domingo, dezembro 21, 2014

As origens do jornalismo de esquerda que temos

Neste ano em que decorre a efeméride redonda dos 40 anos de 25 de Abril de 1974 já se deram aqui várias amostragens do ar do tempo que passou.

Hoje, publicam-se quatro páginas da revista espanhola Triunfo de 31 de Agosto de 1974, altura em que o país vizinho ainda vivia sob a sombra do franquismo que, ao contrário de cá, os espanhóis não apelidam de "fascismo". A não ser os comunistas, claro está. Por cá, os comunistas conseguiram  implantar na linguagem corrente uma metonímia esforçada e passaram a designar o período do regime constitucional de Salazar/Caetano como "o fascismo". Praticamente toda a gente percebe, sempre que há referências ao "fascismo" que tal equivale a dizer regime de Salazar e Caetano.

O feito foi notável e único na Europa Ocidental e provavelmente a maior "conquista de Abril" dos comunistas e também socialistas que apadrinharam logo a designação, apesar de terem alguns "fascistas", vindos desse período,  nas suas fileiras militantes.

Portugal teria muito a ganhar na desconstrução desta linguagem nefasta e celerada mas enfim.

As páginas da Triunfo de Agosto de 1974 ajudam a perceber a razão do fenómeno: os jornais, antes de 25 de Abril pertenciam quase todos a entidades  capitalistas ( como agora, aliás), designadamente bancos. No entanto, as suas redacções compunham-se na generalidade de comunistas, cripto-comunistas e gente de "esquerda" tipo Baptista-Bastos ou Ferreira Fernandes, Maria Antónia Palla e uma miríade de outros que ainda emitem opinião na mesma frequência de onda.
Foram estes que moldaram o jornalismo nacional tal como o conhecemos e tal panorama já perdura há quase cinquenta anos. É obra.
As actuais escolas de "comunicação social" o que ensinam e quem são os seus professores? Gente de esquerda, antigos jornalistas que aprenderam com gente de esquerda e que mantém os traços ideológicos que lhe moldaram o espírito. Todos os dias em todos os meios de informação se vêem estas manifestações, desde as televisões do "militante nº1 do PSD" até aos jornais onde a dança de cadeiras só admite ideias cordatas com a ideologia dominante e o pensamento único prevalecente. 
Basta ver as principais personagens que redigem notícias nas tv´s e as apresentam para confirmar o fenómeno. Basta ver os programas de tv mais consentâneos. O  "5 para a meia-noite"  é um bom exemplo do que mudou no tempo e nada se alterou de essencial na ideologia. O seus protagonistas de valor estão já a ser aproveitados para continuar o "regime" ideológico, com o sucesso que surge dos contratos de publicidade ( gatos fedorentos e quejandos) e outros exemplo se poderiam enunciar.

Toda a idiossincrasia dos media nacionais actuais já se encontrava em gestação há mais de quarenta anos, como escreve o repórter espanhol. Logo a seguir ao golpe de Estado de 25 de Abril de 1974 houve  muito poucos "saneamentos" na imprensa, rádio ou tv que não era considerada porta-voz do regime,  por uma razão prosaica e pouco referida:  " a imprensa portuguesa era conservadora mas feita por jornalistas progressistas", segundo o resumo do esquerdista Fernando Cascais, à revista espanhola. Magnífica síntese de uma perfeição tradicional: pensar progressista dentro de um quadro tradicional que não se abandona é o ideal, porque permite a "evolução na continuidade". 
Hoje em dia tal paradigma não existe e o que se vê é muito pior que naquele tempo. Ou não é?



Questuber! Mais um escândalo!