sábado, dezembro 06, 2014

A novilíngua angolana

Observador:

O governo angolano qualificou a garantia de 4.600 milhões de euros ao BESA (BES Angola) como “firme, definitiva e irrevogável“. Apesar destes adjetivos, contidos numa carta de Luanda que chegou à auditora KPMG, datada de 1 de abril, a garantia viria a ser retirada a 4 de agosto, o dia seguinte à aplicação da medida de resolução ao Banco Espírito Santo.
O jornal Expresso (link direto não disponível) cita este sábado uma carta enviada pelo ministro das Finanças angolano, Armando Manuel: “O senhor Presidente da República de Angola autorizou o ministro das finanças de Angola a emitir uma garantia autónoma até ao valor de 5.700 milhões de dólares [4.600 milhões de euros] a favor do BESA”.
A garantia, que foi emitida no final do ano passado, “abrange um conjunto de créditos em dívida e um conjunto de imóveis, registados nas demonstrações financeiras do BESA”, dizia a carta que foi enviada à auditora a 1 de abril. A garantia, que era, então, qualificada como “firme, definitiva e irrevogável”, foi validada pelo Banco de Portugal e pela KPMG nos primeiros meses de 2014, altura em que se agravava a perceção de problemas na unidade angolana.


Portanto, em linguagem angolana que por acaso será o português, a palavar "irrevogável" tem o significado de revogável. Basta que o signatário responsável o queira. Como quis.

Estas ingenuidades pagam-se caro e não haverá tribunal angolano que o possa reconhecer. Em Angola o direito ainda parece ser o que o presidente queira que seja.
Em Portugal poucos se atrevem a escrever tal coisa nos media porque são controlados pela filha do dito.
Antes de 25 de Abril de 1974 havia maior liberdade em Portugal, indiscutivelmente. Isto é culpa de quem? De quem votou no "padrinho disto tudo"  e nos que se lhe seguiram...
Resta saber se esta nova servidão que se nos impõe vai ser tolerada por todos os "democratas" e "amantes da liberdade" ou vão  baixar a crista e fazer de conta que assim não é...

12 comentários:

aragonez disse...

Bravo!!!!!

Floribundus disse...

consta que a patente de invenção da terminologia 'irrevogável' foi depositada na Propriedade Industrial e concedida ao Sr Dr Paulo Portas em meados de 2013

JReis disse...

Angola é uma sociedade de tipo extractiva sem quaisquer instituições inclusivas incluindo o próprio direito. Enquanto isso durar não será de fiar. A falência de Portugal obrigou a que as nossas empresas privadas tenham de pactuar com as regras extractivas da sociedade Angolana e isso é o preço a pagar incluindo na área dos media. Veja-se que até Belmiro de Azevedo (NOS) caiu aos pés do capital extractivo de Angola. Antes do 25 de Abril esta pretalhada não tinha hipótese.

foca disse...

Curiosamente os génios do BdP colocaram o novo banco à venda, estabelecendo que há compradores bons e maus, excluindo estes últimos mesmo que queiram pagar mais e dar melhores condições.
Nesta exclusão ficam os anteriores detentores de mais de 2%, mas ficam dentro os gatunos da massa em Angola, o que não deixa de ser brilhante.
Aliás, a coisa parece estar feita para abrir uma passadeira à Isabelinha, em conluio com o desbocado do BPI que quer os clientes e os negócios e meter no desemprego metade dos funcionários.

foca disse...

Confesso que aguardo o que dirá o Salgado no dia 9, se o gado vacum do bloco e companhia o deixar falar, mas não me admirava de ele vir explicar que perdeu 5 MM€ em Angola para onde foi empurrado por governantes portugueses, e que com isso foi "empurrado" para as loucuras dos últimos meses.

Unknown disse...

«Antes de 25 de Abril de 1974 havia maior liberdade em Portugal, indiscutivelmente.»

Há uns dias atrás um Coronel da Força Aerea, ex professor da respectiva academia, ligado ao MFA e ao 25 de Abril, escrevia algo de parecido com isso

https://pt-pt.facebook.com/AOFA.Oficiais.das.Forcas.Armadas/photos/a.215414665145280.54625.215406995146047/828428737177200/


"Sempre gostei de, na minha profissão, usar de frontalidade. E dei, inicialmente, na minha vida, com uma actividade onde esse procedimento era elogiado - tenho alguns louvores militares que me enaltecem a forma de ser e de proceder - mas, até nessa, ou porque eu mudei ou mudaram os outros, a frontalidade deu lugar à mesura e a formas disfarçadas de subserviência. Sim, subserviência! Uma subserviência que não dei conta que existisse no tempo do fascismo. Nesse tempo havia medo e silêncio por causa da polícia política, mas havia coragem para dizer de uma forma inteligente as discordâncias. E discordava-se de tanta coisa! Agora, por toda a sociedade, agora neste tempo de liberdade e de democracia, há um outro medo: um medo cobarde, um medo que obriga a calar, a engolir "sapos vivos", como se diz. Não há polícia política, mas há uma censura pior do que a censura prévia dos coronéis do lápis azul"

S.T. disse...


Esta tarde vai haver beberete .

:)

S.T. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
S.T. disse...



( a ver se o vinho afasta a timidez e aparecem os tais políticos corajosos por quem o 44 tanto chama ...)

muja disse...

Tenho pena daquela gente. Foram quem sofreu as consequências do 25A a sério.

Mais tarde ou mais cedo, se continuarmos a existir com país, teremos de ir corrigir a merda que fizémos e deixámos fazer.

Não sei quando nem como; mas é necessário porque é uma dívida que temos, e é a maior de todas e é colossal.

E a única maneira que um país pequeno tem de se fazer respeitar é não dever nada a ninguém.

BELIAL disse...

Caso para dizer: boas contas faz o preto!...

foca disse...

Será que ainda temos aquele coiso como Ministro dos Negócios Estrangeiros?
E ninguém faz nada, depois desta manifestação ostensiva desprezo?

O Público activista e relapso