quarta-feira, agosto 29, 2012

O sentido do serviço público de tv

Mais um exemplo do serviço da televisão pública ao longo dos anos. Tirado de um semanário efémero que se chamava Número Um, tirava 50 mil exemplares, dirigido por A. Duarte Ramos.

Aqui está a grelha da RTP dos dias 16 a 19 de Maio de 1986, acompanhada da da TVE e até de "alternativas". É a tv do tempo das telenovelas descobertas como rainhas absolutas do horário nobre do serviço público, sem contestação, mesmo em alturas de acontecimentos extraordinários. O sucedâneo do Simplesmente Maria, erigido em modelo de serviço público pelos mesmos que o criticavam no tempo. É ainda a tv do tempo do "Um , dois, três", depois da "Visita da Cornélia" e da "Prata da Casa"  (m com um Fernando Ribeiro de Melo iconoclasta como membro do júri)  que foram dois concursos da RTP que eventualmente não foram copiados de modelos estrangeiros, como agora se fazem, com todas as luzinhas em palco e uma escuridão completa de ideias inovadoras ou mesmo interessantes.
O único intuito nestas mostras, evidentemente, reside na descoberta do significado obscuro da expressão "serviço público" de tv.
A RTP por razões não muito bem explicadas parece ter uma missão predestinada, a de servir o público com programas que alguns, não se sabe bem quem nem como,  definem como sendo o tal "serviço público". Ontem,  um professor universitário, Alberto Souto Miranda, da FDUL, elencava noJornal de Negócios essas razões de serviço público. Assim:
"garantir a pluralidade de opinião, a diversidade de ofertas, a acessibilidade de propostas culturais marginais e minoritárias, de conteúdos educacionais, de desporto não futeboleiros, tudo o que o mercado não paga, mas a cidadania precisa e uma persistente iliteracia exige."
Aí ficam as razões de fundo do universitário para se gastar um milhão de euros por dia. Quanto à pluralidade de opiniões até dá vontade de rir, com os últimos exemplos das direcções de informação dos dois canais da RTP. De rir e de indignar ao mesmo tempo. A "diversidade de ofertas" é um verbo de encher, sem o dito. Sobre as "propostas marginais e minoritárias" a gente vê logo onde quer chegar. Evidentemente, a certas minorias que combatem as maiorias, a tradição e o costume em nome de um jacobinismo serôdio. Quanto aos "conteúdos educacionais", livre-nos nossa senhora do Amparo destes controleiros e sobre o desporto não futeboleiro já temos milhentos canais. A RTP não preenche actualmente nenhum dos critérios expostos e nunca irá preencher. Portanto, acabe-se com a maleita.
Em 1986, altura dos concursos e das séries americanas em lata Campbell, o serviço público contentava-se com esta grelha, absolutamente anódina segundo aqueles critérios. E era a única estação de tv. Hoje, em que a oferta televisiva corrente dos canais temáticos preenche aquelas exigências mínimas e as suplanta, há um universitário ( acompanhado de muitos do mesmo lado esquerdista, tipo bloco) que quer parar o tempo e rebobinar o interesse público segundo os critérios discutíveis de uma direcção com mais de cinquenta carros de luxo ao dispor e prebendas várias com regalias profusas que gastam o que têm e o que não têm para manter o mito em pé.
E se fossem bugiar?


Questuber! Mais um escândalo!