Vasco Pulido Valente anda em maré de balanços e acaba de confessar no Público de hoje que se fixou nos últimos 50 anos em leituras sobre as duas grandes polémicas do tempo: " a natureza do comunismo soviético e as pretensões científicas do marxismo". Conclui que tais assuntos, afinal, têm pouco interesse e são até claros.
Porém, adianta uma explicação para o facto de em Portugal, ao contrário de outros países, tais assuntos merecerem durante as últimas décadas a devoção de uns tantos intelectuais e a manutenção de um respeito intelectual por quem afinal nunca o mereceu: os comunistas e particularmente os portugueses.
Essa explicação residirá na circunstância de a Censura do Estado Novo não ter permitido que se desmontassem os mitos e lendas que o comunismo propagandeava e que na Europa só enganou alguns durante algum tempo. Por cá enganou muitos durante muito tempo, até hoje.
De facto pode ter sido esse o maior erro do Estado Novo e do que se lhe seguiu, com Marcello Caetano. A Censura do comunismo, levada ao extremo, terá produzido um efeito apelativo e fanático que de outro modo se desfaria em pó ideológico como sucedeu na maioria dos países europeus.
O logro comunista ainmda hoje se produz com os mesmíssimos truques de linguagem e as mesmíssimas tácticas de ajustamento ao tempo do momento, analisando sempre as " condições objectivas e subjectivas" para a acção.
O PCP e a extrema esquerda comunista, ainda assim permanecem um mistério na sua evolução em Portugal. Se no tempo de Salazar e Caetano não havia propaganda livre do comunismo nem a sua crítica acerba fora dos circuitos do discurso oficial, nestes últimos 40 anos não só tal propaganda se libertou como a crítica ao comunismo se tornou igualmente livre. Ainda mais: a queda do muro de Berlim e a desfeita do comunismo no Leste europeu deveriam constituir antídotos mais que suficientes para que o comunismo não se mantivesse como doutrina ideológica aceitável e desaparecesse de vez em Portugal, como por exemplo na Hungria.
E tal não sucedeu, a meu ver por idênticos motivos aos que havia no Estado Novo: os media nacionais não veiculam com o ênfase que outros países o fazem, as contradições de uma doutrina essencialmente maléfica para a Humanidade e condescendem com o partido que a defende como defendia à 40, 50, 60 ou mais anos, sem mudar uma vírgula no discurso essencial e apenas se adaptando às "condições subjectivas e objectivas".
É este mistério na sociedade portuguesa que provavelmente ajuda a compreender em parte a grande questão que por aqui coloco: como foi possível após o 25 de Abril uma mudança tão rápida na mentalidade portuguesa relativamente ao então seu passado recente?
Uma resposta possível e plausível deu-a agora VPV: ignorância persistente e condescendência permanente.
Só assim se compreende que um jornal como o Expresso, antes do 25 de Abril, um órgão dos "liberais" do regime anterior, tenha publicado durante o prec de há quarenta anos, coisas como esta que denotam que "Portugal era uma ilha de iletrados em que se admirava o PC e se persistia em venerar Sartre".
Um desses "iletrados" militantes só pode ser o comentador televisivo do Domingo na TVI, então no Expresso..
22 comentários:
qualquer anão tem nas tvs mais audiência que VPV
a censura das redacções socialistas e sociais fascistas
é muito mais eficiente que a do tempo do fascimo
a esquerda portuguesa brinca aos países devido ao baixo nível de instrução do zé polvinho
este começa por confundir socialismo com justiça social
a presença do presidente do soviete dos funcionários do fisco, elemento do BE, é um caso típico da censura televisiva
a AR é um caso perdido no país dos monhés
num país adormecido há insones
Enquanto os jovens têm um nível mais alto de melatonina, a produção desse hormônio diminui conforme vamos envelhecendo. Alguns cientistas acreditam que esse é o motivo pelo qual alguns adultos mais velhos lutam para poder ter uma quantidade de horas recomendada de sono ou até mesmo vão para a cama mais cedo e acordam antes do nascer do sol.
Os pesquisadores descobriram que o abacaxi, banana e laranja foram capazes de aumentar a presença de melatonina de modo significativo. Abacaxis aumentaram a presença de aMT6s em mais de 266% enquanto as bananas aumentaram os níveis em mais de 180%. Laranjas aumentaram os níveis de melatonina por cerca de 47%.
Mas ele termina com a questão que mais me encanita:
"No Portugal arcaico, que é o nosso, estas ressurreições não animam."
Pois não. Mas as ressurreições estão aí.
E não são apenas os media. Acontecem nas faculdades e nos nossos "intelectuais".
Agora já não se pode dizer que é por censura que estas anormalidades ainda são lei.
Mas são. Nasce gente a falar de forma serôdia como há 50 ou 80 anos atrás.
Nunca saíram daqui- o mais "alternativo" que concebem ainda é esta palermice a cheirar a mofo.
Como se explica no presente este fenómeno?
Floribundus: melatonina não me deve faltar- durmo 8.30 a 9 hs seguidas nas calmas
Mas a minha tia alzheimaridta, com 95 anos, anda a bananas e dorme 14 hs seguidas sem comprimidos.
":OP
Talvez aquela hipótesevdo hajapachorra faça sentido.
