Em finais da década de sessenta, talvez motivado por filmes de guerra que se viam na tv, a preto e branco e livrinhos de cóbóis com historietas da II Guerra mundial em que os alemães apreciam sempre como os maus dessas fitas, comecei a interessar-me por saber um pouco mais sobre o que foi essa guerra.
As fontes de informação sobre o assunto não eram abundantes, em Portugal e nessa altura não se me colocava a questão de saber se a informação disponível era suficientemente isenta e imparcial. O que lia tinha quase sempre a chancela de editores que partilhavam a visão dos vencedores ou então consistiam em relatos de protagonistas que tinham sido vítimas, como os judeus.
Havia livros e foi por aí que comecei, a ver os catálogos das editoras.
A editorial Aster tinha uma colecção razoável, em 1969:
Foi por aí que comecei, em Junho de 1969, ao comprar a biografia de Rommel escrita por um alemão e depois, em 1971 com um relato da guerra vista por um soldado alemão:
O interesse por Rommel prendia-se à curiosidade pelas grandes batalhas e a campanha do Afrika Korps e duelo com Montgomery que o alemão perdeu, era contada pelo meu pai que chegou a viver os acontecimentos, na altura empolgantes, pelos relatos da época.
Faltava-me uma história da Guerra e à míngua de melhor ( que custavam muito mais caro) comprei esta, em 1971, que aliás nunca li integralmente porque é um compêndios de mapas, diagramas e narrativa tecnicista da guerra.
O que na altura queria mesmo eram estas edições em vários volumes, da Europa América e das Seleções do Reader´s Digest, a mais desejada e entrevista num catálogo que vinha com o almanaque de 1970:
Entre estas histórias da História da II Guerra fui lendo e descobrindo episódios de alemães que no fim da Guerra fugiram para países onde se tornaram virtualmente desconhecidos. Sempre acompanhei as notícias sobre esses indivíduos que escaparam a julgamento por crimes de guerra e se refugiaram na América doo Sul, onde havia dirigentes políticos como Perón na Argentina e Stroessener, no Paraguai que protegiam esses fugitivos, tal como os americanos protegeram outros que lhes interessavam porque eram cientistas com saber e conhecimentos úteis, como von Braun.
O primeiro de que ouvi falar foi Martin Borman, numa publicação que não recordo, em relação ao qual havia dúvidas de que tivesse morrido e havia quem assegurasse que se encontrava num país da América do Sul.
O que sucedeu no final dos anos cinquenta e início dos sessenta, com o rapto rocambolesco e sucessivo julgamento em Israel, de Adolf Eichman levado a cabo por um judeu, célebre caçador de nazis, Simon Wiesenthal, alimentava as histórias e mitos sobre o assunto.
As Seleções do Reader´s Digest eram uma fonte desse género de informações.
Borman não foi encontrado porque nessa altura estaria morto, mas outros foram procurados e conseguiram escapar, como Josef Mengle, cuja história foi já mencionada aqui, por causa de um livro recente acerca da sua saga de esconderijo em esconderijo, até à morte, por afogamento, no Brasil em 1979.
Em 29 de Junho de 1985 a revista francesa Le Figaro Magazine publicou uma reportagem extensa, saída originalmente na revista alemã Bunte sobre Mengele, no Brasil, tal como contada pelo seu filho Rolf. Curiosamente, o livro de Olivier Guez, La disparition de Josef Mengele, não cita esta reportagem nem o filho do fugitivo...
Antes, em Dezembro de 1971 já tinha lido a entrevista que outro fugitivo, descoberto por Wiesenthal no Brasil, dera a um jornal inglês- The Daily Telegraph- quando se encontrava preso na Alemanha, Dusseldorf a cumprir pena de prisão perpétua.
Na altura nem li a entrevista toda porque já tinha ideia que o que tinha acontecido nos campos de concentração e era contado correspondia à verdade. Nunca lera nada em contrário, nunca ouvira nada em contrário e tudo o que lera e ouvira confirmavam a existência dos mortos em massa nos campos de concentração, o que vulgarmente se chama Holocausto. Seis milhões de judeus.
