é hoje o Bloco de Esquerda. Por isso, para entender o código genético do aparecimento desta esquerda que alguns apelidaram de caviar, sem ligações visíveis ao operariado ou aos trabalhadores de pá e pica, torna-se necessário ler esta entrevista de Otelo, há precisamente vinte anos.
A entrevista foi realizada no rescaldo da perseguição policial e judicial ao terrorismo das FP25 e que levou ao encarceramento de Otelo e ao cumprimento de pena de prisão.
Este fenómeno nunca foi devidamente escrutinado pelo jornalismo caseiro e livros ou artigos desenvolvidos sobre este assunto são tão clandestinos quanto o eram os membros das FP...
Vinte anos depois, a extrema-esquerda aglutinou-se no BE e por aí anda. Sem qualquer prurido ideológico. Até parece que a palavra democracia já aguenta bem o ápodo de "burguesa", deixando para trás o rasto popular.
Os tempos mudam e basta clicar para ler e perceber como mudaram.





