terça-feira, junho 12, 2012

Paulo Campos, um simples aldrabão ou o quê, afinal?




Paulo Campos, o ex-secretário de Estado dos governos Sócrates, na passada Sexta-feira, dedicou-se no jornal Sol  a branquear o seu passado de governante, tomando os leitores por uma cambada de mentecaptos.
Entre outras pérolas deixou uma que merece destaque: "(...) dizem que eu tenho a tutela da Estradas de Portugal. Bem, a responsabilidade da tutela é de dois ministérios. Eu sou um secretário de Estado que não tem a responsabilidade nem o poder que me vem atribuído."
  Não tem?!
Então de quem é a responsabilidade atribuída por um certo Mário Lino a um tal Dr. Paulo Jorge Oliveira Ribeiro de Campos e que assim foi publicada e escarrapachada para todos poderem ler em Diário da República?

Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações - Gabinete do Ministro
Despacho nº 16 229/2005 (2ª série):
1 - Nos termos conjugados dos artigos 3.º, n.º 11, 9.º e 19.º, todos do Decreto-Lei n.º 79/2005, de 15 de Abril, que aprova a Lei Orgânica do XVII Governo Constitucional, bem como dos artigos 35.º a 41.º do Código do Procedimento Administrativo, delego no Secretário de Estado Adjunto, das Obras Públicas e das Comunicações, Dr. Paulo Jorge Oliveira Ribeiro de Campos:
1.1 - As minhas competências relativas aos seguintes serviços, organismos e entidades:
a) Autoridade de Segurança da Ponte 25 de Abril;
b) Comissão de Planeamento de Emergência do Transporte Aéreo;
c) Comissão de Planeamento de Emergência das Comunicações;
d) Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves;
e) Instituto dos Mercados de Obras Públicas e Particulares e do Imobiliário;
f) Instituto Nacional de Aviação Civil, I. P.;
g) ICP - Autoridade Nacional de Comunicações;
h) Obra Social do Ministério das Obras Públicas;
i) EP - Estradas de Portugal, E. P. E.;
j) Navegação Aérea de Portugal - NAV Portugal, E. P. E.;
k) ANA - Aeroportos de Portugal, S. A.;
l) TAP - Transportes Aéreos Portugueses, SGPS, S. A.;
m) NAER - Novo Aeroporto, S. A.;
n) EDAB - Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja, S. A.;
o) ANAM - Aeroportos e Navegação Aérea da Madeixa, S. A.;
p) CTT - Correios de Portugal, S. A.;
q) Portugal Telecom, SGPS, S. A.;


Para além disto, de quem é a responsabilidade assim mantida através do Despacho 3314/2010 de 11.2.2010, da autoria de um tal António Mendonça, ministro?

É de quem é essa responsabilidade concreta pela tutela directa de várias empresas entre as quais a Estradas de Portugal senão do próprio Paulo Campos que agora a denega como se fosse tão fácil, barato e com milhões a voar dos cofres públicos?
Será que a ligeireza desta aldrabice é semelhante à ligeireza com que decidiu sobre as PPP?

Para além disto que já não é pouco e deveria pura e simplesmente obrigar o tal Campos a sair do Parlamento e do lugar de deputado que ocupa, o mesmo ainda tem a lata de desmentir o que hoje vem reafirmado e que configura a prática de um eventual crime: sonegou directamente, através de instruções precisas, documentos ao tribunal de Contas, instruindo o InIr nesse sentido. Tal actuação, segundo alguns peritos provocou necessariamente um prejuízo ao Estado da ordem das centenas de milhões de euros, em benefício de alguns. É isso que se escreve no jornal i de hoje.



Por que espera o DCIAP? Que se discuta a "judicialização da política", é?

26 comentários:

lusitânea disse...

Coitado do Paulo Campos deve ter comido alguma mioleira de vaca doente que o pai lhe levou...

JC disse...

Vergonha, é o que é!
Devia, de facto, ser mais que suficiente para perder o lugar de Deputado da Nação.

A Assembleia da República não tem mecanismos para tal?
Qualquer coisa do tipo "inquérito interno" para averiguar da idoneidade e dignidade deste aldrabão para continuar a representar os Portugueses?

Karocha disse...

Pelo euromilhôes José???!

Luis disse...

Vigarista não o deixa de ser só porque tem vestes de deputado. Pelo contrário, ganha mais influência para as suas vigarices. Quando se sente acossado faz como todos, atira a responsabilidade para cima dos outros. Ainda vai acabar por chamar pelo pinóquio... já que a "rainha de inglaterra" o não faz.

Vivendi disse...

A culpa em Portugal nunca pode morrer solteira e então para julgar pior ainda.

A culpa é do primeiro-ministro, do governo, de quem neles votou, de quem não votou neles, de quem nem vota, e por aí fora sempre a enrolar... até chegar ao ponto de, dá cá um bacalhau com uma palmadinha nas costas. E assim se lava a cara a estas personagens.

