Eduardo Lourenço, o professor jubilado de universidades francesas e filósofo encartado em Portugal há décadas, pelos media de esquerda, concedeu mais uma entrevista extensa, desta vez ao Público que é uma espécie de herdeiro do velho O Jornal onde o então professor escrevia de vez em quando as prosas adequadas à situação.
Ed Lourenço tem sido figura muito marcada por aqui et pour cause.
Na entrevista de hoje, o filósofo que nunca existiu, Eduardo Lourenço, fala de tudo um pouco do modo habitual: aproveitando os fait-divers para os enfatizar de filosofias peregrinas, como sempre. Hoje são os incêndios, vistos como tragédias, o futebol encarado como batalha e até o próprio governo apresentado como grande solução política quiçà de génio e capaz de "resolver democraticamente os conflitos que uma nação moderna tem de encarar". Depois, a talhe de foice aparecem as proclamações grandiosas sobre a Literatura, a Arte, a Música e o diabo a sete que nunca evita e empestam sempre os seus escritos.
Este Lourenço sempre me pareceu um completo bluff, mas enfim. Acaba a entrevista a dizer que "gostava de acabar os dias reconciliado com o mundo, e sobretudo saber que mundo foi este que vivi e o que é a vida. Sei disso tanto agora que tenho quase cem anos como quando tinha dois".
Pois bem, o que me parece é que Lourenço nunca aprendeu nada e pouco esqueceu. Vejamos por isso como passou os últimos 40 anos, a tentar aprender o que era a vida.
Em 1976 escrevia no tal O Jornal coisas como esta que foram recolhidas num livrito intitulado "O fascismo nunca existiu", uma obra publicada com gáudio pela esquerda carente de afectos.
Um artigo de meia dúzia de páginas, publicado originalmente no O Jornal Novo em fins de Janeiro de 1976 e no rescaldo da derrota da Esquerda comunista no 25 de Novembro de 1975 e que defende a ingenuidade do grande Otelo, contra o cinismo do então articulista Marcelo Rebelo de Sousa, que agora louva circunstancialmente.
Lourenço nunca se enganou no vento que sopra, para o lado do poder em Portugal e parece ser essa a filosofia que nunca lhe permitiu compreender o mundo e a vida.
Em 9 de Abril de 1976 no O Jornal, voltou ao tema do fascismo que teria existido em Portugal, citando profusamente Salgado Zenha, um advogado de Braga, do reviralho e ressabiado socialista que ajudou a implantar esta democracia que agora existe.
"O 1º de Maio de 1974 foi a grande festa da liberdade e da libertação e, como todas as festas, teve o seu lado exorcista de banho lustral." , escrevia então o filósofo agregando na Esquerda comunista e socialista todo o sentido da sua democracia.
E é disto que a casa Lourenço gasta e sempre gastou. Um filósofo de esquerda nunca chegará ao céu que lhe permitirá compreender a vida e o mundo porque a Realidade é outra coisa. Quem não entende isto, nunca entenderá patavina do que o rodeia. Quem lhe dá voz, replica-lhe o tique e patinha no mesmo charco, como é o caso notório do Público do Dinis, Dinis, alguém assim quis.
Em 4 de Junho de 1980, o filósofo que nunca existiu escrevia sobre o mesmo fenómeno recorrente da Esquerda política e da encruzilhada histórica em que se encontrava em Portugal: optar por um socialismo como destino nacional, mas sem o ferrete totalitário e principalmente sem o labéu das "criadas de quarto da burguesia" que eram as sociais-democracias, no dito de Lenine.
Em 1980, Lourenço queria um socialismo à moda de uma geringonça, a funcionar em paradoxos. Isto, um filósofo?
Mais uma vez, Lourenço, na figura de utópico se equivocou. E passados mais de 40 anos continua na mesma. Não há dúvida, assim: nada aprendeu e nada esqueceu.
Um filósofo, este Lourenço? Talvez, do género dos que só sabem que nada sabem porque nunca nada souberam efectivamente.
19 comentários:
Este ceroilas cagadas, filósofo nas horas vagas, peralvilho (ou peralvelho) afrancesado, tão entendido na língua, alma e psicosociologia lusitana teve o descaro de não ser capacitado a ensinar a língua de Camões aos seus filhos e herdeiros, o que qualquer emigrante luso, pedreiro e analfabeto faz (ensinar a língua paterna), não se esquecendo, todavia de receber e aferrolhar os euros do prémio Camões (a bom recato quiçá no Credit parisienne) dos euros correspondentes ao dito prémio, com que os autóctones deste eucaliptal (queimado) á beira mar plantado o brindaram
Tipo Mr Chance?
