SICN:
A propósito do caso das secretas, Miguel Sousa Tavares diz que há um "cheiro bafiento a PIDE" no país. O comentador político garante que também há um relatório feito sobre a sua vida pessoal. Declarações feitas no programa Conversas Improváveis que vai para o ar no próximo sábado no Jornal da Noite da SIC e às 23:00 na SIC Notícias.
Se isto for assim, o mínimo que se exige é que o protegido pelo sistema, Sousa Tavares diga onde arranjou a informação. Quem lha deu. Porque certamente foi uma "fonte fechada" e por isso carece de indagação como a que anda a fazer ao pobre Carvalho.
Segundo se julga, este verter de águas residuais, sobre "relatórios" que são apontamentos pessoais que o "espião" guardava nas suas agendas são elementos que não constam de qualquer processo. Terão sido apanhados na apreensão que foi efectuada num processo crime, supostamente para comprovar a prática de crimes e apenas legítimadas por isso mesmo- para prova de crimes que tal admitam como prova.
Se estes elementos pessoais que andam a sair às pinguinhas já têm origem em fontes fechadas, como aparentemente será o caso é tempo de perguntar ao DIAP como é que isto se torna possível, se acham bem que exista uma proporcionalidade entre as diligências que fizeram e as infracções que indiciaram e outras coisas.
Ninguém o quer fazer, ninguém questiona o exercício do poder judiciário que isto permitiu. Mas é tempo de oo fazer para bem da democracia.
O que se está a assistir é uma caixa de Pandora a abrir-se em consequência de revelações espúrias de apontamentos pessoais de um indivíduo que aparentemente tinha a pancada de os fazer.Como o indivíduo foi dos serviços de informação a ligação que fazem é automática, deixam a coisa ferver neste caldo e são as próprias instituições que se prejudicam gravemente com isto.
É altura de perguntar quem permitiu isto e se valeria a pena isto para limpar serviços que estavam há muito tempo devolutos e a precisar de renovação.
Como as vítimas e os visados são gente bem do nosso establishment a indignação fica por conta de uns tantos curiosos. Se fosse assunto tipo Casa Pia, não caía apenas o Carmo e a Trindade. Também o Palmela ia à vida. Basta lembrar-nos o que se passou mediaticamente com alguns destes mesmos envolvidos e comentários que então teceram sobre as listas fotográficas, os nomes que circulavam em contra-informação e a quem eram exigidas responsabilidades por isso.
Assim, no pasa nada, como dizem os espanhóis.