sexta-feira, agosto 20, 2010

A desinformação do i

O jornal i noticia na primeira página de hoje, um facto: "Ministério Público investiga compra de blindados militares". E mais: "Contrato de aquisição dos Pandur assinado no tempo de Paulo Portas, está a ser investigado pelo DCIAP de Cândida de Almeida".
No desenvolvimento destes leads de primeira página, a jornalista Inês Serra Lopes, relata pouca coisa mais, mas merece alguns comentários a terminologia empregue, geralmente desajustada e desinformativa, nestes casos.
Começa logo por escrever que "A investigação, que só agora se transformou em averiguação preventiva, tem na sua base uma auditoria que o tribunal de Contas enviou à PGR em 2006".

Portanto, temos uma "décalage" de quatro anos para iniciar uma investigação que pelos vistos ainda nem o é sequer, em devida forma, porque não existe no processo penal o modelo de "averiguação preventiva", fora de um inquérito. Portanto, a primeira imprecisão grave, fica já exposta e de osso à vista, com a pancada. E com a agravante de ter sido veiculada pelo DCIAP que terá informado a jornalista. Ao abrigo de que abertura no segredo de justiça, já agora? Poderão explicar?
Faz algum sentido num caso destes anunciar uma "averiguação preventiva" que nem sequer pode ser um inquérito e por isso sem a aplicação estrita de regras de processo penal?

Para jornalistas como ISL faz todo o sentido e uma capa como a do i de hoje é um primor de desinformação e irrelevância no que diz respeito ao problema de fundo: suspeitas de existência de crime da aquisição dos Pandur.
É disso que se trata não é?

Aditamento: o texto e notícia do i, já ganharam asas de notícia nacional e com relevo de suspeita. O Governo, solícito, já declarou a disposição para "colaborar" com a Justiça. Como se tal fosse imprescindível ou mesmo necessário...
Depois disto, venham falar em judicialização da política ou politização da Justiça que a gente fica a perceber melhor.

1 comentário:

100anos disse...

António Martins frequentemente disparata.
Volta e meia engana-se e acerta.

O Público activista e relapso