Hoje no Público a jornalista Ana Sá Lopes faz o obituário de Mário Mesquita que foi fundador do PS, jornalista, professor de jornalismo, (seja lá isso o que for) e cronista avulso de jornais, por essa ordem.
Esta Ana Sá Lopes é bem o exemplo e epítome do jornalismo que temos: medíocre, enviesado ideologicamente e incapaz de se reformar porque se sustenta a si mesmo num auto-convencimento inacreditável que só a estupidez alimenta.
Esta Ana Sá Lopes é uma das responsáveis pelo estado do jornalismo nacional, pelos papéis que desempenhou em vários orgãos informativos e sempre incapaz de captar mais um leitor que fosse, antes pelo contrário contribuindo para a falência generalizada desse tipo de jornalismo que é o autêntico nacional-jornalismo, parafraseando a expressão de um outro da mesma estirpe ( João Paulo Guerra, outro socialista democrático que inventou a expressão "nacional-cançonetismo").
Aparece neste obituário a homenagear o seu mestre-escola, Mário Mesquita, um fundador do PS e portanto jornalista e depois professor dos ditos, ensinando eventualmente o que sabia e aprendeu na escola da vida jornalística, até 1989, altura em que se licenciou em Lovaina, na especialidade e assim adquiriu diploma para ensinar em escolas públicas. E com tal "impulso" replicou o primeiro curso de licenciatura em jornalismo, em Portugal, aparecido em Coimbra, em 1993. Cegos a guiar outros cegos? Não sou capaz de dizer. Porém, a actual miséria intelectual do jornalismo nacional vem daí. E já tem os seus doutores e mestres e sei lá que mais!
Mário Mesquita veio dos Açores na fornada que também trouxe os Medeiros Ferreiras e Paz Ferreiras, todos do mesmo clube ideológico e político e que superintenderam no PS do tempo de Mário Soares. Todos unidos no republicanismo jacobino e de recendência maçónica. Podia ser pior ( se fosse o PCP a tomar as rédeas que dominou por alguns meses em 1975, por exemplo) mas foi isto que nos moldou o panorama jornalístico desde esses tempos em que a política de esquerda ferreteou o jornalismo, aviltando-o sem fim à vista.
A operação foi de tal envergadura e amplidão que praticamente dominou todo o panorama existente nos media nacionais, de há quase 50 anos a esta parte, tendo em conta que já se notava tal fenómeno muito antes de 25 de Abril de 1974.
Quanto a mim, dei por Mário Mesquita no longínquo ano de 1985, ainda o licenciado em Lovaina o não o era e apenas dirigia o Diário de Notícias, célebre matutino exemplo vivo do jornalismo nacional no que tem de melhor na isenção, rigor, profissionalismo e competência. Até lá teve um Saramago, imagine-se!, um prémio nóbel! Foi assim, por ocasião de umas célebres eleições:
Desde então nunca mais esqueci este Mário Mesquita, tão isento e perfumado de rigor profissional que estou certo depois ensinou aos seus alunos e futuros doutores e que até impressionava.
Aliás , em 2014 publiquei estes postal em que escrevi que o jornalismo que tínhamos (e continuamos a ter, cada vez mais, com esta catrefa de licenciados e doutorados a preceito nestas escolas de excelência supina) teve origem na esquerda.
E isso escrito por espanhóis...e como se mantém actual vou republicar o postal:
"Neste ano em que decorre a efeméride redonda dos 40 anos de 25 de Abril de 1974 já se deram aqui várias amostragens do ar do tempo que passou.
Hoje, publicam-se quatro páginas da revista espanhola Triunfo de 31 de Agosto de 1974, altura em que o país vizinho ainda vivia sob a sombra do franquismo que, ao contrário de cá, os espanhóis não apelidam de "fascismo". A não ser os comunistas, claro está. Por cá, os comunistas conseguiram implantar na linguagem corrente uma metonímia esforçada e passaram a designar o período do regime constitucional de Salazar/Caetano como "o fascismo". Praticamente toda a gente percebe, sempre que há referências ao "fascismo" que tal equivale a dizer regime de Salazar e Caetano.