Mais tarde, já nos anos noventa comecei a ouvir falar em versões diferentes e ainda mais tarde em negação do que tinha lido que acontecera. Até hoje.
Sem elaborar muito, a ideia que tenho é que as mortes em massa e programadas, aconteceram e se não foram seis milhões foram muitas centenas de milhar, mais do que os que morreram de doença ou causas "naturais".
A entrevista confirma tal facto.
226 comentários:
«O mais antigo ‹Mais antiga 201 – 226 de 226Ó inteligente, o testamento vital e a eutanásia que se fala em aprovar só podem ser voluntárias. O doente é que pede para morrer.
Tem de agir casualmente Muja… não dar nas vistas. (E este comentário tive de escrever duas vezes, o primeiro desapareceu, já devem ser eles…)
A sério que andem aí.
E vieram com os velhos, de barbas brancas. Deve ser coisa importante.
Deve ser o dia de contar os diamantes!
Às tantas estiveram a combinar os prémios nóbeles e os óscaros...
Cuidado que ainda é "ostracizado".
Neste blog bem visto é quem declara os judeus raça inferior "genéticamente" maldosa e vingativa...
Posto isto, tambérm acho que existe um grande exagero nos números do holocausto, mas que existiu existiu.
Porque como diz o outro "sobredotado" o Rui, (o mais sobredotado sou eu ) mesmo que só tivessem assassinado um milhão já era demais.
E que os nazis eram perfeitamente capazes de o fazer pode ser provado pelo que fizeram a civis arianos, massacrando aldeias inteiras em Itália, França, Checoslováquia, Rússia.
Se fizeram isso a arianos muito mais facilmente o fariam a judeus, que os nazis como a Maria dizem ser uma "má raça".
Perguntei a um no avião o que se passava,
- Ah não sei...
Ahahaha!
É conspiração pela certa! :D
Muja,
Disfarce, mas vejo que se passeia por Nova Iorque e por Londres, lugares muito concorridos pela turma eleita.
Mais revelador que isto, só se o Muja for fazer praia a Tel Aviv ou ver a bola ao estádio do Tottenham. :-))
Miguel D
Ehehe, não é passeio, é trabalho.
Pode crer que de outra forma me lá não apanhava. Especialmente Nova Iorque.
Quem tiver curiosidade é só ver pelos filmes. É igual. Ahahaha!
Tel Aviv é que muito dificilmente me lá apanha. Felizmente que o trabalho não dá para aí, porque acho que recusava por lá os pés. Só com passporte diplomático. E mesmo assim...
Acho que o José está mais interessado em perceber os alemães que os judeus...
Se é por causa do visceral, devia começar pelos austríacos e não é pelo Hitler ser austríaco. Há ali qualquer coisa de perturbador, é uma gente que não interessa.
A leveza com que se fala de massacres (sejam eles de quem for) é impressionante.....que NOJO.
O racismo nestes comentários é ignominioso, asqueroso.....mas a culpa deve ser de Salazar e Caetano....comme il faut......
A comentadora Maria deveria ter vergonha, um módico de vergonha, pelo menos......
Passei por aqui e fiquei espantado com a extraordinária ignorância da maior parte dos comentadores sobre o Holocausto. Claro que esta ignorância tem raizes ideológicas nas cabecinhas destas pessoas que só acreditam naquilo que querem. Que gente mais sinistra! Assustador. O José devia ter vergonha dos seus seguidores. Felizmente estes assuntos não são questões de crença mas de verdade histórica, de milhares de documentos e depoimentos. E, depois, o geralmente melhor informado o próprio José com dúvidas sobre a vontade do regime nazi acabar com os judeus à face da terra. Ó homem vá ler uns livros para aprender alguma coisa.TUDO MUITO MUITO LAMENTÁVEL.
Está enganado. Não disse que tinha dúvidas sobre isso. Disse apenas que essa é a questão a que se deve responder e que a minha resposta era tendencialmente sim.
