A revista Tabu, do Sol, publica uma entrevista com António Lobo Antunes, o escritor da "geração de 60" que deu com os costados na tropa e nessa guerra. Ao contrário de alguns, corajosos "antifassistas", não fugiu para lado nenhum, nem se desobrigou de prestar o serviço militar.
Na entrevista, dá uma perspectiva precisa e focada sobre essa guerra e os efeitos que teve sobre muitos dos que a fizeram como militares.
" É uma pena mas ainda não se fez o grande livro sobre a guerra. Tem que ser muito mais que um romance, tem que ser um documento e não é para mim. Terá que ser feito com os olhos mais frios e ser feito falando com aquelas pessoas. O que tenho visto na televisão e nos jornais, não falam com os soldados, falam com as chefias. É preciso falar com os nossos soldados, que eram pessoas de uma coragem extraordinária. Os rapazes são extraordinários. Tropas de elite, por exemplo, os páras, todos pequeninos, magrinhos, aparentemente inofensivos, frágeis, mas de uma coragem extraordinária. Um oficial cubano mais tarde dizia-me isso, que éramos grandes soldados. Então compreendi porque é que fomos nós que fomos à Índia."
Ora bem. Aqui está uma perspectiva que ainda não foi colocada em programas de tv ou livros. O que existe, aliás, é realizado por alguns que eram contra a tropa e a guerra, dum ponto de vista ideológico e de esquerda, obviamente. Heroísmo, patriotismo e coragem, são atributos de esquerda? Parece que não, porque o que vemos ouvimos e lemos, não podendo ignorar é o fraseado repetitivo de uma Esquerda que tomou conta dos conceitos e das palavras em 25 de Abril de 74 e nunca mais os largou, orientando todo o discurso nacional sobre o assunto a partir de então. É por isso mesmo que os antigos combatentes são quase ignorados e os que os combateram ideologicamente são incensados. Um mundo ao contrário que urge reverter.
Felizmente que aparece um Lobo Antunes que mostra o lado oculto da realidade que aqueles sempre obliteraram, principalmente na memória e acima de tudo no imaginário.
É preciso refundar esta história porque nunca foi devidamente contada. É o que nos diz Lobo Antunes nesta entrevista.
É preciso falar dos aerogramas e das madrinhas de guerra. Das comissões e dos milicianos. Das emboscadas e da fibra dos nossos soldados e principalmente perceber onde se formaram e como se formaram, na educação que tiveram e nos valores que levaram.
Não foi certamente no marxismo-leninismo, maoismo ou trotskismo. Muitos dos que foram lá parar, a esse Ultramar, aprenderam aí o que significavam esses nomes, levados pelos arautos do cancioneiro do Niassa e doutras tretas que influenciaram depois, em 25 de Abril de 74, o rumo dos acontecimentos que tivemos.
É tempo de reverter a ideologia dominante, rebuscando e repescando conceitos e valores que sempre foram os nossos e com os quais fizemos ver ao mundo o que somos como povo.
Felizmente que aparece um Lobo Antunes que mostra o lado oculto da realidade que aqueles sempre obliteraram, principalmente na memória e acima de tudo no imaginário.
É preciso refundar esta história porque nunca foi devidamente contada. É o que nos diz Lobo Antunes nesta entrevista.
É preciso falar dos aerogramas e das madrinhas de guerra. Das comissões e dos milicianos. Das emboscadas e da fibra dos nossos soldados e principalmente perceber onde se formaram e como se formaram, na educação que tiveram e nos valores que levaram.
Não foi certamente no marxismo-leninismo, maoismo ou trotskismo. Muitos dos que foram lá parar, a esse Ultramar, aprenderam aí o que significavam esses nomes, levados pelos arautos do cancioneiro do Niassa e doutras tretas que influenciaram depois, em 25 de Abril de 74, o rumo dos acontecimentos que tivemos.
É tempo de reverter a ideologia dominante, rebuscando e repescando conceitos e valores que sempre foram os nossos e com os quais fizemos ver ao mundo o que somos como povo.