A imbecilidade é assim- é isto que se estudaa, é isto que ainda se propaga.
Portanto, esta anormalidade ainda tem aura.
Porque ultrapassa a política- é "cultura".
Portanto, a questão amntem-se:
Se a censura tivesse desaparecido, isto também tinha ficado com um pequeno lugar como nos outros países?
Não sei. Porque agora, sim; já se devia perceber que é coisa balofa e sem ponta por onde se pegue.
O problema é igual ao dos islâmicos.Repetição, muita repetição.Fica tudo colado muito bem...
É engraçado que o Nassim Taleb justifica da mesma forma a primavera árabe. Aliás, aquilo que o VPV disse insere-se perfeitamente na teoria do anti-frágil.
Parece-me que, ou o VPV leu o anti-frágil ou chegou á mesma conclusāo que o Taleb sobre sistemas complexos.
Mas que raio disse o VPV neste texto que possa ser idêntico à primavera árabe ou que o Taleb tenha dito?
O VPV diz apenas uma coisa: por cá o marxismo foi proibido e toda uma geração de idiotas iletrados ficou marxista e propagou-se até aos nossos dias.
É isto que lá está- uma coisa caseira.
'se bein me alembro'
havia, na minha longínqua juventude, na Emissora Nacional
um programa
'Rádio Moscovo não fala verdade'
analisaram e comentaram o comunismo da urss até à exaustão
os suburbanos não estavam interessados
o zé polvinho continua com 80% de iliteracia
os sovietes, por serem primários, estão para lavar e durar
Também me lembro de falarem nisso e provavelmente ainda ouvi algum, no tempo da guerra no Ultramar.
Porém, tais programas eram ouvidos de pé atrás como simples anti-propaganda. Não esclareciam provavelmente o que passava do mesmo modo que a abertura pura e simples a informação independente.
Ou seja, funcionava como a informação do Novidades que sendo oficiosa trazia sempre água no bico e as pessoas percebiam.
O rapazola Vasco Pulido Valente se um dia conseguir trocar a cabeça com um burro, o pobre animal sairá tremendamente a perder.
Mas então não tem razão nisto que escreveu? Mesmo sendo, supostamente, um cripto-asno?
É que eu revejo-me inteiramente no escrito e por isso temo o paralelismo...
E lendo a tremenda análise de Sartre no Expresso da época fico a perceber com quem não deveria trocar de cabeça...son oena de ficar irremediavelmente mentecapto
sob pena
José,revejo-me totalmente no que escreveu,por experiência própria.
jose j.
Corta-Fitas
Pedro Adão e Silva acusa:
por Vasco Lobo Xavier, em 22.03.15
Nos cofres não está dinheiro, é dívida!
E julga-se ele inteligente...
“os mitos e lendas que o comunismo propagandeava e que na Europa só enganou alguns durante algum tempo. Por cá enganou muitos durante muito tempo, até hoje.”
O Syriza e o Podemos continuam a enganar muitos. E a propaganda comunista está longe de se restringir aos assumidamente comunistas (por exemplo, o Syriza esvaziou os socialistas gregos) e, nas suas vertentes sociais, floresce como cogumelos pela Europa e não só. Dou exemplos: evolucionismo, casamentos homossexuais, direitos dos animais, ecologia “anticristã”, feminismo…
“os media nacionais não veiculam com o ênfase que outros países o fazem, as contradições de uma doutrina essencialmente maléfica para a Humanidade”
A comunicação social portuguesa não me parece muito diferente da de outros países europeus (talvez a excepção seja a não existência, por cá, de um jornal de “direita conservadora”). Os “comunistas” têm, nas últimas seis décadas, controlado a comunicação social e os estabelecimentos de ensino (do pré-escolar ao universitário e, repito, não só em Portugal) pelo que, as ideias de esquerda (nas suas mais variadas formas políticas e sociais) prevalecem largamente sobre as restantes. No mundo de hoje, ainda que surjam variantes, umas mais disfarçadas outras nem tanto, o esquerdismo, nas suas diversas vertentes (marxismo, maoísmo, trotskismo, socialismo, social-democracia, ou mesmo neoconservadorismo, para citar apenas as políticas) é esmagadoramente maioritário.
Floribundus, porque a esta hora já deve estar a dormir e porque fala sobre o conteúdo dos cofres, deixo-lhe este link para acompanhar o pequeno almoço
http://economiainfo.com/edicoes/2015/03/21/cofres-cheios/
Que grande novidade! Estou careca de o dizer, que o regime pós-25 é filho do regime anterior. As perplexidades que por aqui se põem são o espelho dessa cegueira. Temos a direita mais burra da Europa e arredores e a esquerda mais estúpida e reaccionária do universo. A razão também me parece óbvia: a ignorância geral de um povo iletrado desde Pombal. Sim, desde que esse déspota acabou com uma rede de colégios que assegurava a instrução de muitos milhares de portugueses. Só na segunda metade do séc. XX voltamos a ter algo de parecido. Não admira que vivamos num país desgraçado quando um obscurantista desse calibre :-)) tem a mais alta estátua de Lisboa. Serve para comemorar as vitórias caseiras do benfas. Estão todos bem uns para os outros.
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