segunda-feira, março 13, 2017

O presidente da República resolveu deslegitimar o poder judicial...

 Observador:

O Presidente da República considerou esta segunda-feira que há um sentimento generalizado de “desconforto” com a justiça, que para os mais críticos se compara à “punição eterna de Sísifo”, apesar de “muitos e bons passos” terem sido dados.
Tudo somado, sentimos todos um desconforto, que não é o de Sísifo, mas que existe. Por cada centímetro de avanço há meio, dirão os optimistas, há dois ou três, garantirão os pessimistas, perdidos”, declarou.
Marcelo Rebelo de Sousa, que falava durante o seminário “Justiça Igual para todos”, promovido pela Associação 25 de Abril, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, recusou, à saída, comentar o caso do antigo primeiro-ministro José Sócrates.
“Não vou pronunciar-me sobre uma questão concreta da justiça”, respondeu o chefe de Estado aos jornalistas, afirmando que, “em abstracto, já disse o que tinha a dizer”. Na sua intervenção neste seminário, o Presidente da República falou da evolução e da actual situação do sistema de justiça, reiterando a necessidade de convergências neste sector que envolvam os operadores judiciários.
“Teremos assim, ainda que de modo incompleto, e por conseguinte imperfeito, um quadro que faz recordar aos mais críticos uma das obras marcantes da adolescência de alguns de nós, como foi o meu caso: “O Mito de Sísifo”, de Albert Camus”, considerou. Marcelo Rebelo de Sousa referiu que essa obra se inspira “na punição eterna de Sísifo de acordo com a mitologia grega: a condenação a empurrar um pedregulho de mármore até ao cume da montanha, vivendo o desespero de ver o penedo no momento decisivo rolar montanha abaixo, fazendo-o recomeçar do início o exaustivo labor”.
“Assim seria, para muitos, a justiça hoje, em Portugal, como por muitas outras latitudes e longitudes”, acrescentou. O Presidente da República abordou o ponto de vista dos legisladores, que “louvam os seus diplomas”, dos magistrados, que “contam-nos o denodo com que investigam ou julgam, com escassíssimos meios, os resultados animadores a que chegam”, e da comunicação social, que tem “acesso quase em tempo real ao que pode e deve ser conhecido e escrutinado no sistema, e até ao mais pequeno pormenor daquilo que a lei proíbe que se saiba”.
Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que “nenhum legislador quer assumir o odioso de tornar formalmente acessível” o segredo de justiça, “invocando para esse efeito os direitos fundamentais ou os valores da investigação – sendo certo, não obstante, que por regra a violação dessas interdições nunca levará ninguém a qualquer condenação”.
No final, concluiu: “A verdade manda que se diga que muitos e bons passos foram dados, têm sido dados nas leis, nas estruturas e nas vias disponíveis para um melhor sistema de justiça. E, no entanto, tudo somado, sentimos todos um desconforto”.

O presidente Marcelo está muito preocupado porque os processos mediáticos não andam tanto como gostaria, ou seja ao ritmo dos seus comentários diários e televisionados. O tempo de Marcelo desde há uns tempos que pretende outro tempo. Parece que será "outra democracia"...

O presidente da República é o supremo magistrado da Nação, o que toda a gente deve saber. Nesse papel representativo de um povo e nação deveria olhar por cima do que está e ver o que é. Marcelo, no entanto, prefere outro ângulo de visão: o populista, o que vê a aparência e profere discurso sobre a mesma, sem cuidar das consequências. Elas virão, porém, malgré lui.

A deslegitimação do poder judicial  que agora encetou com este denodo assenta numa dúvida: Marcelo Rebelo de Sousa percebe o que disse ou apenas pretende fazer coro na romagem dos agravados pelas investigações por corrupção que atinge o coração do Estado?

O seu amigo Ricardo Salgado ( era visita de casa e de férias) se calhar deveria estar preso, por esta hora.

Marcelo, como presidente, acaba de mostrar quem é e o que pretende: sapar a investigação criminal que incomoda amigos.
Em política o que parece é. E é isto que parece...

Em França, por exemplo, o que diriam deste discurso do  nosso supremo magistrado, após conhecer esta notícia?

 Desde que foi detido a 14 de Agosto de 1994, no Sudão — adormeceu numa clínica de Cartum para uma operação de emergência aos testículos, acordou numa prisão em França –, Ilich Ramírez Sánchez já foi julgado duas vezes. Sempre com o mesmo resultado: em Dezembro de 1997 foi considerado culpado e condenado a prisão perpétua pelo homicídio de dois elementos dos serviços secretos franceses e um informador libanês; em Dezembro de 2011 idem, com a mesma pena, por ataques à bomba que mataram 11 pessoas e feriram mais de 100 em França entre 1982 e 1983.

Diriam que o nosso presidente está "lelé da cuca"? 

3 comentários:

Floribundus disse...

como comentador está ao nível dos restantes

como PR ...

'vou ali e já venho'

lusitânea disse...

Grande amizade pelos ditadores cubanos.Se não fosse Presidente cá queria ser em Moçambique.A bissectriz está sempre com as maiorias embora dê sempre boas notícias a toda a gente.Em suma é mais um adepto da "divisão" que lhes é evidentemente servida pelo pessoal dos impostos que quase trabalha na clandestinidade...

joserui disse...

Nunca me enganou o Marcelo!

O Público activista e relapso