sexta-feira, outubro 06, 2023

O fabuloso mundo Disney, na cultura popular ocidental

 Neste mês de Outubro, os trabalhos artísticos e depois as "produções Walt Disney" vindas de Chicago, Kansas City e Hollywood perfazem cem anos de existência. 

Depois de Mickey, aparecido em 1928,  surgiram outras personagens, historietas em desenhos animados, pequenos filmes e depois longas-metragens, a partir de 1937, com Branca de Neve e os sete anões e a seguir Pinóquio e Fantasia, em 1940, durante a II guerra mundial. 

Até ao final dos anos sessenta apareceram os seus principais filmes de desenhos animados: Dumbo, Bambi, Gata Borralheira, Alice no país das fadas, Robin dos Bosques, Peter Pan, A Dama e o Vagabundo, A Bela Adormecida, Os 101 Dálmatas, Mary Poppins e O Livro da Selva l ( de 1967, o último com Walt Diseny) , além de outras pequenas metragens como Saludos Amigos ou A  caixa de música. 

Em 1955 surgiu a Disneylândia e a cultura popular ocidental nunca mais foi a mesma. Todas as crianças ocidentais de um modo ou outro ficaram a conhecer o mundo Disney, através da colonização cultural americana durante tais décadas. 

A partir dos anos oitenta do século passado, a vulgarização do videogravador permitiu ainda uma maior divulgação do "mundo Disney" com a publicação em videocassetes e depois noutros formatos dos filmes antigos, alguns em novas versões e os que se lhes seguiram, já num mundo Disney diferente do antigo até chegar aos nossos dias em que a cultura woke se estabeleceu à mesa da administração da empresa global. 

Enquanto tal não sucedeu no panorama videográfico, havia ainda as publicações em papel que publicitavam tais produções, aliás diversificadas e que assentam em temáticas da cultura popular tradicional e das fábulas dos contos infantis clássicos e universais, ocidentalizados. 

É por isso um verdadeiro mundo cultural que entre nós, nos anos cinquenta a setenta foi divulgado por publicações de origem brasileira, da Editora Abril que eram importadas e vulgarizaram os nomes de personagens da Disney, para além de "Mickey", como os "irmãos Metralha", "João bafo-de-onça", "Pateta", Maga Patalógika", "pato Donald", "Peninha", "professor Pardal", "Zé Carioca" ou "Tio Patinhas". 

Muitos livrinhos ilustrados, semanal ou mensalmente publicados davam continuidade a tais historietas que foram sendo desenhadas ao longo das décadas por artistas saídos das "produções Disney", como Carl Barks ou Floyd Gottfredson.

Em 24.11.1991 a revista do Expresso dedicou um número ao assunto, com textos assim:



Os "livrinhos do patinhas" eram assim pequenos volumes de historietas sortidas, com vários personagens e geralmente com sotaque e nomes brasileiros, aliás deliciosos na inventividade sonora e onomatopaica que o português de Portugal não consegue atingir. 


Foi com este género de iconografia que iniciei a viagem interminável pelos caminhos arcanos de uma fantasia desenhada e que se transmitia nas figuras e expressões desenhadas daquelas personagens, como neste caso da revistinha brasileira do início dos anos sessenta acima mostrada. 

Naquela edição do Expresso de 2001 contava-se a história de tais personagens desenhadas pelos artistas do universo Disney:










 
Para conhecer a acompanhar os aspectos técnicos dos desenhos animados da Disney haverá muitos livros mas esta enciclopédia britânica de 1987, da Hamlyn ( então distribuída pela saudosa Dinternal que tantos livros de ilustração estrangeira distribuiu por cá) deve chegar para tal:




O primeiro filme de longa metragem, assinalável, da Disney é naturalmente o Branca de Neve e os sete anões, com personagens humanas desenhadas e animadas e que se baseava largamente na obra dos irmãos Grimm, provinda da mitologia alemã do romantismo do séc. XVIII.


Um dos últimos filmes mais significativos é Robin Hood, de 1973 e em que aparecem apenas animais, embora em modo antropomórfico. 
É um filme literalmente fabuloso que vi vezes sem conta, com as minhas filhas então pequenas. Aliás todos os filmes da Disney foram assim vistos, repetidamente, vezes sem conta,  na época dos anos oitenta e sempre na versão dobrada em brasileiro, também fabulosa e incomparável, nalguns casos superior ao original, na minha opinião. 
Robin Hood tem ainda uma banda sonora  incrível, com cançonetas próximas do folk e do country, com melodias memoráveis, todas elas. 
Obviamente também neste caso a mitologia é de origem anglo-saxónica, do tempo do mítico rei Artur e que representa algo no imaginário da cultura ocidental que inclui, além do mais, as cruzadas. 


Essa mitologia ocidental e que nos pertence em herança cultural é da Europa que então incluía uma parte da Rússia dos czares ocidentalizados. 
Pinóquio é uma história de Collodi, na Itália do século XIX. 
Fantasia é uma fantasia musical genial em que os compositores pertencem à cultura musical ocidental ( J.S.Bach, Tchaikovski, Stravinsky, Beethoven, Mussorgsky, Franz Schubert, Stokovski e outros. 

Cinderela e A bela adormecida baseiam-se nos contos de fadas ocidentalizados de Charles Perrault, do séc. XVII, aliás contemporâneo de Jean de La Fontaine ambos seguramente representativos da cultura popular ocidental e cujas histórias inspiraram outros filmes da Disney. 

Alice no país das maravilhas e Peter Pan baseiam-se nas historietas da cultura popular inglesa contemporânea.
 Será por isso pacífico dizer que o "mundo Disney" é um mundo da cultura popular ocidental, tal como o conhecemos e foi transmitido nos últimos séculos. 
É o nosso mundo, aquele em que vivemos e que tem a influência anglo-saxónica, mas não só porque a cultura anglo-saxónica foi precedida pela cultura cristã ocidental que a moldou. Por isso estulto será tentar adulterar tais referências, sem outras mais válidas que as possam substituir.

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