domingo, setembro 13, 2009

Novas da Itália, do jornal de Cebrián e do que nos falta

"Diz o Egoarca que está farto e replicará "taco a taco". Diz, em tom de desafio: "Vinde dizer-me que não respondo às perguntas, sejam as do Repubblica sejam as do El País". Mais do que responder, Berlusconi denota- não é novidade, é a magia que lhe assenta melhor-uma sapiência de pasmo no uso da mentira que manobra em todas as direcções. Ora esconde a verdade, ora a inventa de raiz, ora a nega contra toda a evidência, ora a deforma segundo as conveniências."

Quem assim escreve sobre José S....perdão, Berlusconi, é o La Repubblica de ontem, num artigo que começa na primeira página assinado por Giuseppe D´Avanzo.

O lapso que antecede, fortuito na escrita que fica, ficou a dever-se a um fugaz lampejo de que teríamos em Portugal um jornal como o La Repubblica ou mesmo como o El País, de Juan Luis Cebrián ( o jornal já escreveu que Berlusconi "é um líder impróprio para um país sério".) Mas não temos. O que temos é a sabujice reinante e atemorizada com os poderes de facto ligados ao Estado. A sempre lembrada apagada e vil tristeza. Se tivéssemos outra imprensa, a asfixia nem era democrática, mas autocrática simplesmente, como em Itália. Mais clara e visível e mais fácil de combater. Assim, é a sarjeta que governa. A verdadeira, a mãe-de-água.

É este o estado a que chegamos, com este primeiro-ministro e que todos parecem relegar para a condescendência, como se viu ontem na tv.

Outra coisa de Itália: no jornal Repubblica on line, conta-se a história da reacção de Berlusconi às notícias sobre as tragédias de 92-93, ligadas aos assassínios dos juízes de instrução , anti-mafia, Falcone e Borselino.
Perante as novas suspeitas de envolvimento político de forças ligadas a Berlusconi, este desafiou os magistrados de Palermo e Milão, deste modo:
"So che ci sono fermenti in Procura a Palermo e a Milano. Si ricominciano a guardare fatti del '92 e del '93. Follia pura. Mi fa male che queste persone, con i soldi di tutti, facciano cose cospirando contro di noi che lavoriamo per il bene del paese". Portanto , nestas coisas, loucura pura, para Berlusconi e ainda mais: "ligada a pessoas que ganham do erário público e conspiram contra nós que trabalhamos para o bem de todos".

A história de "trabalhar para o bem comum", tem sido repetida por cá, também. O que não se repete é a resposta dos magistrados de Palermo que falam directamente ao presidente do Consiglio, informando-o que não têm inquéritos sobre o assunto em Palermo e que tais casos foram e só podem ser investigados em Catalnisseta e Firenzi, locais dos acontecimentos.
Se fosse por cá, o diálogo envolveria logo o PGR e não se sabe quem mais e haveria turbulência no CSMP, no governo e nos jornais.

É uma diferença de regime.

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