Ahahaha!
Um palerma
Um palerma escolhido por aquele vituperado Marcelo, como conselheiro de Estado. Isto diz mais de Marcelo do que do dito Lourenço.
Deve ser por causa dos afectos de que falava Silva Pinto. Ainda ando a pensar nisso e a reler o que o indivíduo escreveu que me parece criptográfico e estranho. Muito estranho mesmo.
Ai sim? Fiquei curiosa.
deve ser primo do
'melena e pá'
José: já estou como a Zazie, mas no meu caso muito curiosa mesmo... Não podia ser mais específico? É que não sei se vou comprar o livro. Pelo menos pra já não.
São cogitações, apenas. Mas quem quiser ler, são apenas algumas páginas. Uma dúzia, sobre esse assunto específico.
A conclusão é apenas no sentido de o visado carecer de muito afecto. A questão no entanto é saber porquê e parece-me que há alia algo psicanalítico que não entendo muito bem. Julgo que o autor também não quis ser específico e deixou pistas.
E entretanto abasteci-me de banda desenhada: Tilieux, Hermann, Paul Cuvelier, Bob de Moor, velhíssimos Spirou dos anos sessenta, etc. Tudo a preço de saldo.
Em Paris não há tanta e tão boa.
Hoje fui ver o Valerian com a família — nem queria ir, mas gostei do filme. Para entreter é óptimo.
Valerian...não gosto por aí além. Nem sequer quando apareceu no Tintin, na versão original. Não aprecio o desenho de Mézières.
Se fosse Moebius...
Por falar em Moebius, o José já viu um filme-documentário chamado "Jodorowski's Dune"?
Não, mas acompanhei na altura ( em 1980 ou antes) a colaboração de Moebius na feitura dos cenários de Dune, a par do suíço Giger). Quanto a Jodorowski é um dos argumentistas de algumas histórias fantásticas publicadas na Métal Hurlant, em parceria com Moebius na saga do Incal.
Isso é que deveria passar a filme, se fosse possível. O aspecto gráfico da história ganharia com as modernas técnicas de cinema sintéctico com paisagens ainda mais fantásticas do que as criadas por Moebius.
A saga, por outro lado, é uma glosa do Genesis. E pela primeira vez via a face de Deus desenhada por Moebius e que me impressionou muito.
Então veja porque vai gostar.
Foi na sequência do projecto Dune que eles começaram a colaborar.
O Jodorowski diz o mesmo que o José.
É este: http://www.imdb.com/title/tt1935156/
Podiam perfeitamente passá-lo a animação porque eles fizeram o storyboard todo, desenhado pelo Moebius.
Vi o trailer e algumas imagens, desenhadas por Moebius e Giger já as tinha visto publicadas na Rock&Folk dessa altura ( 1980?) Vou procurar.
Na altura era essa a única fonte de informação. Hoje há a internet e até filmes que se podem ver. Fantástico.
Porém, todo esse imaginário gráfico começou na bd. ai por meados dos 70. Com Druillet, Giger, etc. Giger é o autor da capa do lp dos Emmerson Lake and Palmer, de 1973, Brain Salad Surgery
Afinal o artigo na Rock&Folk, com7 páginas é de Maio de 1976!
Está lá tudo e tem desenhos de Christopher Foss e entrevista com Jodorowski e Moebius sobre o filme. "Le tournage commencera en Septembre; il va durer six mois, mais il y a des années que je le prépare", dizia então Jodo...
Suponho que depois, já nos oitenta, a revista Métal Hurlant pegou no tema outra vez. Como as tenho todas vou espreitar.
Por acaso também não gosto muito do Valerian… quando li não gostei muito. Acho que agora gostaria mais, deve ser uma coisa de idade. O Tintin era dos 7 aos 77 e tinha muita coisa que um miúdo de 12-14 não gostava, ou entendia mal. E esse tipo de desenho menos "perfeito" era uma delas.
E maije um daqueleje misteriojitoje da coisa luja...algunje ate pareche que nachem com
o cujinho virado para a lua...ele e poetaje ,chineastage , pintorege ,arquitectoje e
pajeme-che , ate filojofoje...
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