quarta-feira, dezembro 10, 2014

Os padrinhos dos sobrinhos

 Ao ler o Correio da Manhã de hoje depara-se esta história fantástica em que os milhões saltam como se fossem pipocas a estalar. Não admira que haja quem se tenha queimado a pegar nelas ainda quentes e ande agora aos papéis, literalmente, para esconder as queimaduras de terceiro grau.

O dirigente máximo do BES terá dito numa reunião do GES, em Fevereiro deste ano que Álvaro Sobrinho se tinha abotoado com a melhor parte de 800 milhões de euros, depois de ter conseguido um crédito do BES Angola, que aliás geria, para compra de imóveis que não valeriam mais de 250 milhões. O resto? Para distribuir...

Por muito menos que isso, Duarte Lima foi no outro dia condenado numa pena de prisão por  dez anos. Sobrinho nem foi processado por lá nem por cá. Se o prejuízo foi cá e o engano foi cá, não vejo porque razão o não possa ou deva ser...com a medida de coacção adequada.

De resto, Sobrinho foi uma vez, em finais de 2011,  interrogado pelo JIC Carlos Alexandre por suspeitas de branqueamento de capitais e foram-lhe apreendidos vários apartamentos.
O tribunal da Relação de Lisboa anulou tudo, dizendo que eram afinal...rosas. Flores, nada e que o JIC tinha andado mal ao aplicar as medidas de coacção e devolveu os apartamemtos ao dito que se deve ter ficado a rir dos desembargadores-salvadores. Agora é que se vê quem andou mal...

Álvaro Sobrinho foi retratado por Ricardo Salgado nestes termos:

"O dr. Álvaro Sobrinho viveu em Portugal e trabalhou no BES 10 anos, onde prestou serviços de uma forma impecável. Uma vez que tinha tido uma formação aprofundada no BES, foi preparado com todos os procedimentos e exigências de boa gestão da atividade bancária" para liderar o BESA, realçou o responsável.
"Assim foi, durante os primeiros anos. A partir de uma certa altura, o que aconteceu foi o seguinte: começámos a ter em Lisboa informações estranhas (a partir de meados da década). Os clientes queixavam-se de que não eram recebidos pela administração do banco", revelou.
Salgado apontou para o forte "crescimento do crédito, elevando os rácios de transformação", e diz que se chegou "a uma altura em que, infelizmente, o BNA [Banco Nacional de Angola] estabelece uma ordenação na qual os bancos angolanos têm que ter total independência informática do exterior".
Daí, o BES teve "que cortar a aplicação informática e dar autonomia a Angola", justificou, precisando que tal aconteceu a partir de 2009 e que foi uma condição "imposta pelo BNA".
E reforçou: "Acontece que começámos a ficar preocupados à medida que o tempo ia avançando, vendo rácios de transformação a crescer. Começam a sair notícias, mas recebemos uma análise do 'stress test' do BNA em 2012 que revela que o BESA está com rácios confortáveis de solidez".
O antigo banqueiro recordou uma notícia do jornal Público com uma referência "que o BESA estava com dificuldades de liquidez", mas salientou que, em reação, o "BNA escreve uma carta a dizer que está tudo bem".
O BES tinha "administradores em Angola mas não nos informavam de nada", garantiu Salgado.
Isto, porque "quem violar o segredo bancário em Angola pode ser preso. É considerado crime", frisou.
"Quando contactei com os nossos sócios angolanos que vieram a Lisboa, contaram-me que a reunião de Álvaro Sobrinho com o BNA tinha corrido muito mal. Os nossos sócios angolanos sugeriam a substituição do Dr. Álvaro Sobrinho, o que veio a acontecer nos finais de 2011, inícios de 2012", explicou.
Salgado disse ainda que, após a saída de Álvaro Sobrinho do BESA, o gestor angolano adquiriu participações de controlo em órgãos de imprensa (Sol e jornal i).
"Chamei-o para lhe dizer que isso era completamente fora das regras do GES. O GES nunca teve investimentos nos media, com duas exceções", afirmou, apontando para o apoio temporário concedido a Pinto Balsemão no lançamento da SIC e na privatização do Diário de Notícias.
"Fizemos sempre questão de não termos participações nos media e o dr. Álvaro Sobrinho violou essas indicações. Depois da sua saída, ele começou a bombardear-nos com notícias", acusou.
 .
Os angolanos também achavam o caso Sobrinho muito importante.

