Observador:
A Procuradora Geral da República (PGR), Joana Marques Vidal, quer afastar-se do caso que está a opor o Jornal de Notícias ao Correio da Manhã e, em comunicado, esclarece que apenas recebeu o diretor do JN, Afonso Camões, porque este disse ter informações sobre o caso que envolve José Sócrates. A PGR garante que nada pode fazer e aconselhou Afonso Camões a procurar um advogado.
O Coiso que não gosta d´a Coisa foi à PGR insinuar que os magistrados do processo violaram o seu segredo que por acaso estava na Justiça e já não está. No artigo que escreveu no seu jornal, para onde terá sido indicado por influência directa do recluso 44, o que diz muito sobre a liberdade de informação que temos, menciona veladamente o facto. Sobre o segredo que já não é, moita carrasco. É tudo mentira...
Agora, na SIC, o advogado Araújo, num regresso triunfante, pós quadra dos Reis, no seu habitual discurso fluente e de clareza exemplar, com dicção dentífrica e palatal vem dizer que os violadores de segredo de justiça neste caso são o procurador Rosário e o juiz Alexandre. Assim, sem mais nem menos. O Coiso que não gosta d´a Coisa não disse tanto, mas agora o Araújo apocrifamente confirma: difamação em directo, pelo Araújo, aparecido depois da quadra pós Reis.
Amanhã temos mais n´a Coisa. E vai ser interessante, ou muito me engano.
Aliás, já nem é preciso esperar por amanhã. A Internet curto-circuita o tempo e já há resposta do director d´a Coisa:
"O editorial que o 'JN' hoje publica confirma o que o 'CM' escreve sobre esse assunto. É a defesa de uma pessoa que fez algumas coisas que estão vedadas a jornalistas. Ele escuda-se no facto de, na altura em que avisou Sócrates das investigações, não ser jornalista mas sim presidente da Lusa. Mas confirma tudo". É a resposta de Octávio Ribeiro, diretor do "Correio da Manhã", ao texto publicado esta manhã por Afonso Camões, diretor do "Jornal de Notícias". "Por mim, hesito em ir às fuças cobardes de quem me quer ofender, porque resisto à ideia de meter as mãos na enxovia", escreveu Afonso Camões, em editorial hoje publicado.
Octávio Ribeiro acusa ainda a ERC, cuja independência "está posta em causa". E diz: "Acho extraordinário que as informações sobre as reuniões entre Proença de Carvalho e o presidente da ERC não tenham motivado qualquer reação no plano político. Esta ERC já não faz sentido algum". Na base de toda a polémica estão escutas a José Sócrates, que segundo o Correio da Manhã mostram ingerência do antigo primeiro-ministro na comunicação social.
Por outro lado, o assomo de dignidade restante que o presidente da ERC poderia ter dado mostra na votação da recomendação já mencionada , esfumou-se completamente com isto. Resta a magna porta de saída:
O presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), Carlos Magno, absteve-se na votação da recomendação relativa a uma queixa de José Sócrates contra o Correio da Manhã por considerar que a ERC devia ter sido mais contundente na condenação que fez ao jornal.
Em fevereiro de 2014, a ERC emitiu uma recomendação em que reprovava “a atuação do Correio da Manhã” no tratamento jornalístico dado à vida de Sócrates em Paris e à ligação do ex-primeiro-ministro à Octapharma. A deliberação foi motivada por uma queixa de José Sócrates àquela entidade e Carlos Magno absteve-se. Sabe-se hoje que, nas escutas feitas ao ex-governante, Proença de Carvalho (um dos advogados de Sócrates) terá tido uma reunião com o presidente da ERC no sentido de travar as notícias do Correio da Manhã.