Ao ler o Correio da Manhã de hoje depara-se esta história fantástica em que os milhões saltam como se fossem pipocas a estalar. Não admira que haja quem se tenha queimado a pegar nelas ainda quentes e ande agora aos papéis, literalmente, para esconder as queimaduras de terceiro grau.
O dirigente máximo do BES terá dito numa reunião do GES, em Fevereiro deste ano que Álvaro Sobrinho se tinha abotoado com a melhor parte de 800 milhões de euros, depois de ter conseguido um crédito do BES Angola, que aliás geria, para compra de imóveis que não valeriam mais de 250 milhões. O resto? Para distribuir...
Por muito menos que isso, Duarte Lima foi no outro dia condenado numa pena de prisão por dez anos. Sobrinho nem foi processado por lá nem por cá. Se o prejuízo foi cá e o engano foi cá, não vejo porque razão o não possa ou deva ser...com a medida de coacção adequada.
De resto, Sobrinho foi uma vez, em finais de 2011, interrogado pelo JIC Carlos Alexandre por suspeitas de branqueamento de capitais e foram-lhe apreendidos vários apartamentos.
O tribunal da Relação de Lisboa anulou tudo, dizendo que eram afinal...rosas. Flores, nada e que o JIC tinha andado mal ao aplicar as medidas de coacção e devolveu os apartamemtos ao dito que se deve ter ficado a rir dos desembargadores-salvadores. Agora é que se vê quem andou mal...
Álvaro Sobrinho foi retratado por Ricardo Salgado nestes termos:
"O dr. Álvaro Sobrinho viveu em Portugal e trabalhou no BES 10 anos,
onde prestou serviços de uma forma impecável. Uma vez que tinha tido uma
formação aprofundada no BES, foi preparado com todos os procedimentos e
exigências de boa gestão da atividade bancária" para liderar o BESA,
realçou o responsável.
"Assim foi, durante os primeiros anos. A partir de uma certa altura, o
que aconteceu foi o seguinte: começámos a ter em Lisboa informações
estranhas (a partir de meados da década). Os clientes queixavam-se de
que não eram recebidos pela administração do banco", revelou.
Salgado apontou para o forte "crescimento do crédito, elevando os
rácios de transformação", e diz que se chegou "a uma altura em que,
infelizmente, o BNA [Banco Nacional de Angola] estabelece uma ordenação
na qual os bancos angolanos têm que ter total independência informática
do exterior".
Daí, o BES teve "que cortar a aplicação informática e dar autonomia a
Angola", justificou, precisando que tal aconteceu a partir de 2009 e
que foi uma condição "imposta pelo BNA".
E reforçou: "Acontece que começámos a ficar preocupados à medida que o
tempo ia avançando, vendo rácios de transformação a crescer. Começam a
sair notícias, mas recebemos uma análise do 'stress test' do BNA em 2012
que revela que o BESA está com rácios confortáveis de solidez".
O antigo banqueiro recordou uma notícia do jornal Público com uma
referência "que o BESA estava com dificuldades de liquidez", mas
salientou que, em reação, o "BNA escreve uma carta a dizer que está tudo
bem".
O BES tinha "administradores em Angola mas não nos informavam de nada", garantiu Salgado.
Isto, porque "quem violar o segredo bancário em Angola pode ser preso. É considerado crime", frisou.
"Quando contactei com os nossos sócios angolanos que vieram a Lisboa,
contaram-me que a reunião de Álvaro Sobrinho com o BNA tinha corrido
muito mal. Os nossos sócios angolanos sugeriam a substituição do Dr.
Álvaro Sobrinho, o que veio a acontecer nos finais de 2011, inícios de
2012", explicou.
Salgado disse ainda que, após a saída de Álvaro Sobrinho do BESA, o
gestor angolano adquiriu participações de controlo em órgãos de imprensa
(Sol e jornal i).
"Chamei-o para lhe dizer que isso era completamente fora das regras
do GES. O GES nunca teve investimentos nos media, com duas exceções",
afirmou, apontando para o apoio temporário concedido a Pinto Balsemão no
lançamento da SIC e na privatização do Diário de Notícias.
"Fizemos sempre questão de não termos participações nos media e o dr.
Álvaro Sobrinho violou essas indicações. Depois da sua saída, ele
começou a bombardear-nos com notícias", acusou.
.
Os angolanos também achavam o caso Sobrinho muito importante.
Em Junho deste ano, o banco BESA não sabia do paradeiro de quase seis mil milhões de dólares. "Seis bis", como dizem...foram emprestados mas não sabem a quem...e parece que o segredo é bancário. Talvez o Calvão dê um parecer que possa replicar a expressão genial da "comum-unidade e atestar a suprema ideoneidade deste Sobrinho. E porque não? Nem sequer foi condenado...
Porém, parece que algum dinheiro de Sobrinho terá vindo para aqui...para alguma destas entidades.
Talves para o "bom petisco"..