sexta-feira, novembro 01, 2013

As "roubalheiras" do BPN.

O Jornal de Negócios ( grupo Cofina de Paulo Fernandes)  de fim de semana, conta pela enésima vez o caso BPN para os leitores perceberem melhor. Helena Garrido explica o contexto da nacionalização do BPN e o editorialista João Cândido Silva ( que também dá largas a uma verve de rock-crítico no suplemento a escrever sobre um Lou Reed que provavelmente ouviu em tempo serôdio) dá a sua opinião duvidosa. Repesca a tese da "conjuntura de turbulência" e "risco sistémico", para safar a eventual irresponsabilidade de Teixeira dos Santos. Lá aponta a SLN mas esquece que na Europa não houve assim casos como este. E não dá o devido relevo a quem contestou a medida, na época e com argumentos tão ou mais válidos que os contrários. Porque razão se tenta safar um Teixeira dos Santos de um problema que deveria ser melhor explicado e que Helena Garrido apesar de tudo mostra ter ainda muitas partes escurecidas pelos que tentam desesperadamente branquear o papel daquele Teixeira, também ele apostado agora em esconder o seu papel, como governante, na génese da bancarrota que nos aflige?.
Porque razão não se tentou a solução proposta por Miguel Cadilhe? Quem é que a vetou verdadeiramente? Foi mesmo o Banco de Portugal, dirigido por Vítor  Constâncio?
E porque razão não se nacionalizaram as empresas associadas ao BPN, como a SLN que se sabia estarem já a funcionar como refúgio daqueles que afinal provocaram, directa ou indirectamente  a falência do banco? 

Em 4 de Maio de 2012 escrevi aqui, o seguinte:

Nuno Melo, um dos que mais sabe sobre o caso e cujas intervenções brilhantes na primeira comissão parlamentar sobre o caso foram reveladoras diz que " a comissão de inquérito à gestão, supervisão e nacionalização do BPN em 2009, descobriu mais em três meses do que a própria investigação criminal e o Banco de Portugal, com competências e meios na matéria."

Nuno Melo explicou de modo simples e resumido o que está em jogo neste caso:
"o que esteve em causa foi a utilização de veículos de três entidades BPN Cayman, BPN IFI e Banco Insular ( BI) para conceder empréstimos camuflados, ocultar prejuízos, justificar casos de mora." (...) "Através de uma série de audições, fiz um esquema onde tinha os mandantes: seis; os executantes:quatro; quem criou as offshores:uma entidade; quem trabalhava nessa entidade: três pessoas; quem tinha conhecimento das offshores; quem fez a contabilidade do BPI; papel do Banco de Portugal..."

Portanto existe um antes e um depois no caso BPN, relativamente à nacionalização. Antes, o problema estava já definido e equacionado por Nuno Melo. Depois, continua por se apurar com toda a clareza possível como este assunto provocou já ao Estado um prejuízo directo muito superior ao prejuízo inicial e porque razão tal não foi previsto e evitado através de cautelas e garantias que estavam ao dispor de quem então governava ( Sócrates e Teixeira dos Santos).

O universo do BPN durante a "roubalheira" privada era este, mostrado pelo DN de 29 .4.2012, atomizado em pouco mais de uma dúzia de pessoas e quase todas ligadas ao PSD. Está explicada a tese da "roubalheira" veiculada nos media nacionais e com apoio de quase todos os comentadores residentes que são muitos, às dezenas. A tese da "roubalheira" privativa de alguns próceres e notáveis do PSD contenta  a maioria dos comentadores e noticieiros nos media. A tese da "roubalheira" institucionalizada depois da nacionalização já não tem tantos adeptos. Quanto mais se falar naquela, menos se falará desta, porque estes assuntos, em Portugal,  tratam-se mediaticamente do mesmo modo que o futebol:cada um só vê o clube da sua estima e as faltas dos adversários são sempre mais visíveis que a dos "nossos".


Depois da nacionalização a "roubalheira" atomizou-se ainda mais. A tal ponto que não se sabe onde está o ali-babá, agora.

O julgamento da "roubalheira" privada do BPN anda a fazer-se há quase três anos e ainda não foram ouvidas todas as testemunhas de acusação...como conta o Jornal de Negócios deste fim de semana.
Diz que aos arguidos estão imputadas acusações de abuso de confiança, falsificação de documentos, burla, infidelidade, branqueamento de capitais, fraude fiscal e aquisição ilícita de acções.
Falta uma, porém. Aquela que reuniria a essência do que se passou na "roubalheira" privada do BPN: o crime de insolvência fraudulenta. Os tais que Nuno Melo apontou contribuiram activamente para a descapitalização e insolvência do banco que foi nacionalizado. E essa nacionalização impediu a consumação do crime que só existe se houver insolvência, como é bom de ver.
Portanto, quem safou os suspeitos da "roubalheira" privada do BPN foram aqueles que nacionalizaram o banco. Os demais, agora acusados, estão defendidos por causídicos de renome e proveito. E julgo que não lhes será muito difícil provar que os seus clientes fizeram o que normalmente os administradores e gestores bancários fazem melhor: lidarem com dinhheiro alheio e tirarem partido disso, nas acções que dispõem e nos rendimentos que se atribuem. Como na CGD, aliás. Ou no BCP. Ou noutro banco qualquer.  Será criminosa essa actividade?
Seja ou não, os da "roubalheira" privada que muitos especialistas de leitura de jornal consideraram logo ser "caso de polícia", já estão condenados no tribunal mediático das anas lourenços e afins.

E a outra "roubalheira" que se seguiu é o quê, afinal? Boa gestão? Business as usual?




2 comentários:

Floribundus disse...

a culpa não é do sôzé, constâncio, teixeira ...

culpados foram os que votaram e se preparam para votar no socialismo

culpados são os Angolanos que já deviam ter comprado o rectângulo em saldo

no caso do desinteresse dos Angolanos deviam ter contactado Vladimir Putin

ou os Chineses

ou os Árabes

até à próxima falência com tózero

Unknown disse...

hehehehe, é verdade caro Floribundus, a falência com o Tózero está escrita nas estrelas, é um destino fatal..hehe

O Público activista e relapso