A deputada Mariana Mortágua tem 30 anos e é uma das herdeiras serôdias de um PREC que se julgava morto e enterrado algures no tempo em que a mesma nasceu, depois das FP25 terem sido desmanteladas, com um rasto de uma dúzia de mortos à ilharga ideológica.
A filha do velho pirata Mortágua comunga dos mesmos ideais de antanho e por isso recupera velhos temas sobre a "igualdade" e a luta política para lá chegar. Agora tem sido no Parlamento em parceria com a Geringonça, porque a memória histórica é curta e há pouco quem conte essa História às crianças e a lembre ao povo.
A filha do velho pirata é por isso uma militante de um neo-prec que procura retomar as ideias passadas dos gloriosos anos do tempo em que "tudo era possível", mesmo as bancarrotas sucessivas, fruto natural dessa ideia peregrina.
Não é mistério algum que o BE onde milita tem uma ideologia inequívoca, segundo o seu pregador mais em voga, Francisco Louçã:
"O
BE é um movimento socialista ( diferenciado da noção social-democrata,
entenda-se-nota minha) e desse ponto de vista pretende uma revolução
profunda na sociedade portuguesa. O socialismo é uma crítica profunda
que pretende substituir o capitalismo por uma forma de democracia
social. A diferença é que o socialismo foi visto, por causa da
experiência soviética, como a estatização de todas as relações sociais. E
isso é inaceitável. Uma é que os meios de produção fundamentais e de
regulação da vida económica sejam democratizados ( atenção que o termo
não tem equivalente semântico no ocidente e significa
colectivização-nota minha) em igualdade de oportunidade pelas pessoas.
Outra é que a arte, a cultura e as escolhas de vida possam ser impostas
por um Estado ( é esta a denúncia mais grave contra as posições
ideológicas do PCP- nota minha). (...) É preciso partir muita pedra e em Portugal é
difícil. Custa mas temos de o fazer com convicção."
Há 40 anos, em finais de 1976, um dos cantores do PREC, Júlio Pereira, publicava um álbum de canções pop, notável e que se chama Fernandinho vai ao vinho.
Um dos temas é bem explícito da utopia que os anima, desde sempre: a ideia de igualdade associada a luta de classes. Tal e qual o que a filha do velho pirata defende no seu íntimo revolucionário de reminiscências paternas.
O refrão da cançoneta "Quando o medo é confessado" ( não foi a fuga ao medo o que a mesma apelou, junto de um PS desmemoriado?)
"Foi contigo que aprendi
que modificar as coisas
Ou que transformar a vida
Acontece de verdade
quando se sente no peito
aquilo que não se sabe
o que é e donde vem,
mas dá força e coragem
para poder gritar aos homens,
aos que vivem na mentira
aos que vivem sem viver
que a luta pela igualdade
é o que me faz viver"