sábado, maio 16, 2020

O reality show da casa Cofina: jornalismo de sopeiras e casa de horrores

O CM de hoje é um mostruário do que vai mal na direcção e redacção do jornal, na ânsia do lucro fácil das vendas e audiências a subir na tv por conta da casa-mãe, do industrial de comunicação social, Paulo Fernandes, um émulo pindérico dos murdoch deste pequeno mundo. E tem concorrência à espreita na pessoa de um intelectual dos barcos turísticos a subir o Douro. Lá iremos.

O episódio de hoje da "casa" revolta ainda à pequena Valentina que morreu numa casa que agora é apresentada como se fosse a dos horrores.

O director da publicação, Octávio Ribeiro, patrocinador desta indecência obscena, impressa diariamente, escreve assim:


A primeira frase do escrito é: "uma criança é torturada até à morte pelo pai". E o adjectivo: "O monstro, em conluio com a mulher, tenta arrancar à menina detalhes de uma suspeita sexual."
E esta tirada que é mais obscena que as demais que serão fruto de uma ignara arrogância que se torna, ela sim, chocante: " O povo sente-se enganado. O povo insulta os criminosos" .
Este "povo" é a audiência da casa da Cofina, a dos crédulos nas histórias e narrativas que se apresenta diariamente no sítio.

Toda a croniqueta é um estenderetes de aleivosias que deveriam desautorizar qualquer pessoa a  escrever em jornais.
Este é mesmo o director- geral editorial do jornal e patrocinador-mor deste reality show que segue o mesmo script dos anteriores que aliás até cita: Pedro Dias, Rosa, os casos do dia acompanhados por este jornalismo de estrumeira.

Por fim ainda tem o topete de escrever a aleivosia final que reporta a "emoção nacional" que ajudou a implantar na casa mental das sopeiras intelectuais que habitam a audiência televisiva: " Esse Povo sabe o perigo da Justiça ser vingança".
É preciso ter lata para tanta lata!

Este director do jornal parte do pressuposto que os factos apresentados pelo jornalismo pente-fino consomem a realidade do que sucedeu na caso dos horrores: que o pai daquela menor torturou a filha e matou-a assim mesmo, a sangue-frio. Por isso é o "monstro".

Os factos foram assim apresentados nos media da Cofina porque é assim que suscitam a "emoção do país".
Outros factos, outras dúvidas, sobre o que se passou nunca autorizariam esta narrativa obscena, mas é esta que interessa a este jornalismo trash e por isso a perfilharam desde o primeiro momento dos directos televisivos. Nenhuma outra versão se lhe sobreporá, porque os desacreditaria e retiraria consistência ao "script".

Nem sequer as autoridades judiciárias ( polícias e MºPº) foram capazes de apurar até agora a realidade apresentada.
O máximo que conseguiram até agora imputar ao "monstro" foi a prática de um homicídio com uma culpa aferida a um dolo eventual que se traduz na circunstância de o autor saber ou poder saber que a sua actuação poderia provocar a morte e conformar-se com tal eventualidade. Fica afastada neste caso a hipótese de uma morte querida directamente, em modo assassino ou mesmo provocada de forma insidiosa e monstruosa, por omissão voluntária, após sessão de tortura.
Porém é essa a versão que corre na casa da Cofina para gáudio dos voyeurs de todo o tipo, mesmo os mais insuspeitos.

Ainda não se sabe exactamente ao certo o que sucedeu, qual o papel do rapazinho de doze anos que está em "choque" e com medo; qual a atitude mental do autor das agressões fatais logo que as mesmas ocorreram e qual o motivo concreto e preciso da morte da pequena Valentina.
Tudo isso carece de investigação, ponderação e análise lógica.
Explicar isto a este jornalismo não adianta porque tem lá um professor de direito penal que alinha no mesmo diapasão da casa que procura as audiências a este custo.

Tudo isso aconselharia sensatez na notícia, ponderação no uso de palavras e freio na ânsia de sensacionalismo. .Tudo o que a casa Cofina da responsabilidade daquele director Octávio Ribeiro não faz assumindo a meu ver um papel monstruoso e criminoso na destruição de reputações e manipulação de realidades.

Tal manipulação atinge pessoas que deveriam pensar melhor, raciocinar e questionar este poder informativo e que muitas vezes denunciam outros da prática de tais crimes sociais.

Este jornalismo é o mesmo que no mesmo jornal publica esta notícia que não tem o destaque de reality show porque o director Octávio deve ter pensado há meses que as notícias de violência doméstica eram contra-producentes para o prestígio da casa de horrores em que se transformou o jornalismo Cofina.

Uma mulher esfaqueou o marido. "Socorro, a minha mãe espetou uma faca no peito do meu pai", terá gritado o filho aos vizinhos, "completamente desesperado".  O morto, este sim assassinado a sangue-frio pela mulher, seria uma pessoa "sempre bem disposto e pronto para a brincadeira e que procurava sempre uma solução".
Cada um que tire as ilações sobre este tipo de jornalismo de balanças diferentes nesta casa de horrores dirigida por Octávio Ribeiro.


Só esta ausência de sensatez e jornalismo de horrores  explica esta crónica a todos títulos lamentável de Eduardo Cintra  Torres, pessoa que me habituei a respeitar muitas vezes.


Aqui está outro exemplo do modo como algumas pessoas ligadas a esta profissão se deixam manipular, em modo aliás semelhante noutros casos ( por exemplo no do juiz Neto de Moura). No Sol de hoje, José António Saraiva mostra a razão de nunca poder ser um bom director de jornais: ao contrário do que às vezes pretende fazer crer não passa de um "maria vai com as outras", neste caso.



Por outro lado há uma explicação mais comezinha e singela para esta obscenidade impressa todos os dias, a par de outras notícias de informação geral acerca de fait-divers. E aparece no mesmo jornal de hoje, numa crónica de um jornalista antigo que dirigiu uma Élan e outras publicações prestigiadas.
Com este jornalismo de casa de horrores, "no último domingo a CMTV bateu o recorde de audiência total ao alcançar- segundo a GFK- 3,2 milhões de espectadores"


Portanto está explicado ipso facto o interesse do investidor Mário Ferreira, o tal dos cruzeiros no Douro a bordo de barcos comprados a pataco, em regar outra árvore de frutos parecidos.
Já comprou um sinal de compromisso com uma entrada de 10 milhões de euros, no grupo rival, a Media Capital.
A activista Ana Gomes, virgem suta desta luta,  já anda de olho no indivíduo...numa guerra incerta e duvidosa.


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Megaprocessos...quem os quer?