Em 1976, em pleno rescaldo do PREC e com uma Constituição novinha em folha para a elaboração da qual foi preponderante o papel de um então assistente de Direito, chamado Vital Moreira, membro do PCP, sabíamos que Portugal estava a caminho de "uma sociedade sem classes".
Talvez por isso, nesse mesmo auditório da Reitoria realizou-se nesse ano um evento que hoje em dia seria extraordinário: uma reunião de propaganda da OLP, a Organização de Libertação da Palestina, de Yasser Arafat, certamente convidado para o local, pelas "forças progressistas" de então, a verdadeira Esquerda comunista que não desaparece da cena política apesar de todos os acontecimentos dos últimos vinte anos.
Essa reunião, quase informal não fora a visibilidade de um mínimo de segurança, era aberta a toda a gente, incluindo por isso estudantes. Estive lá e recolhi alguns elementos da propaganda da OLP que guardei e são estes ( clicar para ampliar):

Nesse mesmo ano, uma "Comissão de alunos do 1º ano de Direito" publicou meia dúzia de páginas dactilografadas, nas quais explicava aos alunos o que era "O Direito e Luta de Classes", com todos os chavões marxistas-leninistas que então eram norma de ensino na faculdade de Direito de Coimbra em que a UEC preponderava. A primeira página desse texto seminal do comunismo, fica aqui e as outras estão guardadas para melhor oportunidade.

Alguns apoiantes desse texto, eventualmente subscritores do mesmo, no Sábado passado estiveram no mesmo local- Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra- e participaram na Assembleia do Sindicato do Ministério Público português.
O ambiente era obviamente diferente do de há mais de 30 anos, mas o espírito de uma boa parte dos participantes que votaram a adesão à greve geral, "por solidariedade para com os trabalhadores" não estranharia minimamente a retórica do texto apresentado.
Foi nesse ambiente de frentismo esquerdista que foi votada a adesão à greve geral e supondo mesmo que a maioria dos presentes não se reveja no comunismo, actual ou passado, foi mesmo assim arrastada para essa posição ideológica e de praxis concreta veiculada pela direcção.
A direcção do sindicato do MP, tal como o demonstrou no Sábado, pelo método, comportamento e discurso, está objectivamente aliada à Esquerda comunista, do PCP e do BE e das respectivas correias de transmissão como a CGTP, com incursões episódicas em alegrismos avulsos.
E por isso renega os princípios que devem regrar a conduta dos magistrados, publicamente e em associações: isenção político-partidária, independência perante facções políticas e distanciamento das lutas político-partidárias do momento.
No Sábado, a direcção do Sindicato dos magistrados do MP revelou objectivamente uma actuação de "pequeno partido político" como disse o PGR. E isso não só é triste como inadmissível.