terça-feira, novembro 17, 2009

Portugal revisitado

O jornal i, para mim, vale pelas primeiras quatro páginas de cada edição. O editorial é dispensável, mas as páginas de opinião são melhores que as do Público. Por isso sou dos compradores habituais, entre a escassa dúzia de milhar que o jornal vende na rua e quiosque.

O artigo de opinião de hoje, da autoria de Jaime Nogueira Pinto é um obituário. De António de Figueiredo, empresário de longo curso, falecido na semana passada na Suíça, com 78 anos, na sequência de um acidente de navegação.
O obituário de Nogueira Pinto fala de coisas que em mais nenhum lugar se falam em Portugal. De coisas antigas, com pouco mais de trinta anos, de hábitos e costumes e modos de ser português. Nogueira Pinto é alguém que poderá ser classificado como não sendo de esquerda, o que é raro em Portugal. Com Pedro Ferraz da Costa, julgo que nunca viraram a casaca ao longo dos anos. E isso tem valor, porque nos apresentam valores dos anos setenta, do tempo de Marcello Caetano e da renovação marcelista que se continuasse talvez fizesse de Portugal o que a Espanha é economicamente.

Sobre o falecido, refere a circunstância de ter sido perseguido em 1975, levando-o ao exílio, no Brasil, por ser "fassista", de "direita", proscrito por isso na sociedade democrática do PREC.
Escreve Nogueira Pinto: " Viveu de acordo com os valores em que acreditava: Fé em Cristo e na sua Esperança e em Portugal e na sua independência. Amou e cuidou da família que criou ( pai de sete filhos); nunca faltou aos amigos e aos colaboradores; geriu e desenvolveu com empenho as suas empresas."

De repente, o nome de António Figueiredo, lembra-me um outro homónimo e que em pleno Verão de 1975 a revista Time, pela pena de Martha de La Cal, retratava como um outro que passou pelo mesmo fenómeno de perseguição aos "fassistas" , "direitistas", contra-revolucionários e exploradores da classe trabalhadora.
O artigo fica aqui em facsimile da revista que na capa tem a figura de Adam Smith e a pergunta sobre o futuro do capitalismo.
Nesse ano, em Portugal, havia gente que jurava que o capitalismo estava no fim e que a democracia burguesa nunca seria uma realidade em Portugal ( Álvaro Cunhal, dixit). No fim do artigo ( clicar para ler), escreve-se isto:

"O que incomoda os advogados liberais é a facilidade com que se atiraram para a cadeia algums membros dessas 20 famílias com fundamento na suspeita de "sabotagem económica", aí permanecendo indefinidamente sem acusação formal."

Este fenómeno do PREC pelos vistos, não se diferenciava muito das célebres prisões sem culpa formada que os comunistas ainda continuam a apontar como um dos terrores do fassismo. E ensina-se isso mesmo nos livros da educação primária...mas não se diz que um Otelo, hoje em dia, apoia activamente um Isaltino de Morais, como autarca de Oeiras.

Na imagem, pode ler-se que em Portugal havia 20 famílias que dominavam a economia. Multimilionários que Cunhal e a esquerda mais a extrema esquerda expulsaram depois de lhes nacionalizarem os bens e activos. Tal como hoje fariam sem qualquer dúvida possível, o PCP e o p BE.
Com uma pequena diferença: hoje não seriam 20 famílias. Se fossem meia dúzia já seria muito...e a quem devemos este satus quo?
Ao PCP, à extrema-esquerda e..ao PS que durante mais de dez anos não deixou mexer na Constituição. São esses que dominam toda a intelligentsia pública em Portugal, nos media, com pequeníssimas excepções, como é o caso de Nogueira Pinto e Paulo Tunhas, outro articulista do jornal. Tem sido isso que ganha eleições em Portugal, no meu entender. E quem não perceber isso, estará condenado a ver os pinóquios a governar o país.
Depois do PREC, uma outra estrutura se montou: a das empresas públicas com gestores tipo José Penedos.




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