Recebido por correio electrónico, mas originário da Sábado e publicado no Abrupto ( porque é que este indivíduo não muda de título que me lembra sempre a expressão francesa da b.d, "abruti"?
O relatório da CMVM, publicado com atraso, revela a acumulação de cargos em sociedades por um pequeno número de pessoas, sempre as mesmas aliás. Não se trata só dos seus “donos”, o argumento que o homem dos 73 lugares deu para justificar que qualquer ideia de boas práticas na governança das sociedades não se aplica às “dele”, mas aos 17 que acumulam lugares cada um em mais de 30 empresas. A isso deve-se acrescentar o que todos os dias se vai sabendo sobre a entrada ou a circulação de pessoas na administração das principais empresas portuguesas, com relações próximas com o poder político, por singular coincidência sempre os mesmos. Entre consultoras, grandes escritórios de advogados, entidades reguladoras, governo, banca, empresas públicas, “comissões de aconselhamento” do governo, há uma circulação intensa de…sempre os mesmos.
Proença de Carvalho é um exemplo típico: advogado de José Sócrates, presidente do Conselho de Curadores da Fundação Champalimaud, presidente do Conselho de Administração da Zon Multimedia, membro da Comissão de Vencimentos do BES – um interessante cargo -, “chairman” da Cimpor, ao todo, só no mundo empresarial, 27 cargos. Proença de Carvalho, como muitos outros neste universo de “sempre os mesmos”, não é “dono”, mas amigo dos “donos”.
Competência? Nalguns casos sim, noutros não. Mas não é a competência o critério fundamental. É a confiança. Estes são confiáveis, são dos “nossos”, são dos “mesmos”. Já foram testados mil e uma vezes, no governo, na banca, na advocacia de negócios, no comentário político nos media, e mostraram que estão lá para defender sem hesitações, os “nossos” interesses. Confiança é a palavra chave nos “sempre os mesmos”.
Pacheco Pereira, o perorante da Quadratura do Círculo, síndico da correcção política dos blogs, não sabe quem é o advogado Proença de Carvalho?
Sabe, claro que sabe, mas faz-se desentendido. Então para relembrar aqui fica, com banda sonora:
Este indivíduo que figura acima, é uma das figuras do regime. Aliás, de todos os regimes, pelo lado oculto que enformam, no segredo de gabinetes forrados a silêncio.
O advogado Proença é da Soalheira, no Fundão. Foi funcionário público, incluindo polícia e magistrado do MP, até 1968, altura em que se tornou partner de Salgado Zenha, no caso da herança Sommer. Desde então, advoga em causas ligadas ao poder. Literalmente ou em procuração informal. Em todas as causas importantes deste país pequeno, Proença aparece destacado como advogado, conselheiro, reposteiro político, biombo de políticos ou defensor de vínculos políticos de fama periclitante.
Em todas as crises políticas importantes, recentes ou antigas, derivadas de escândalos, políticos, sexuais, sociais ou apenas criminais tout court, Proença aparece. Tal como agora. Em entrevistas de circunstância, a falar da vida, da concepção do mundo, do direito, da justiça e tutti quanti.
Os jornalismo caseiro, nessas ocasiões, como agora, sempre se prestou ao frete dispensável de lhe dar audição, para Proença esportular com oportunidade, a sua autorizada voz de advogado de currículo, geralmente em defesa dos entalados do sistema e do regime.
Foi no tempo das crises do poder cavaquista, com o jornalismo do Independente e com o caso Leonor Beleza e do ministério da Saúde, em que atacou a justiça e o ministério público em particular. Foi no caso Casa Pia em que se manifestou de modo ambíguo e chegou a defender as vítimas(!) Foi depois e é agora, como advogado de José S. em casos avulsos contra jornalistas.
Proença, a par de Marcelo Rebelo de Sousa e poucos mais, é um dos que atravessou os regimes de ditadura ( em que foi polícia e agente do MP) e passou para este regime democrático sempre em lugar de relevo social e político. É um dos conhecedores por dentro de tudo o que se passou à vista de todos e ainda conhece o que ocorreu nos bastidores, à vista de poucos. Foi um dos fundadores do Jornal Novo, em 1976, em oposição ao poder de esquerda comunista que se implantava.
Na política, aliás, sempre esteve, como aparatchick de bastidor, fosse como mandatário de campanhas eleitorais ( Freitas do Amaral e Cavaco Silva), fosse como ministro " da propaganda" no final dos anos oitenta e depois como propagandista-mor na RTP dos anos oitenta da AD.
Este pendor direitista, com o advento do poder socialista democrático, converteu-se em adesão ao bloco central de que será talvez o seu representante mais repelente e apenas com outro companheiro de perfil: José Miguel Júdice.
Esta associação ao poder político abre portas de proveito, naturalmente, e Proença sabe tocar baixo, com parceiros de guitarra como Dias Loureiro.
Ah! E já esquecia: é amigo do que está aqui em baixo.
2 comentários:
na Soalheira conheci o pai a ganhar a vida a vender dinamite.
a sua ligação ao ps é antiga. há cerca de 30 anos possuía um escritório próximo do Sheraton onde tinha Godinho de Matos, fundador do ps e maçon, como associado. suponho que esta dupla se não desfez, antes se consolidou.
a porca da política, mencionada por Boralo, só tem tetas para alguns.
Jovem!
Neste verão, presta um grande serviço ao teu país:
Inscreve-te na Universidade de Verão do PSD.
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