Aliás o único que serve de solteiro (para muita esquerda) é Salazar. Ele é o culpado de tudo e mais alguma coisa. Mesmo do futuro que ainda está para vir. Coitado.

Vivendi disse...

Por que espera o DCIAP? Que se discuta a "judicialização da política", é?

José, de uma ordem política, o que mais seria?

BANDEIRINHA disse...

Mas alguém acredita que a Candidinha a Chiquinha Van Dúnem e a Zézinha Morgado e tantas e tantos outros vão vou mexer numa palha?

Floribundus disse...

sobre a porcaria que é o comportamento do povo português leiam as cartas de Cristovão de Moura a Filipe II depositadas na Biblioteca Nacional de Madrid e disponíveis online.

para mim Filipe II foi um dos melhores reis portugueses e a restauração um grave erro histórico que sempre pagámos caro. sobretudo aos Ingleses que nos consideram a sua melhor vaca leiteira

Gomez disse...

Esta é, também, uma história de tristes figuras. Já agora, vejamos a do INIR.
Segundo o site do INIR, o actual Cons. Directivo daquele IP foi nomeado pelo Despacho n.º 24583-A/2007, de 17/10, estando em funções desde Out. de 2007.
Em ofício enviado ao Tribunal de Contas datado de 28-10-2011 (o famoso anexo 1 ao Relatório do TContas), o Pres. do dito Cons. Directivo assume que as respostas enviadas ao TContas em 2010/2011 continham “significativas omissões de informação com significativos impactes na credibilidade deste Instituto”, que imputa a instruções da tutela de então (gabinete do SE Paulo Campos). No mesmo ofício, justifica a nova posição assumida, com a “alteração significativa da envolvente político-institucional” (leia-se, mudança da tutela).
Ou seja, os Exmºs titulares do Cons. Directivo do INIR, IP assumem que omitiram ao TContas informação significativa, alegando instruções da tutela. À data, cumpriram as alegadas instruções. Sonegaram, conscientemente, ao TContas, informação que reputavam e continuam a reputar muito relevante. Não denunciaram a situação. Não se demitiram. Não recusaram o cumprimento das ditas instruções, face aos deveres legais para com o TContas (correndo os inerentes riscos). Mudada a tutela, vêm “pôr a boca no trombone”. Se a tutela se mantivesse, é de presumir que continuariam calados.
Esta miséria moral só pode merecer uma gargalhada de desprezo, principalmente aos que já “pagaram” por não cumprir ordens ilegais ou ilegítimas.
E deve fazer lembrar que a isenção da Administração Pública depende, na prática, da forma como se cumprem, ou não, as responsabilidades funcionais de cada cargo ou nível de responsabilidades. Muito do que se passou e passa só é possível porque os protagonistas menores são coniventes, por acção ou por omissão, com as práticas dos dirigentes máximos.

josé disse...

Gomez:

E o que aconteceria aos funcionários do InIr se se atrevessem a denunciar a marosca anteriormente?

Sabemos como seria com o governo Sócrates ( e outros, aliás): ou prateleira; ou saída apressada, sem renovações de comichões e outros pruridos.

É assim a vidinha desta gente.

Gomez disse...

Seria como diz, caro José. Mas cumpriam o seu dever. Assim ficamos a saber que, independentemente das responsabilidades do cargo, provavelmente farão o que a tutela do momento mandar.
Enquanto assim for - e é esse o meu ponto - não é possível conter os desmandos na Administração Pública.
A pergunta que também se pode fazer é: se, em devido tempo, o INIR tivesso denunciado a situação, a evolução do caso teria sido a mesma?
Por outro lado, para quem se inquiete com a vida desses dirigentes, convém lembrar que estamos a falar de cargos dirigentes com elevadas responsabilidades, exercidos em comissão de serviço, por pessoas que é suposto terem uma carreira de relevo à qual regressam (mesmo que não gozem dos privilégios dos reguladores "independentes").

Vivendi disse...

Floribundus,

leiam as cartas de Cristovão de Moura a Filipe II depositadas na Biblioteca Nacional de Madrid e disponíveis online.

Pode enviar o link ou contar um pouco mais acerca?

Obrigado.

Wegie disse...

cf:

http://carvalhadas-on-line.blogspot.pt/2006/06/os-traidores-sua-estratgia-e-o-exemplo.html

Karocha disse...

Caro amigo Floribundos

Portugal sempre foi o jardim dos ingleses...
Dai eu!!!

hajapachorra disse...

Deixe-se de tretas, ó Floribundus, o Moura comprou muitos filhos da puta mas isso só faz dele foi um grandecíssimo filho da puta. E o Felipe II não hesitou em invadir, matar, prender, exilar e mandar matar homens inocentes e indefesos como, só para dar dois exemplos de grandes portugueses, João Vaz da Mota e Heitor Pinto. Tal era a ganãncia de pôr o escudo de Portugal no centro, no centro, das armas dos reis habsburgos. Só ignorantes ou traidores podem ser 'iberistas' ou 'amigos' de vasconços e catalunhos.

hajapachorra disse...