O feito foi notável e único na Europa Ocidental e provavelmente a maior "conquista de Abril" dos comunistas e também socialistas que apadrinharam logo a designação, apesar de terem alguns "fascistas", vindos desse período, nas suas fileiras militantes.
Portugal teria muito a ganhar na desconstrução desta linguagem nefasta e celerada mas enfim.
As páginas da Triunfo de Agosto de 1974 ajudam a perceber a razão do fenómeno: os jornais, antes de 25 de Abril pertenciam quase todos a entidades capitalistas ( como agora, aliás), designadamente bancos. No entanto, as suas redacções compunham-se na generalidade de comunistas, cripto-comunistas e gente de "esquerda" tipo Baptista-Bastos ou Ferreira Fernandes, Maria Antónia Palla e uma miríade de outros que ainda emitem opinião na mesma frequência de onda.
Foram estes que moldaram o jornalismo nacional tal como o conhecemos e tal panorama já perdura há quase cinquenta anos. É obra.
As actuais escolas de "comunicação social" o que ensinam e quem são os seus professores? Gente de esquerda, antigos jornalistas que aprenderam com gente de esquerda e que mantém os traços ideológicos que lhe moldaram o espírito. Todos os dias em todos os meios de informação se vêem estas manifestações, desde as televisões do "militante nº1 do PSD" até aos jornais onde a dança de cadeiras só admite ideias cordatas com a ideologia dominante e o pensamento único prevalecente.
Basta ver as principais personagens que redigem notícias nas tv´s e as apresentam para confirmar o fenómeno. Basta ver os programas de tv mais consentâneos. O "5 para a meia-noite" é um bom exemplo do que mudou no tempo e nada se alterou de essencial na ideologia. O seus protagonistas de valor estão já a ser aproveitados para continuar o "regime" ideológico, com o sucesso que surge dos contratos de publicidade ( gatos fedorentos e quejandos) e outros exemplo se poderiam enunciar.
Toda a idiossincrasia dos media nacionais actuais já se encontrava em gestação há mais de quarenta anos, como escreve o repórter espanhol. Logo a seguir ao golpe de Estado de 25 de Abril de 1974 houve muito poucos "saneamentos" na imprensa, rádio ou tv que não era considerada porta-voz do regime, por uma razão prosaica e pouco referida: " a imprensa portuguesa era conservadora mas feita por jornalistas progressistas", segundo o resumo do esquerdista Fernando Cascais, à revista espanhola. Magnífica síntese de uma perfeição tradicional: pensar progressista dentro de um quadro tradicional que não se abandona é o ideal, porque permite a "evolução na continuidade".
Hoje em dia tal paradigma não existe e o que se vê é muito pior que naquele tempo. Ou não é?
No ano passado publicou-se um extenso laudatório em livro, de homenagem ao professor licenciado em jornalismo em Lovaina.
O índice dá-nos o panorama deste nacional-jornalismo:
Dos inúmeros artigos respigo um que me parece interessante pelo que revela. É de uma tal Ana Teresa Peixinho, uma das doutoradas na nova especialidade, de Coimbra que nestas coisas é sempre uma lição...e basta ler o texto para perceber de que tipo é: daquele que apresenta abstracts, citações em barda e bibliografia extensa de outros que se leram para debitar em name-dropping pour empater le bourgeois.
A essência disto? Descubra quem souber...a começar pela deliciosa caracterização da "personagem jornalística", a meu ver um achado.
A autora, doutorada em Comunicação Social explica-nos que "personagem" deriva etimologicamente de persona, palavra latina que significava máscara ou actor". E como não, se até a wiki diz que vem do etrusco, deixando de lado a magia das máscaras gregas?!
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