domingo, abril 29, 2018

Maio de 1968 : a utopia e o romantismo desculpam tudo?

Público e Correio da Manhã dedicam as edições de hoje a outra comemoração cinquentenária: o Maio de 1968. O Expresso adiantou-se e publicou na semana passada o óbulo à utopia. Assinado por Rui Cardoso cita o Fernando Rosas e o Miguel Cardina e alguns cartoonistas franceses da época.

Os franceses há meses que andam a publicar números especiais sobre o tema e artigos que não fogem de uma ideia que fez curso por cá, na altura da manhã daquela Abril de 1974: de repente tudo parecia possível ao comunismo que não alinhava por Moscovo e queria alinhar com Pequim e outras latitudes trotskistas e marcusianas. A utopia estava na rua. E esta não foi palavra de ordem nas pontes de Paris, nesse mês de agitação no Quartier Latin.
Quanto a um dos principais protagonistas, Daniel Conh-Bendit já disse que está farto deste folclore, ele que se associou à burguesia que então pretendia combater, como estudante.

Por cá, os artigos não se limitam à tradução da praxe ou leitura apressada mas apresentam testemunhos de portugueses que lá estavam e alguns até tomaram parte no ambiente de manifestações, barricadas e "bonheur permanent" que assolava o quarteirão estudantil por aqueles dias.

Uma das que lá estava foi a mãe do actual primeiro-ministro A. Costa. Maria Antónia Palla, jornalista do Diário Popular na época conta a sua odisseia e como o fassismo lhe proibiu os escritos que eram tão interessantes que até vão ser agora republicados em livro oportuno.

Público:

 E Correio da Manhã:



Ponto comum nestes relatos: os testemunhos são todos de indignados de então contra os regimes "repressivos", seja em Portugal ( o fassismo, claro) ou em França ( De Gaulle e a chien-lit). Esquerdistas todos, adeptos de uma sociedade que sonhavam à maneira de uma Cuba, China, enfim as sociedades vicejantes nos países de Leste que eram os faróis das ideias que professavam e cuja organização lutavam para impôr cá, em Portugal. O sonho acabou em 25 de Novembro de 1975, mas nem tanto. Poucos anos depois, enfileiraram na clandestinidade das FP25 com o mesmíssimo propósito: tornar o país outra vez no " e tudo era possível". Para eles, em certa medida até foi. Continuam por aí como se nada tivesse acontecido e são os heróis destas histórias tristes a quem é sempre dada a voz para contarem as aventuras.

Os portugueses entrevistados pelo Correio da Manhã foram todos adeptos ferrenhos desses amanhãs a cantar mesmo que fora do jugo soviético, porque preferiam o chinês.

Por exemplo um certo Fernando Pereira Marques, sociólogo de ISCTE  ou coisa que o valha aqui todo lampeiro e em 1974 ainda mais, no movimento político do pirata-mor:

Fernando Pereira Marques na Flama de 7.3.1975 a pôr em prática as teorias aprendidas sob a calçada do Quartir Latin, meia dúzia de anos antes.
Estas palermices passam por medalhas de mérito para estes indivíduos.


Questuber! Mais um escândalo!