Os factos históricos que carecem de explicação geralmente
suscitam teorias de conspiração oculta na sua génese.
Tal sucede com o golpe militar de 25 de Abril de 1974 e o
fenómeno que o acompanhou, de
sobreposição crescente e rompante, nos meses seguintes, da ideologia
esquerdista e comunista à ideia que prevalecia anteriormente sobre o Estado e a
sociedade portuguesa.
Para explicar tal fenómeno aparecem teorias e algumas delas,
naturalmente, de índole conspirativa.
No blog do Dragão a tendência para apresentar uma história interessante
mistura por vezes os ingredientes dessa
fantasia que inquina uma verdade límpida e difícil de alcançar.
Não tenho pretensões a historiador, como já escrevi várias
vezes, mas procuro saber o que sucedeu nessa época que também vivi e para issoi
socorro-me dos meios ao meu dispor: a memória e os factos conhecidos através
dos relatos da época.
E onde aparecem esses relatos? Nos livros? Sim, em
depoimentos pessoais dos envolvidos e testemunhos de quem ouviu outros.
E onde mais? Pois, nos jornais da época que relatavam os
acontecimentos à medida que se iam produzindo e publicavam também opiniões e
versões desses acontecimentos pelos protagonistas.
Haverá melhor fonte de informação de certos acontecimentos que
fotos , notícias e textos da altura que denotam muitos dos pormenores
circunstanciais dos mesmos factos e acontecimentos? Duvido.
Sobre um acontecimento fulcral do dia 25 de Abril de 1974 suscitam-se
dúvidas e reservas que alimentam a
especulação fantasiosa de "acordos" e confabula-se a hipótese de
Marcello Caetano estar de alma e coração com os revoltosos do golpe.
Isto que me parece errado e até ignominioso para a honra de
Marcello Caetano é acreditado por ilustres personagens que nesse tempo viveram
e nele desempenharam altas funções.
Antes de apresentar essas versões, coloco aqui novamente
algunas páginas do livro Marcello Caetano- o 25 de Abril e o Ultramar,
publicado pela Verbo e que reune três entrevistas que Marcello concedeu ao
semanário brasileiro O Mundo Português, em 25 de Junho e 2 de Julho de 1976,
sendo a terceira inédita.
Estas páginas relatam na primeira pessoa o que sucedeu no Largo do Carmo e no quartel da GNR, onde Marcello Caetano se encontrava no dia 25 de Abril de 1974 e as circunstâncias explicativas por que se encontrava lá e não em Monsanto, onde supostamente deveria estar.
Proximamente publicarei um episódio, inédito para a generalidade, sobre esta breve estadia de Marcello Caetano nesse local.