Em 11 de Abril de 1986 o Jornal publicou um artigo de página, assinado por Fernando Dacosta dando conta do que seria a Direita em Portugal nessa altura.
Como representantes dessa "direita" apareciam no retrato Cavaco Silva, Freitas do Amaral e Proença de Carvalho. Fica tudo dito com esta análise impressiva do jornalismo corrente desse tempo. E Fernando Dacosta nem era dos piores...
Para o articulista haveria cinco "direitas". A mais interessante é a que aparece designada como "direita musculada" e que seria "autoritária, imediatista, adepta de soluções violentas. Cultiva o nacionalismo e a simpatia pelos regimes de força e o desprezo pelo comunismo e partidarismo. Vive na nostalgia de Salazar. Recruta-se na classe média e média baixa, aspirando a mobilizar populações da província".
Esta direita ou as direitas aqui elencadas não existem em Portugal, actualmente, como força política organizada ou mesmo como correntes de opinião reconhecidas mediaticamente nos principais media. Existem uns líricos que proclamam ideias parecidos ou sustentam uma nostalgia de um tempo ido e pouco mais. Alguns escrevem no jornal O Diabo, por muitos ainda considerado um "pasquim da reacção".
Assim quando muito existem por aí uns blogs avulsos em que se dá vazão a essa expressão.
No outro dia, houve uma manifestação de uns resquícios dessa direita musculada no Martim Moniz, contra outra manifestação em prol de refugiados.
A polícia apareceu e prendeu um elemento ou dois do PNR. Antes tinha havido uma acção de força do MºPº contra "skins" ou seja lá isso o que for.
Em Portugal não há qualquer hipótese democrática de poder aparecer livremente um movimento ou partido desse género porque é logo catalogado de nazi, diabolizado pelos media e perseguido pelo MºPº sob denúncia de um qualquer esquerdista marado.
E no entanto há uma força que permanece imutável ao longo do tempo e que tem uma ideologia que é radical e sem exemplo no mundo ocidental, como o conhecemos: o PCP.
Atente-se nestas páginas da sua última revista O Militante, de Novembro/Dezembro 2016:
Este partido que integra a coligação parlamentar que sustenta o Governo actual em funções tem a sua ideologia perversa bem exposta para todos lerem e até tem o seu guru intelectual que há muitos anos tem ideias sobre a economia e as escreveu em manual, agora reeditado: Avelãs Nunes.
Este e outros não incomodam ninguém...e portanto o desequilíbrio democrático mantém-se. Talvez por isso ainda não tenha surgido em Portugal um fenómeno como o da família Le Pen, em França...