RR:
"O Governo prejudica mais os utentes do que a greve na CP e REFER"
Os trabalhadores da REFER têm sido constantemente confrontados com
cortes nos seus salários, um roubo dos direitos. Nós, trabalhadores,
fomos confrontados recentemente pelo Governo não só com as medidas do
Orçamento do Estado, mas também pelo decreto-lei 133/2013 [documento que
prevê cortes no valor pago nas empresas públicas em subsídio de
refeição, ajudas de custo, trabalho suplementar e trabalho nocturno]. É
por isso que estamos nesta luta.
Este é o "lead" da entrevista a um sindicalista -presidente do sindicado dos trabalhadores da REFER, a que se seguirão mais três, igualmente de sindicalistas do sector dos transportes públicos.
Este sector é dos que maiores prejuízos acumula nas contas das empresas do Estado e por isso o que maior atenção suscita nos "cortes" a que as despesas do mesmo Estado têm que suportar para cumprir metas acordadas com os nossos credores externos.
A RR não arranjou título melhor para a entrevista do que este, o que mostra bem o tipo de jornalismo que temos em Portugal: de facção, enviesado, sem eira nem beira, a não ser a do protesto solidário com o sindicalismo vigente, acorrentado a partidos esquerdistas ou que não querem perder o combóio do populismo esquerdista "contra a troika" e sem alternativa do que o sentimento difuso do "quanto pior melhor". Para eles, claro.
Na Segunda-Feira, no programa da TVI24 Olhos nos olhos, Medina Carreira teve como parceiro de conversa Silva Lopes, o governador do Banco de Portugal da primeira bancarrota do país algures em 1976-1977 ( esteve lá de 1975 a 1980). Medina Carreira foi igualmente o ministro dessa bancarrota num governo de Mário Soares. Foi ministro das Finanças no I governo constitucional e geriu os desmandos que se seguiram ao PREC, com toda a economia importante nacionalizada, incluindo toda a banca e seguros. Medina Carreira, segundo o seu perfil na Wiki, abandonou o PS logo em 1978 por discordâncias quanto à política económica seguida. Imagina-se porquê, uma vez que é a mesma de agora. Sempre que aparece nas tv´s e aparece muitas vezes( particularmente na SICN) aquele proto-ministro das Finanças de um futuro governo PS fico a imaginar uma espécie de país irreal como o que existia naquela época em que o senso comum foi capturado pelo vento político das ideias erráticas da fantasia de esquerda.
Ambos aprenderam com o tempo e provavelmente já tinham aprendido tudo na época porque o discurso de ambos, segundo registos de jornal ( que por aqui tenho colocado) não difere muito do actual, de aviso, de ponderação nas despesas e de inevitabilidade de crise financeira quando se gasta mais do que aquilo que se tem.
O que ambos disseram no último programa Olhos nos Olhos, sobre a sustentabilidade financeira da Segurança Social foi muito simples e até repetiram várias vezes, embora a entrevistadora ( Judite de Sousa, especializada na vida pessoal de Cunhal) desse mostras de não ter percebido ao longo do programa: não temos dinheiro e quem no-lo empresta fá-lo-á com juros incomportáveis. Daí a necessidade estrita de cortar despesas em salários e pensões que são a fatia mais importante de todo o bolo das despesas.
Deste saber comum que qualquer dona de casa tem, aqueles sindicalistas não querem saber para nada. Interessa-lhes sobretudo criar confusão social, prejudicar outros trabalhadores ( os que usam os transportes) e criar efeito político para derrubar o governo. Objectivos simples, também.
E nisso há toda a esquerda parlamentar a apostar em peso. Por isso o título da notícia. Quando chegarem ao poder, vai ser pior. Mas isso, para os outros. Quem lá estiver toma conta do pote e coloca os amigos chegados. E isso lhes basta pporque foi sempre esse o objectivo imediato ( e meditato) dos partidos "do arco da governação".
Os outros que lutam denodadamente contra a "troika" contentam-se igualmente com a parte que lhes convém: quanto pior ficar o país, melhor ficarão eles, partidos esquerdistas que tal como as moscas só vicejam na porcaria social. A pobreza e a miséria são o húmus da esquerda.