domingo, novembro 15, 2015

Em grande e à francesa

A França é um país que muito nos influenciou pelas ideias que os seus intelectuais foram produzindo, particularmente na segunda metade do século XX.

Até há poucos anos, o francês era língua ensinada nas escolas secundárias de tal forma que era a nossa segunda língua nos meios instruídos.
Há cerca de duas décadas o panorama modificou-se e o inglês assumiu essa posição, o que já é notório nas novas gerações que assim perdem um manancial de informação que poderiam ler no original e não têm alternativa nem sequer parecida.
A ignorância histórica é tamanha que até mesmo os neófitos do comunismo não sabem o que foram os gulag ou o que significaram os processos de Moscovo. São assuntos menores que os oliveiras que matraqueiam ideias feitas no comunismo desprezam porque não estão gravadas na cassete que usam para consumo interno.  

À míngua de estudos de origem nacional sobre assuntos de actualidade com interesse, torna-se quase obrigatório continuar a ler o que se publica no estrangeiro, particularmente em França onde existe público e editoras capazes de tal produção para o grande público e fora das universidades em teses de mestrado e doutoramento. 

Nos últimos meses, os franceses publicaram as seguintes revistas com interesse para os assuntos que temos em mão resolver,  em escolhas eleitorais: compreender melhor o comunismo e perceber o que se passa no Médio Oriente.

A revista L´Histoire pertence a um grupo que também edita a Magazine Littéraire, há várias décadas e sempre interessante e actual.

Em Outubro de 2007:


E em Novembro de 2015:



Os números especiais de tal revista mostram o que por cá não temos. Neste número de Outubro deste ano e por meia dúzia de euros fica a saber-se tudo o que é preciso para compreender os actuais imbróglios no Medio-Oriente:



 A mesma editora publica regularmente a revista Historia, igualmente com interesse. O último número explica o que foi o reinado de Luís XIV e a loucura grandiosa do palácio de Versailles que influenciou a nossa época de reis e reizinhos de Vila Viçosa e Queluz.


Outra editora Philo Magazine, publica Philosophie magazine cujos números recentes dão a conhecer o que alguns comunistas nem querem saber que existiu: um pensamento que concluiu que o comunismo morreu na forma que o PCP ainda reveste: o marxismo-leninismo. Por cá, tal espectro é visto como lenda viva, apesar de embalsamado e totalmente fossilizado, como o cadáver do tal Lenine...

Sobre o estalinismo, a revista Paris Match publicou este mês um número especial a propósito de uma série televisiva de grande divulgação que irá passar em breve ( as tv´s portuguesas não devem estar interessadas...):



Porém, o assunto Estaline é fenómeno que não é de agora. Já em 1988, em plena perestroika que o PCP detestou e de que nunca se recompôs, se falava no assunto. Com uma profundidade que por cá nem o pseudo-intelectual que colecciona parafernália política e papeis velhos, Pacheco Pereira, jamais conseguiria, apesar do arquivo morto que tem na Marmeleira.


No deserto intelectual dos nossos media, infestado de bactérias ultra-resistentes a estes factos históricos que em França são banais e aqui passam por novidade reaccionária e até fascista, temos o resultado: uma patética "união de esquerda" com o pior que o comunismo produziu, disfarçado de patrioteirismo para papalvo ver e um partido socialista separado de uma matriz histórica de combate a esse espectro comunista fossilizado.

Vai dar muito mau resultado.

Questuber! Mais um escândalo!