A revista francesa Geo Histoire na edição de Dezembro 2015-Janeiro 2016 dedica o número à África no tempo das colónias e em subtítulo " da conquista francesa às independências 1850-1960".
No que ao caso importa, em 1958 De Gaulle, o herói francês da IIGMundial regressou ao poder e alterou a política africana da França.
Fez um referendo em todas as colónias e pediu um sim ou um não, inequívocos à manutenção das "possessões " enquanto comunidades ligadas à França. A Guiné francesa disse logo que não e foi logo o primeiro país africano e francês a tornar-se independente, sem mais.
Os restantes disseram "sim", mas ao longo dos anos seguintes foram-se arrependendo. No fim de 1960 a tal Comunidade franco-africana desapareceu no mapa.
Esse mapa que a revista publica é muito interessante pelo que revela e em Portugal, nos últimos 40 anos não me lembro de este assunto ser tratado assim nos media tradicionais. Além de uma detalhada configuração das "colónias" ( as da França estão e cor marron) aparecem os seus principais recursos naturais.
E a explicação da revista para a política francesa em África naqueles anos:
Na sua biografia de Salazar, Franco Nogueira relata a fls. 57 do Vol. V que na altura em que De Gaulle foi eleito, o novo embaixador de Portugal ( António de Faria) na capital francesa ao apresentar as suas credenciais recebeu de De Gaulle a declaração de que " A França e eu próprio admiramos a obra exemplar que Salazar realizou e realiza para bem do seu país e de todo o mundo". Tal e qual.
Porém, em Portugal, Salazar tinha uma visão completamente diversa do problema africano e a política africana de De Gaulle, bem como a política que conduzia em França, contra as "direitas", suscitava muitas reservas por cá, conforme escreve Franco Nogueira. Em 1961 essa visão particular deu os seus frutos: a guerra no Ultramar.
Salazar sobre África, nesses anos antes do eclodir da guerra, pensava assim, segundo Franco Nogueira, na obra citada ( págs 136-137):
Quem tinha razão? De Gaulle ou Salazar? O tempo o veio a dizer...