terça-feira, setembro 04, 2012

Sobre corrupção, o problema em Portugal, é este

José Vítor Malheiros no Público de hoje ( mais outra recaída) escreve sobre o que Cândida de Almeida disse no outro dia na Universidade de Verão do PSD ( há magistrados do MºPº que ficam isentos de cumprir o estatuto...que impede a participação de magistrados em iniciativas político-partidárias de cariz público, mas enfim).

A corrupção em Portugal resulta em grande parte deste estado de espírito colectivo no Estado. Os que têm acesso " ao pote" julgam-se legitimados a "governar-se" sem que tal seja encarado como um fenómeno de corrupção explícita e penalmente relevante.
Que tal seja entendido como perfeitamente normal pelos apaniguados do poder que está ainda vá que não vá porque assim pensaram e agiram sempre, com quase nenhumas excepções. Talvez Eanes não seja assim. Talvez. O resto é tudo, mas mesmos tudo, do mesmo género.
Político que chegue ao poder, mesmo autárquico, comporta-se como se o Estado fosse uma quinta do partido que ganhou, do poder que se alcandorou e dos grupos que acaparou.
Claro que há leis que impedem o saque descarado e punem a corrupção explícita e por via de escândalos e medo de punições que aliás nunca chegam, o equilíbrio entre o que se faz e o que se deveria fazer vai-se mantendo, mas cada vez mais inclinado numa visão prismática de acordo com a cor partidária do momento.
É esse (des) equilíbrio que permite afimações do quilate da directora do DCIAP. A mesma manifestamente não entende a essência da corrupção, tal como JVM a apresenta e é notória e pública.

O que anda a fazer esta senhora no Ministério Público? Já nem digo no DCIAP.

A corrupção apresentada com esta roupagem legalista, fina e subtil,  é a pior que nos atinge desde sempre.
É esta corrupção que permite que certos políticos que têm poder para determinar aquisições para o Estado aproveitem o costume de prendas que estendem ao limite das "luvas" corriqueiras nos negócis de armas, aquisições em ajustes directos e parcerias público-privadas.
Para perceber o âmbito desta corrupção não é preciso ser magistrado do DCIAP ou perito criminalista. Basta perceber o défice que temos no Estado, acumulado ao longo destas décadas de gastos sumptuosos e algums sem qualquer justificação que não a de prover a necessidades de grupos e apaniguados, singulares ou colectivos.
Neste contexto,  partido político que suporte um governo é naturalmente um beneficiário directo e normal. Governante que não arrecada para si mas para o partido, sob a capa de financiamento ilegal punido com coimas ou multas, não é entendido coo corrupto, mas apenas como político. Abílio Curto ( e não Marcelo como por erro escrevi), um dos poucos político condenado em prisão efectiva por corrupção, quando o foi e se aprestava a ingressar na xilindró, lugar natural de residência de muitos políticos com poder de aquisição, mas daí ausentes por motivos difusos, disse publicamente e para quem o quis ouvir que o dinheiro recebido em actividade corruptas tinha ido todo para o partido, no caso o PS. Um certo Vital Moreira sem saber sequer se tal seria verdade, desmentiu-o logo. Foi no tempo do primeiro governo Sócrates...

O povo, nisto, demite-se. Vota em quem faz, mesmo sendo rematado corrupto ( ia escrever o nome de Isaltino, mas recuei porque nunca foi condenado por corrupção. Nem Mesquita Machado, aliás. Nem outros).
E por isso estamos como estamos: como merecemos, aliás e é por isso que temos a directora do DCIAP que também merecemos e o PGR que a escolheu.




Questuber! Mais um escândalo!