segunda-feira, julho 24, 2017

O renovável Marques Mendes

 Observador:

O antigo líder do PSD Luís Marques Mendes defendeu que o PSD devia ter retirado o apoio ao candidato do PSD à Câmara de Loures, André Ventura, que tem estado no centro de uma polémica depois de declarações sobre a comunidade cigana, e diz que este nunca deveria ter sido candidato, não pelos comentários considerados racistas criticados pelos restantes partidos, mas por ter sido comentador de futebol numa televisão portuguesa.
No seu habitual espaço de comentário na SIC, Marques Mendes confessou que gostaria que o PSD tivesse tomado outra decisão quando, depois das declarações do candidato e de o CDS-PP ter decidido sair da coligação em Loures, manteve o apoio ao candidato. “Gostaria de uma posição diferente”.

 Este gnomo do ambiente mediático, desde há uns largos anos habituado às altitudes dos vários areópagos da politiqueira nacional, agora dá palpites na TVI, em substituição do professor Marcelo, o "bispo" que nunca foi e que anda a procura de algo que o antigo governante de Marcello Caetano, Joaquim Silva Pinto, explicou agora num livrito ( 159 pgs) à venda por aí.

Entre os palpites avulsos que expende como se fosse um oráculo, sinal da politiqueiro-dependência das tv´s nacionais, surgiu agora este sobre o candidato do PSD a uma câmara municipal.

Marques Mendes é Conselheiro de Estado. Antes disso foi governante de Cavaco e quando acabou a tarefa o industrial e comercial Belmiro de Azevedo disse que nem o queria para porteiro dos seus supermercados, o que atesta bem a categoria profissional do dito. Na altura disse que iria para a advocacia, sabendo-se que o pai tinha escritório em Fafe. Parece que foi, mas não para essa comarca longínqua do poder. Ainda antes disso, em tempos que já lá vão, o Independente meteu-se com ele e com o então colega Joaquim Nogueira por causa de uma casa geminada que ambos mandaram construir na linha de Cascais. As contas das facturas não batiam certo e alguém bufou por causa do cargo que ocupavam. Tudo ficou em águas de bacalhau mas não esquecido.

Depois de dizer que ia para a "advocacia" meteu-se "nas Renováveis" no tempo do Inenarrável e alvitrava um futuro radioso para os projectos nascentes que se multiplicavam com milhões, emprestados por qualquer banco. Qualquer banco? Não propriamente, porque estava lá o BES. E isso deu que falar em certa altura, mas este gnomo tem artes de se escapar de sarilhos como poucos.  "Não é nada comigo"...disse, fazendo-se ainda mais pequenino, como o "pequenu" dos livrinhos da minha infância.

Portanto os sarilhos não foram apenas esses, mas ainda estas vergonhas inauditas num conselheiro de Estado. Porém, este gnomo safa-se sempre e lá vai continuando o percurso de komentador que quer chegar a outro lado qualquer neste país de parolos que dá importância a estes frequentadores do  "país dos gigantones que passeiam a importância e o papelão, inaugurando esguichos no engonço do gesto e do chavão", como dizia O´Neill, referindo-se aos antigos colegas de poder do referido Joaquim Silva Pinto...

As pessoas já nem se lembram disto, quanto mais daquilo...


E é este gnomo que julga ter a autoridade moral e política para criticar o advogado Ventura que não tem qualquer lastro de poucas-vergonhas à mostra como o dito ostenta.

Se fosse ao advogado Ventura lembrar-lhe-ia publicamente estes feitos e exigiria que o mesmo fosse corrido do Conselho de Estado porque até envergonha quem representa.


Quanto ao livrito de Joaquim Silva Pinto que se lê em pouco tempo ( uma hora?) vale a pena ler as últimas 35 páginas sobre as "carências e afectos" do tal "bispo" que nunca chegou a ser e que se incubou em Marcelo Rebelo de Sousa, actual presidente da República que é quem respalda politicamente o aludido gnomo.

JSP foi governante de Marcello Caetano e não abjurou a antiga companhia, tendo apenas passado para o lado oculto da lua maçónica em companhia do seu "amigo fraternal" João Cravinho. O seu conhecimento da realidade política nacional, porém, merece atenção e leitura e no outro dia ( Sábado no jornal da TVI24 com Henrique Garcia disse umas coisas com muito interesse e que denotam que vale a pena falar com o homem. Tem boa memória e conhece os personagens pitorescos da actual cena política nacional.  O que escreve sobre o "bispo" é um pouco criptográfico e procura dar um retrato psicológico da personagem.
Quem quiser saber porque razão Marcello tem actuado do modo que se vê, com distribuição de afectos a torto e direito,  deve ler essas poucas páginas do livro em que o autor expõe a sua opinião   acerca dessas razões. Por mim não concordo muito com tais razões, porque demasiado redutoras e psicanalíticas.

Para mim que acompanho a personagem mediatizada há décadas, com particular atenção aos artigos de Artur Portela Filho na antiga Opção ( 1976) é mais outra coisa que julgo que o mesmo partilha com outra personagem da vida política do cavaquismo de antanho, Leonor Beleza. Mas essa coisa é demasiado prosaica para escrever aqui, comum a muita gente e a caridade me impede do o fazer.

Questuber! Mais um escândalo!