terça-feira, junho 21, 2016

Eduardo Paz Ferreira e as auditorias à CGD

Segundo se conta aqui, para entalar o anterior governo de Passos Coelho:

"O Ministério das Finanças recebeu ao longo do ano passado relatórios trimestrais da Caixa Geral de Depósitos (CGD) a alertar para um conjunto de créditos problemáticos que mereciam “particular atenção”, devido às imparidades que poderiam causar ao banco público. 

A informação está num relatório da comissão de auditoria da CGD relativo às contas de 2015.

A comissão de auditoria é o órgão da CGD responsável pela fiscalização da contabilidade e das práticas de gestão do banco. Exerce uma função de controlo sobre os actos da administração e os riscos assumidos pelo banco.

Presidida pelo advogado Eduardo Paz Ferreira, uma das suas tarefas é avaliar os relatórios do auditor externo da CGD, a Deloitte, e enviar depois o seu próprio relatório à tutela no governo, a cada trimestre.

Segundo indica a comissão de auditoria, uma averiguação da Deloitte no ano passado identificou um conjunto de empréstimos de risco que poderiam causar imparidades adicionais. E essa informação foi comunicada ao governo nesses relatórios trimestrais."


Segundo se conta aqui e o i parece ter dificuldade em ir ver...Eduardo Paz Ferreira foi  presidente do Conselho Fiscal da CGD SA, de 2007 a Julho de 2011 ( saiu porque foi extinto o lugar), para além de outras presidências, assessorias e advocacias de ajuste directo.

Um presidente de conselho fiscal da CGD servia para quê? Para estar ao lado da Administração, num modelo antigo de gestão. E por isso recebia em modo chorudo, vencimentos de alto gabarito que a função pública não cheirava sequer.

Eduardo Paz Ferreira viu alguma coisa nesses anos todos que esteve à frente do Conselho Fiscal e ao lado de Santos Ferreira e Armando Vara até 2008 e depois disso, com a inspecção ás contas da instituição, particularmente aos empréstimos e créditos sui generis ( Vale do Lobo, por exemplo?).

Paz Ferreira ouviu falar disto, no seu devido tempo e na altura em que era convidade frequente da Lourenço da SIC-N para comentar o par de botas habitual?
 
Ao longo do documento, Garcia Pereira refere a «reiterada manutenção da impunidade»» e acusa a actual administração de ter «ocultado» à secretária de Estado do Tesouro (Maria Luís Albuquerque, que tutela a CGD) os vários «indícios de crime» denunciados, bem como várias informações vindas a lume em 2008, num relatório interno.
No documento – enviado à procuradora-geral da República, ao primeiro-ministro, ao ministro das Finanças, à referida secretária de Estado e ao director da Polícia Judiciária -, Garcia Pereira enumera várias situações em que aqueles responsáveis estiveram envolvidos. O documento foi enviado para o DIAP, onde já correm outros inquéritos sobre os factos participados pelos trabalhadores em litígio com a CGD.

Aparentemente não viu, não ouviu e não falou. Como aqueles macaquinhos da lenda. Apesar de tudo vir num "relatório interno" da CGD em 2008, altura em que era presidente do conselho fiscal da dita e ter o vencimento correspondente...

Paz Ferreira é casado com a actual ministra da Justiça que durante esses anos todos foi Procuradora-Geral Distrital de Lisboa, responsável directa pelo DIAP.

Por estas e por outras, o inquérito parlamentar vai ser lindo. Ai vai, vai.

8 comentários:

lusitânea disse...

Para os amigos tudo...

Floribundus disse...

provérbio
'há um modo de fugir que se assemelha a procurar'

in itinere asinus

Unknown disse...

Com a quadrilha súcia a controlar aquilo que passa por "governo" - sobretudo, no caso vertente, o ministério da "justiça" - alguém acredita que o caso vá a bom porto?...

majoMo disse...

> "Um presidente de conselho fiscal da CGD servia para quê? Para estar ao lado da Administração, num modelo antigo de gestão. E por isso recebia em modo chorudo, vencimentos de alto gabarito que a função pública não cheirava sequer."

Nada de novo no Reino da Dinamarca...

Já Fernando Pessoa trucidava os Conselhos Fiscais:

• "O que se faz entre nós? Elege-se um Conselho Fiscal de pessoas de probidade e incompetência e, é claro, de pessoas em magníficas relações de amizade com a Gerência, e portanto com toda a confiança nela. Em resumo: o melhor fiscal dos actos de alguém é um amigo incompetente. É ou não uma comédia?"

• "Há mister, pois, que deleguem [os Sócios] em alguém a fiscalização que nem podem, nem em geral sabem, exercer. Delegá-la em Conselhos Fiscais equivale a delegá-la em ninguém, ou a delegá-la na própria gerência a fiscalizar."

Os 'Eduardo Paz Ferreira' são uns artistas...

> "Aparentemente não viu, não ouviu e não falou."

Além de Garcia Pereira:
Notícia de 2012: «Nogueira Leite saiu da CGD em divergência com gestores do banco - O administrador que pediu a demissão não concordava com a gestão de José Matos, que não enfrentou as denúncias de alegados ilícitos criminais que vêm da década passada.»

lusitânea disse...

Quem está com o poder come.Quem não está cheira...
É interessante ir ver como as nossas democratas famílias se repartiram pelas alternativas...

josé disse...

A "arte" dessas pessoas, sempre muito competentes e impolutas é a nossa desgraça colectiva.

josé disse...

A verdadeira "arte" dessas mesmas pessoas é ganhar muito dinheiro de modo insindicável porque legal.

Isso é que se torna a verdadeira arte porque ganhar muito dinheiro com toda a legalidade é muito difícil...

Certos professores universitários são mestres nessa arte porque em terra de cegos quem tem olho é rei.

Floribundus disse...

José
ao colocar o dedo na ferida
infectou-a
vai gangrenar

O Público activista e relapso