O grupo britânico de rock, The Who, publicou entre o final dos anos sessenta e a primeira metade da década seguinte pelo menos três discos de antologia da música popular de expressão anglo-saxónica.
Os discos são estes, na sua versão original, em prensagem da época em que saíram:
O primeiro, chamado Tommy, saiu na Primavera de 1969 e era uma espécie de opera-rock, seja lá isso o que for.
Contava a história de um miúdo traumatizado na infância por diversas desventuras e que se tornara cego, surdo e mudo, criando uma habilidade táctil acima da média, para jogar "pinball". Bizarro, no mínimo.
As letras giram à volta da história da sua vida logo no pós-guerra britânico, reflectindo a geração do seu autor, Pete Townshend.
Quando ouvi este disco pela primeira vez já tinham passados anos dele ter saído, pois em 1975, quando tal sucedeu, o tema do disco e as músicas foram adaptadas ao cinema por Ken Russel, tornando-se a respectiva banda sonora, um êxito porventura superior ao disco original.
Assim foi apenas em 1975 que ouvi pela primeira vez e na voz de outros artistas como Tina Turner ou Elton John canções como Pinball Wizzard, este um tema do disco que na versão original não tem a mesma força expressiva.
Ao mesmo tempo surgia no rádio de vez em quando a repetição de temas do disco original que tem outra estrutura musical e artística que actualmente me agrada muito mais do que a versão da banda sonora.
O disco foi justamente considerado um dos melhores desse ano, em que saíram outros igualmente marcantes e fundamentais de tal tipo de música.
Basta olhar a capa da revista americana Guitar World de Junho de 1999:
O disco teve sucesso na época e passados estes anos todos vai ser reeditado em várias versões, incluindo uma versão que deveria ser a original e tinha então o nome de Lifehouse, tendo sido substituída pelo disco editado e dando azo a mitos sobre a pretensa qualidade superior do mesmo que foram perdurando ao longo do tempo, por ser mais um dos discos perdidos da música rock, como por exemplo o Chrome Dreams de Neil Young, aliás também reeditado recentemente.
É um disco com uma capa original relativamente simples e graficamente pobre, ao contrário da música, excelente e do melhor que o grupo jamais produziu.
Em 1973, há quase 50 anos, em Outubro, começou a ouvir-se nos rádios, insistentemente, um tema novo dos The Who, chamado 5:15. Lembra-me porque se assemelhava a Baba O´Reily, dois anos antes.
O álbum Quadrophenia que incluía tal tema, já passava integralmente em alguns programas de rádio da noite, inseridos na programação do Espaço 3P do Rádio Clube Português.
Era novamente um disco duplo, à semelhança de Tommy e tal como este, com um conceito geral, o dos "mods", uma moda jovem da época dos sessenta e totalmente composto por Pete Townshend. Desta vez, Tommy chama-se Jimmy e os problemas pessoais são mais comuns e menos bizarros, mas igualmente perturbadores.
Parece-me um disco musicalmente mais interessante do que Tommy e que se ouve muito melhor que este, passadas as décadas.
Curiosamente, este ano, por ocasião do 50º aniversário, o contemplado com reedição de luxo é afinal o disco de 1971...e não este que merecia outro relevo.
Dos três discos apontados é o que mais gosto de ouvir na integralidade.
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