segunda-feira, novembro 08, 2010

A direcção esquerdista do SMMP

Este é o auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra. Fica na cave de uma cantina, "das Químicas " e a funcionar há muitos anos, à volta de trinta e cinco, continuando a ser um edifício moderno.
Em 1976, em pleno rescaldo do PREC e com uma Constituição novinha em folha para a elaboração da qual foi preponderante o papel de um então assistente de Direito, chamado Vital Moreira, membro do PCP, sabíamos que Portugal estava a caminho de "uma sociedade sem classes".
Talvez por isso, nesse mesmo auditório da Reitoria realizou-se nesse ano um evento que hoje em dia seria extraordinário: uma reunião de propaganda da OLP, a Organização de Libertação da Palestina, de Yasser Arafat, certamente convidado para o local, pelas "forças progressistas" de então, a verdadeira Esquerda comunista que não desaparece da cena política apesar de todos os acontecimentos dos últimos vinte anos.
Essa reunião, quase informal não fora a visibilidade de um mínimo de segurança, era aberta a toda a gente, incluindo por isso estudantes. Estive lá e recolhi alguns elementos da propaganda da OLP que guardei e são estes ( clicar para ampliar):


Alguns dos organizadores e participantes da dita conferência de 1976 hoje em dia "andam por aí" em militâncias várias porque uma boa maioria nunca esqueceu nada nem nada aprendeu de novo.

Nesse mesmo ano, uma "Comissão de alunos do 1º ano de Direito" publicou meia dúzia de páginas dactilografadas, nas quais explicava aos alunos o que era "O Direito e Luta de Classes", com todos os chavões marxistas-leninistas que então eram norma de ensino na faculdade de Direito de Coimbra em que a UEC preponderava. A primeira página desse texto seminal do comunismo, fica aqui e as outras estão guardadas para melhor oportunidade.



Alguns apoiantes desse texto, eventualmente subscritores do mesmo, no Sábado passado estiveram no mesmo local- Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra- e participaram na Assembleia do Sindicato do Ministério Público português.
O ambiente era obviamente diferente do de há mais de 30 anos, mas o espírito de uma boa parte dos participantes que votaram a adesão à greve geral, "por solidariedade para com os trabalhadores" não estranharia minimamente a retórica do texto apresentado.
Foi nesse ambiente de frentismo esquerdista que foi votada a adesão à greve geral e supondo mesmo que a maioria dos presentes não se reveja no comunismo, actual ou passado, foi mesmo assim arrastada para essa posição ideológica e de praxis concreta veiculada pela direcção.

A direcção do sindicato do MP, tal como o demonstrou no Sábado, pelo método, comportamento e discurso, está objectivamente aliada à Esquerda comunista, do PCP e do BE e das respectivas correias de transmissão como a CGTP, com incursões episódicas em alegrismos avulsos.

E por isso renega os princípios que devem regrar a conduta dos magistrados, publicamente e em associações: isenção político-partidária, independência perante facções políticas e distanciamento das lutas político-partidárias do momento.
No Sábado, a direcção do Sindicato dos magistrados do MP revelou objectivamente uma actuação de "pequeno partido político" como disse o PGR. E isso não só é triste como inadmissível.

Questuber! Mais um escândalo!