Eduardo Paz Ferreira, advogado, professor de Direito fiscal, principalmente e desde 1977 ligado à FDUL e apaniguado do PS. Apaniguado porque dependente politicamente do partido de que já se disse também fundador, provavelmente em ligação a certas personagens vindas das ilhas açoreanas, como Medeiros Ferreira.
Enfim, o perfil do indivíduo já procurei traçá-lo há uns anos atrás e entre algumas coisas avulta esta que figurava numa entrevista de 2011.
"Em 2011 o Jornal de Negócios entrevistou este ramo dos Paz Ferreira, traçando-lhe um perfil que vale a pena ler, para entender a razão da sua proximidade ao poder executivo e até judicial e judiciário ( a escolha da actual PGR deve-se à sua mulher, ministra e cuja indicação para o cargo governativo deve muito ao marido).
"Eduardo Paz Ferreira é professor no IDEFF, Instituto de Direito Económico, Financeiro e Fiscal. “Não sou muito vaidoso, gostava de não ser, mas uma coisa que me orgulha é o trabalho que tenho feito na universidade”. É um catedrático heterodoxo. Do tipo de trazer Catherine Deneuve à liça quando pensa nas razões por que é de esquerda. Mestre da provocação. Não cita Marx uma única vez. Esteve sempre na esfera do Partido Socialista. Um dia, Eanes convidou-o para dirigir a informação da televisão pública. Amigo de Medeiros Ferreira e de outros açorianos. Nostálgico no ADN. É casado com a procuradora Francisca van Dunem, têm um filho de 13 anos. Pertence a uma geração que, segundo ele, traiu os seus ideais. Recusou a política. Mesmo que não goste da designação, é um homem de sucesso. Nasceu nos Açores há 57 anos.
Ainda se lembra do tempo em que foi chefe de gabinete de Medeiros Ferreira, 1976/ 77? Ou isso parece outra encarnação?
Não, lembro-me muito bem. Foi uma grande aceleração de ritmo de vida. Aos 23 anos não se era chefe de gabinete, muito menos no ministério dos Negócios Estrangeiros. Havia situações embaraçosas. Ter de chamar um embaixador de 60 anos e dar-lhe uma descompostura porque ele tinha feito qualquer coisa de errado. O tempo passa tanto que a maior parte deles estão reformados, e já não conheço a nova geração. Mas passei a interessar-me muito mais pelas questões de política externa e ainda tenho muitos amigos nesse meio.
O que é que aprendeu? Queria que trouxesse o oceano que viveu naquela experiência tão colada ao 25 de Abril.
Passei no jornalismo pela República. Não foram anos fáceis. Foi a transição para um mundo mais real e sujeito a regras.
Presumo que a relação com Medeiros Ferreira venha dos Açores. E não sei se a relação com a comunicação social não se faz via outro açoriano, Mário Mesquita.
Essa fileira açoriana. Hoje em dia, apesar de termos um Presidente da Assembleia da República que é açoriano, já desapareceu o mito do terrível lobby açoriano, uma espécie de máfia.
Desapareceu?
Avulta assim, desde logo uma ligação estreita, política e comprometida com o PS, começada nos Açores com Medeiros Ferreira continuada no Continente com o maçónico e socialista República e também na Luta de 1975, ampliada ao longo dos anos pelo habitual sistema de contactos ou de influências, sem que a palavra tráfico assuma qualquer relevância porque estas pessoas não a entendem assim e até se ofendem quando alguém lhe lembra as conexões, queixando-se amargamente de uma perda de rendimentos a que se habituaram, como agora o mesmo se queixa na última entrevista ao Sol desta semana.
"Este Paz Ferreira lamenta-se da sorte de o criticarem e lhe quererem mal, magoando-o, por andar a "trabalhar para o Governo", um eufemismo para significar que andou anos e anos a ganhar milhares e milhares de euros, possivelmente já na ordem dos milhões, com pareceres vendidos a preço de tabela a entidades públicas que se formos a ver poderiam muito bem ser atribuídos a outros da mesma profissão, o que significa que foi favorecido, objectivamente.
Legal e jacobinamente favorecido porque ganhou mais que outros como ele que nem sequer foram chamados a participar no bolo e mereciam tanto como ele porque a democracia é isso mesmo: o regime da igualdade de todos perante a lei. A atribuição de dinheiros públicos a particulares deve sempre acompanhar-se de total transparência legal e ética. A acumulação de contratos com entidades públicas, nestas áreas, é sempre demasiado sensível para que seja completamente inócuo o modo como são atribuídos, principalmente quando dependem apenas de escolhas pessoais e directas, como é o caso em muitos casos.
Por isso não é nada negativo que diga agora que depois de tal "campanha nas redes sociais" "toda a gente começou a ter medo de me procurar e achavam que isso traria riscos".
Esta frase é reveladora e fantástica: então se tudo foi feito de modo legal e irrepreensível de que teriam medo as "entidades"? Das redes sociais? Da publicidade negativa? Para quem? Riscos?! Riscos?!! Enfim, nem adianta comentar muito mais a não ser dizer que tal deveria suceder com inúmeros outros beneficiários do sistema de contactos que "procuram" os causídicos certos para os pareceres de sempre. Coimbra já era uma lição e Lisboa passou a ser também..."
Podem ter os seus méritos, como de facto os terão, mas há milhares de pessoas por esse país fora que também os têm e não têm isto que é público e já muito notório, para além do mais: em 2018 mais de duzentos mil euros de rendas, perdão, honorários, a troco de pareceres. em 2019 já vai com mais d e 300 mil.
Preside agora [ em 2019] a uma comissão qualquer, nomeado por uma tal Vitorino casada com o tal Cabrita, que fez figura de maluco na AR há uns anos, num episódio picaresco com o então governante Paulo Núncio ( tirava, desligava e mexia no microfone do dito) que mexe com muitos milhões, mas é pro bono. Enquanto esteve na CGD na comissão de auditoria nos anos de Vara e Sócrates não viu nada, de nada soube e se ouviu alguma coisa, já esqueceu. Será isto uma honra, para alguém que se tem como gente de bem?
Não acho nada."
Só mais umas perguntas, agora, sobre este assunto: o indivíduo não sabe quem é a Roseira e outros personagens deste PS? Não sabe o que foram certas pessoas do PS, nomeadamente Sócrates? Não sabe o que é a verdadeira corrupção que se instala através do sistema de contactos e se espalha como nódoas de azeite na sociedade e nas elites de que faz parte?
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