E quanto a livros, tais como chapéus, há muitos.
Os livros que contam tal coisa dizem que esse desiderato do nazismo não nasceu em 1939. E que em Wannsee foi decidida a maneira mais prática de eliminar uma grande quantidade de judeus ( e outros). Os livros dizem quantos judeus morreram ao certo?
É outra dúvida.
Duvidar é querer saber. Quem tem certezas, já sabe.
Por outro lado neste blog a opinião é livre. E não tem dono como parece ser o caso dos que têm certezas baseadas em factos que não presenciaram e apenas conhecem de cor, por terem lido acerca disso.
Mas sabemos, com a experiência de historiadores do género Rosas&Flunser que a História é algo sujeito a interpretações, mesmo com os factos todos à mostra, como é o caso do regime do Estado Novo.
Esses historiadores também têm certezas ao escreverem asneiras.
Não misture as coisas. Evidentemente que existe sempre alguma contaminação ideologica, porque a História é feita por pessoas. Mas no caso do Holocausto o que há mais é certezas. A grande questão e não totalmente respondida é outra: como foi possível? Como integrar o nazismo na história humana? O que foi aquilo? Porque é muito mais simples e, parece-me, de fácil explicação os horrores vindos do marxismo leninismo seja na Rússia , na China ou no Cambodja.
Ò Muja não foi preciso esperar muito tempo até lhe darem razão!…
Felizmente que apareceu um aferidor da qualidade dos seguidores (?) do José… fomos todos corridos a vergonha (menos o ostracizado). Aliás já dizia o saudoso Pinto Monteiro, os blogues é uma vergonha.
A um nível pessoal eu gostava de viver cheio de certezas e a saber tudo, infelizmente nasci curioso e ignorante não há outro. Aprendo com toda a gente, menos com o ostracizado e aferidores da vergonha alheia.
Sim. Os da indignação em lata.
É para se sentirem gente, é o que lhe digo.
Os horrores do marxismo não lhes custa nada entender, é coisa banal.
Os dos naziiis é que lhes custa muito, muito. Inevitavelmente chegam à conclusão predestinada: eram subhumanos. Assim já dormem descansados - sem medo de darem por eles a gazear judeus a meio da noite.
Precisam dos dos subhumanos nazis para se sentirem humanos por comparação.
Zazie,
Uma pergunta para si:
Referir a questão dos fornos não é cientóinismo?
Segundo o dogma, os fornos era porque eles matavam tantos, tantos, que não davam vazão a enterrá-los. (O contra-dogma diz que é porque a causa de morte era tifo e a cremação prevenia a contaminação).
Mas se podemos calcular quantos matavam, não é legítimo calcular quantos conseguiam cremar com os fornos que se conhecem?
"os fornos era porque eles matavam tantos, tantos, que não davam vazão a enterrá-los"
É verdade. Também sempre li isso em todo lado!
Eu pensava que o submundo eram os nazis como vocês.
Caro joserui.
Pois.
É natural que não queira aprender comigo.
Bastou-me dez minutos para provar que a vossa ideologia é formada de falsidades.
Aquela aldrabice do regime democrático proibir os livros da vossa extrema-direita é paradigmático.
E quando provei que vocês estão a mentir, dando o exemplo do Mein-Kampf, que é vendido em todas as livrarias, vocês responderam com assédio moral e insultos a ver se me vou embora.
Se se tratasse apenas de um erro, vocês reconheceriam e eu encaixaria, que também cometo muitos.
Assim vocês e a vossa ideologia ficaram apresentados.
São só tretas.
Aqui deixo um link para um texto que resume muito do debate sobre a política judaica da Alemanha nazi, designadamente o papel de Hitler no processo. O seu autor está muito longe de ser um negacionista, pelo contrário.
http://www.genocideeducation.ca/kershaw.pdf
Ao contrário do que alguns "príncipes da indignação" que aqui comentaram pretendem, há diversas teorias sobre o assunto e a realidade é que não há apenas uma versão que se revele consensual sobre as decisões que levaram ao holocausto.
Miguel D
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