sábado, julho 17, 2021

Pacheco Pereira, o prócere da ultra-esquerda

 No Público de hoje Pacheco Pereira escreva a página habitual para continuar a malhar na "direita" que apelida de radical, para se distinguir da extrema-direita e de outra direita qualquer que não se sabe bem o que seja. 

No outro dia, a jornalista Fátima Campos Ferreira que arranjou um programa de entrevistas na RTP a determinados "senadores" da intelectualidade lusa, em vários domínios, chegou à vez de Pacheco Pereira, incluído no rol não se sabe bem por que bulas a não ser as dos papa-massa do esquerdismo ambiente. O perfil mostrado centrou-se basicamente numa visita guiada ao centro de recolha de ferro velho que aquele organizou na Marmeleira e algures no Barreiro e na reafirmação auto-proclamada acerca da pertença ao PSD, com quotas em dia. Pelo meio lá contou que descende dos primeiros pachecos do tempo posterior aos afonsinhos deste pobre condado. Nobres sempre falidos e eventualmente não apenas de bens materiais. Em suma ganha a vida a trabalhar, ou seja, a escrever coisas para os jornais que lhe pagam o estipêndio, como esta que segue: 


O argumentilho de fundo fica logo exposto no destaque de imagem: Pinochet e a tentação do golpe para libertar Portugal da extrema-esquerda. 

O pretexto para a insinuação- "é gente que sabe muito bem o que quer"...- é torpe na medida em que pressupõe que o articulista criticado, Carlos Blanco de Morais, com direito a nome inteiro ao contrário do "Palma", visto como um pobre coitado, pretende a alteração constitucional do estado de direito, uma revolução às avessas e com ideologia de "direita radical" senão de extrema-direita. 

O Pacheco, com a sua sabedoria dos antepassados conspiradores, já o topou à légua e por isso lhe afinfa com os adjectivos pressupostos. 

Ao mesmo tempo que desmente a validade dos argumentos de CBM, no elenco dos males que afectam a democracia, reconhece-lhe também que o mesmo se refere " a alguns fenómenos realmente existentes", desvalorizando-lhes imediatamente o alcance social e imputando àquele a intenção de um regresso ao passado sinistro, embora destro. 

"É verdade que há uma hegemonia da esquerda em certas áreas das ciências humanas nas universidades e na comunicação social". Mas...quem descobriu tal pólvora afinal foi o Pacheco e daí a ausência de legitimidade para se denunciar o assunto, potencialmente explosivo, para além do que Pacheco já o terá feito em tempos e a que ninguém evidentemente ligou pevide. 

Não é a primeira vez que Pacheco se arroga a primazia destas descobertas latentes, sem que se conheça qualquer prova factual da afirmação gratuita e abundem as aleivosias como a de reparar numa putativa substituição do BE pela IL nas preferências mediáticas correntes. 

O que se conhece, isso sim, é a catilinária permanente contra a "direita radical" e o perigo de contaminação com a "extrema-direita", tida como a última besta do apocalipse que importa esconjurar, mesmo que se abra o caminho todo para a influência de uma esquerda que se transforma e adapta tacticamente à realidade sem abandonar qualquer umas das referências ideológicas fundamentais. 

Esta ultra-esquerda que Pacheco defende, ao atacar quem a denuncia claramente, é multifacetada e permeia o panorama mediático mais significativo. Basta reparar nas fichas redactoriais dos principais órgãos de comunicação, o pendor dos respectivos editoriais, a escolha criteriosa e ideológica dos cronistas, etc etc. Sobre isso, Pacheco cala e consente. Depois vem dizer e escrever que foi o primeiro a apontar o dedo e a escrever as letras no papel molhado. Enfim.

Aconselho-lhe a leitura disto e a reflexão a propósito sempre que pagar a quota ao PSD. É um livro recente sobre a fauna que Pacheco protege em nome não se sabe bem de quê, a não ser a do consentimento e desejo de pertença a tal companhia.  




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