Frei Heitor Pinto, para quem não saiba, é simplesmente um dos maiores autores da literatura portuguesa. falta uma edição crítica, mas a Imagem está editada na Lello e, para quem seja capaz de ler português, serve.

josé disse...

Na revista Le Nouvel Observateur desta semana vem um artigo sobre Vasco da Gama, a propósito de uma obra do historiador "conectado" Sanjay Subrahmanyam, indiano que diz duas coisas que segundo o mesmo os portugueses não gostam de saber:

A primeira é que Vasco da Gama ameaçou colocar-se ao serviço de Carlos V se o rei não lhe desse o título de conde e outras benfeitorias.
A segunda é que a armada de Vasco da Gama afundou um navio com centenas de peregrinos a Meca, pertencente ao sultão mameluco do Egipto. Em nome da luta contra os mouros...

hajapachorra disse...

A armada? mas qual armada? a primeira, a segunda? Do Egipto para Meca?! Seria um enorme desvio, desvio impossível, ou azelhice do piloto árabe. Não é que Vasco da Gama, Albuquerque ou D. Constantino de Bragança não fossem capazes disso, mas essa dita por um indiano soa a falso, eles têm a mania que conhecem fontes em árabe e quase nunca é verdade. Os muçulmanos eram o inimigo, obviamente, nenhum português o nega e, mais, também ninguém nega que os portugueses não tinham grande apreço pelos indianos. Como é que podiam ter? Tinham olhos na cara para ver e, por isso, admiravam fascinados os chins e japões. Como hoje.

josé disse...

Bem...por aqui também se comenta a entrevista do tal indiano...

foca disse...

hajapachorra
Também não é assim tão improvável, o Vasco da Gama já conhecia a fama do Mar Vermelho e deve ter aproveitado para ir fazer caça submarina.

josé disse...

E aqui também com excertos da obra.

josé disse...

Diz que a página não existe mas acabei de lê-la...

josé disse...

tentemos novamente

Fernando Tavares disse...

Parabéns «JOSÉ».
Parabéns, por ser "uma voz" na blogosfera que, expõem com toda a clareza, a aldrabice, vigarice, intrujice e mais um contentor de adjectivos com o mesmo significado, sobre esta podre vida política portuguesa que, com todo o caldo que fervilha nesses meandros do Terreiro do Paço, nos tem custado a todos nós cidadãos deste pequenino rectângulo, uma imensidão de sacrifícios, de fechar os olhos e levar as mãos à cabeça!
Bem-haja JOSÉ, por diariamente por a nu o que, de negro e execrável se passa com estes pré- fabricados políticos, parasitas dos tempos modernos que, indignamente ocupam lugares na «Assembleia da República», piratas deste moderno seculo, carregados de facilidades de compadrio, recomendados e apadrinhados por lojas maçónicas ou similares, que proliferam neste pequeno terreiro como todos sabemos. País exausto e raquítico, de tão enorme sangramento e exploração, por estes vilões e vendilhões de meia tijela, que tudo vendem e exploram, desde as PPPs, ao mais pequeno, mas lucrativo projecto PP, sem concurso para embolsar mais uns milhares de euros.
Infelizmente, pouco nos resta aos Portugueses, talvez, reclamar, pedir Justiça, pedir cadeia, para quem a merece, pois quem o pode e deve fazer, está abstrusamente adormecido ou anestesiado, para levar de vencida o vampírico sugar da seiva Nacional.
Mas esses que podem, continuam a não ouvir o povo.

anti-aderente disse...

Mas... está tudo maluquinho ou quê?!... este "sério, talentoso e engenhoso" homem sair de deputado?!... Deviam ter era vergonha de suscitar "tal ingratidão" para com tão meritoso e esforçado “cidadão doutor”.
Esse é, precisamente, o lugar indicado para "gente deste calibre". É ali, mesmo ali, que todos se encontram e devem continuar, para que a todos possamos topar e, todos ao mesmo nível... e ao mesmo tempo - belo e “exemplar quadro”!
Se os misturarmos por outros e diversos lugares, por exemplo, prisões/cadeias/conventos/campos de reeducação/etc., perdê-los-emos de vista e, pior, elevá-los-emos a uma classe superior à sua, a de gente que comete crimes sem protecção politico/legal, ainda que com algum esforço e correndo sérios riscos físicos e não só, por vezes, por muito pouco valor subtraído…
Esta "comandita" deve ser mantida, a todo o custo, em lugar próprio e nada melhor do que na sede da "Associação" a que pertencem...
São engenheiros destes (que não são trolhas) e doutores (que não são escriturários ou maqueiros) que as nossas universidades nos têm presenteado nestes últimos e "gloriosos 38 anos..." e que nos trouxeram até aqui – a esta “esplêndida situação sócio/económica” que estamos vivendo… uma real e “colossal potência” em ascensão… pró invertida! Um verdadeiro “exemplo” global a seguir… lol.
É fartar vilanagem!...

lusitânea disse...

Viva o socialismo internacionalista!

O Público activista e relapso