Em Junho deste ano, o banco BESA não sabia do paradeiro de quase seis mil milhões de dólares. "Seis bis", como dizem...foram emprestados mas não sabem a quem...e parece que o segredo é bancário. Talvez o Calvão dê um parecer que possa replicar a expressão genial da "comum-unidade e atestar a suprema ideoneidade deste Sobrinho. E porque não? Nem sequer foi condenado...

Porém,  parece que algum dinheiro de Sobrinho terá vindo para aqui...para alguma destas entidades.
Talves para o "bom petisco"..
















8 comentários:

Floribundus disse...

rikiki 'ter muito esperto nos cabeça'

estava lá de passagem e não sabia de nada

ontem Ricciardi tornou inútil a continuação da 'cumichão'

resta 'encher chouriços' e 'coçar os phthirus inguinalis pubis'

zazie disse...

Está mais que visto

eehhehe

Floribundus disse...

Dalai Lima

Famiglia Espírito Santo
As galinhas põem,
as raposas depõem.

Floribundus disse...

algures na Net

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.
Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.
Em frente à televisão
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.

foca disse...

É curioso que para defender o 44 há dezenas de carpideiras a alegar a presunção de inocência e para o Salgado não há um.
Aliás, ouvindo os deputados, desde o gordo do PSD até à enfadada do BE, todas as perguntas foram acompanhadas de insinuações maliciosas.

Os jornais ainda fazem melhor, aproveitam o dia de hoje para dizer que as campanhas do Cavaco tiveram contributos dos Espirito Santo (nem presunção de inocencia destes nem do candidato que aceitou o dinheiro!), por contraponto com o candidato Alegrete que quase não recebeu nada e do comunista que angariou 2000€ (obviamente que continuando a considerar que o lucro da festa do Avante, que não paga impostos e é feita com funcionários das autarquias comunistas que vão para lá trabalhar a receber horas extraordinárias, não é lucro do partido!).

Enfim, é a comunicação social que temos!

josé disse...

Às vezes e por causa disso apetece-me defender o Salgado por causa disso mas quando me lembro do que disse PQP sobre o especial amor pela verdade que aquele parece ter, desisto.

Salgado é um dos responsáveis pela terceira bancarrota a par do recluso 44.

José Domingos disse...

É confrangedor ver os deputadozinhos a apanhar bonés. Não têm peso para aquela mota, as "bolas" são curtas. na melhor das hipóteses, talvez consigam saber o nome da família que mandava no banco e mais qualquer coisa. Neste momento a parada está muito alta, há muita desinformação e não se pergunta o que se deve, mas o que dá jeito.
Os merdia ajudam,sempre são mais uns fretes que fazem, estão habituados.

Floribundus disse...

a % de medíocres por m2 começa na AR
com deputados impreparados a avaliar a actuação do governo e do BdP

o pouco que ouvi é confrangedor para um leigo como eu

o Dr. Salgado tornou-se um homem só ao atacar tudo e todos

devia ter tido a humildade de reconhecer os seus erros

por se falar de Angola

Longa fila de carregadores
domina a estrada
com os passos rápidos
Sobre o dorso
levam pesadas cargas
Vão
olhares longínquos
corações medrosos
braços fortes
sorrisos profundos como águas profundas
Largos meses os separam dos seus
e vão cheios de saudades
e de receio
mas cantam
Fatigados
esgotados de trabalhos
mas cantam
Cheios de injustiças
calados no imo das suas almas
e cantam
Com gritos de protesto
mergulhados nas lágrimas do coração
e cantam
Lá vão
perdem-se na distância
na distância se perdem os seus cantos tristes
Ah!
eles cantam…
António Agostinho Neto

O Público activista e relapso