O Diário de Notícias de hoje publica na íntegra a transcrição de uma epístola contrabandeada para o jornal pelo recluso 44.
O tom da epístola é apocalíptico e adivinha um futuro martirizado para o seu autor. Coloca no gancho do pelourinho da sua elevada auto-estima narcísica, uma boa parte da superestrutura do Estado, incluindo no labéu exposto os jornalistas ( só alguns, os cobardes, porque uma boa maioria ainda está do lado certo da permanente presunção de inocência); os magistrados e polícias, todos mancomunados com os cobardes jornalistas do costume e até os cínicos professores de Direito, mais os políticos também cobardes e, estranha cereja no topo do pelourinho, do sistema também faz parte "o desprezo que as pessoas decentes têm por tudo isto". Pessoas decentes são, por exemplo, os que o vão visitar...ou os que na SIC nunca se cansam de o inocentar presumidamente. Os demais são piores que cães. São os inimigos, os "pistoleiros do costume".
A epístola de contrabando termina com uma frase de retórica antiga- "quem nos guarda dos guardas?" pergunta platónica que fizeram ao seu homónimo e que agora retoma como sua carga de pesadelos a anunciar quiçá uma obra futura, tal como a que deixou em Paris devidamente traduzida para um francês de uma correcção linguística impecável. Notável..o tradutore, claro está. Notável mesmo. Vamos ver se respeita o aforismo...
Ora bem, A partir deste patamar só resta ao recluso um último recurso, já usado com sucesso por antigos reclusos injustiçados: greve de fome.
Antes de encetar a luta, porém, convinha ler ( pode ser que o advogado Araújo lhe leve o recorte...) um pequeno artigo de Viriato Soromenho-Marques, insuspeito de cobardia de género e que aparece na Visão de hoje, a mesma que traz uma reportagem desenvolvida sobre outro misterioso personagem da terra do recluso 44 que se intitula "os mistérios da Covilhã". Mais outra cobardia infame, pela certa.
O artigo de VS-M, porém, é sobre um tema desagradável : a putativa república de juizes. Diz que é um mito. Quem diria...