segunda-feira, dezembro 29, 2014

O Diário de Notícias da situação faz 150 anos

O Diário de Notícias faz hoje 150 anos. Viu passar a Monarquia a I República, o Estado Novo e o Estado Social e instalou-se de há 40 anos para cá, na democracia.

Ontem e hoje a efeméride é evocada pelo jornal em edição especial. A de ontem trazia depoimentos de antigos directores.

Hoje o actual director, André Macedo, escolhido já pela equipa que manda efectivamente no diário, agora ligada aos interesses defendidos por Proença de Carvalho, escreve em editorial que "o objectivo maior do Diário de Notícias em papel ou na versão digital, é simples, é este: ajudar a criar um campo de jogo equilibrado onde todos os participantes ( pessoas, famílias, empresas, igrejas, instituições, partidos) possam encontrar regras de jogo relativamente iguais." Com o "relativamente" já garantiu o modo adverbial... e melhor seria que se preocupasse com o fundamental num jornal que é informar devidamente o leitor acerca dos factos que se sucededem sucessivamente sem cessar.

Com essa preocupação ecuménica, afinal esconde ao que vem: fazer o jogo proclamado pelo patrão, com regras inquinadas.
Um exemplo entre vários: ontem, a notícia sobre o embrulho devolvido a António Arnaut, remetido ao recluso 44 encontrou o espaço da página 11 ao fundo...
Aliás, as notícias sobre este assunto do recluso 44 e as suas manigâncias suspeitas não interessam por aí além o jornal.

Quanto vende o Diário de Notícias hoje em dia?  Tira um pouco mais de 30 mil exemplares de que circulam cerca de 18 mil, pelas últimas contas. O Correio da Manhã, anda pelos 165 mil/124 mil.

Que é que isto quer dizer? Que o jornal com centena e meia de anos não presta por aí além.

E porquê? Talvez por uma razão simples: é sempre um jornal da situação e por isso as pessoas não compram. Em condiçoes normais de mercado, o Diário de Notícias já tinha acabado. E então porque não acaba? Porque...agora está lá o Proença de Carvalho; antes esteve lá não sei quem e antes de antes, igual.

Leio o jornal há um pouco mais de 40 anos, esporadicamente. Há um par de anos, ainda no consulado do jornalista desportivo Marcelino, de vez em quando havia uma surpresa agradável, no meio da choldrice habitual da protecção à situação. Agora, nem isso.

Antes de 25 de Abril de 1974 o jornal aparecia por vezes como um órgão oficioso do governo de então. Neste caso, o de Marcello Caetano, em 25 de Outubro de 1973.


Logo a seguir ao 25 de Abril de 1974, em Junho, o jornal dava conta da instituição da nova Censura.
 


Em meados da década de oitenta do século XX, com o advento do reinado cavaquista que se prolongou por dez anos e sob a direcção de Mário Mesquita ( que dirigiu o jornal de 1978 a 1986), o jornal dava conta de que "Deus não dorme" ao retirar o poder aos socialistas...


Quem quiser saber  a história do Diário de Notícias o melhor é ir à NET e à Wikipedia. O jornal de hoje e o de ontem não contam e quem organizou a edição especial esqueceu-se de tal coisa básica.
Preferiram dar à estampa uma entrevista com Hitler apanhada por António Ferro, em Munique,  antes da chegada dos nazis ao poder.
Acharam que isto sim, é que era coisa interessante. Melhor seria publicarem a entrevista integral que Álvaro Cunhal deu à L´Europeo italiana, em 6 de Junho de 1975 e que o DN de então ignorou completamente, à semelhança da mairia dos jornais de então. O DN era então dirigido por um inenarrável Luís de Barros que tinha como adjunto um futuro nóbél e que censurava a torto e a direito e despedia ainda mais depressa os "reaccionários e fascistas".

À falta de melhor fica aqui uma outra entrevista do mesmo Cunhal, em 22 de Junho de 1974.




 

Segundo se conta na edição especial de hoje, no rés-do-chão do edifício da Avenida da Liberdade, sede do jornal, há um Centro de Documentação e Informação com 450 metros de prateleiras, mais de 11 mil colecções de jornais e revistas de todo o mundo ( devem ter lá o tal L´Europeo...) etc. etc. etc.

De pouco serve tal acervo documental. Repescando outra vez o velho dito de João de Sousa Monteiro ( que alívio saber que não é o César...), "se não sabe, porque pergunta?"

Para que lhes interessa tal acerco se não sabem procurar o que interessa?


Enfim...perdoai-lhes, senhores,  que não sabem fazer melhor.

1 comentário:

Floribundus disse...

enquanto vigorar esta terceira republiqueta, socialista e social-fascista de seu nome

E PROVEITO PARA OS FAXISTAS DE AMACAO

estaremos NO CU DE jUDAS