sexta-feira, maio 22, 2020

A Direita será salazarista ou nada será...

Um artigo de circunstância de uma Maria João Marques mestra em perfumes orientais e formada genericamente em "Economia", tendo lido umas coisas, escreveu por estes dias um artigo de página no Público sobre a China, perdão, sobre a Direita portuguesa.

O artigo começa assim: 

"Os leitores mais jovens do Público podem não acreditar,e, de facto, olhando para 2020, ninguém diria,  mas houve tempos em que a direita se esforçava por ser vista como não poeirenta. Quando cheguei aos bloges, as pessoas de direita tinham a azougada ambição de mostrar ao mundo que havia uma direita cosmopolita, que lia, viajava, escrevia, ia ao teatro e cinema, fugia a sete pés do salazarismo- juro!".

 E continua assado:


Em resumo, o que se lê é um requisitório sobre uma tal direita que deixou de o ser como a articulista entendia que era e se encostou a uma direita que a mesma entende que não deve ser. Portanto, uma direita peregrina que o entendimento da economista especializada em temas do Oriente capturou para vergastar retoricamente e com vírgulas em demasia.

Essa direita mítica, "cosmopolita", lia que se fartava as crónicas do Público e agora execra os escritos deste género; viajava para destinos e "Fugas" subsidiados pela "Cultura" e agora confina-se ao que o parco rendimento permite; escrevia artigos louvados pelo Pacheco Pereira e agora nem o pode ver pintado no jornal; o teatro e o cinema eram os divertimentos preferidos dessa direita mítica e agora não suportam as peças patrocinadas pela Catarina Martins, no seu círculo de giz caucasiano; quanto a filmes já estão todos vistos.
Essa direita que "fugia a sete pés do salazarismo" eclipsou-se nas fraldas do socialismo, tal como seria de esperar nessa lógica perversa e alimenta-se a subsídios de um Estado pródigo em repartir pelos seus filhos que têm como pai e padrinhos figuras ínclitas e perenes como um Mário Soares e agora um Marcelo que renega o outro que o afilhou.

Essa direita mítica e cosmopolita nunca foi "direita" mas dava muito jeito à esquerda de que a articulista faz parte, integrá-la no séquito de apaniguados do sistema que os mantém. Assim ficava mais composto o ramalhete de uma democracia que sempre se configurou oligárquica, uma contradição nos termos.

É só por isso que a direita que não se revê nessa prima convexa denuncia o "marxismo cultural" que afinal, como afirma implicitamente a escriba, nunca existiu.

A direita que não renega os valores primordiais não pode contemporizar com anti-valores e essa guerra cultural tem nesta articulista uma inimiga a abater. Salvo seja.
Mas fica clara a barreira onde se colocou: do lado da esquerda dos anti-valores que a direita, a que não renega Salazar, combate desde sempre.

Sem comentários:

25 de Abril: a alegria desolada