quinta-feira, junho 17, 2021

A profecia autorrealizada no caso TCIC

 Para esta ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, também Conselheira designada para o STJ, antiga magistrada do MºPº sempre em lugares de superior relevo, mulher de um advogado do PS de sempre, o TCIC vai ter as respectivas competências alargadas para que não se diga que há uma dimensão pessoal nas decisões tomadas pelos dois juízes que lá estão. 

Quem diz tal coisa? Ora, os mesmos que sugeriram a mudança agora realizada, numa manifestação curiosa do fenómeno "self fulfilling profecy" que deve ser muito estudado lá para os lados do ISCTE, lugar onde tais conceitos pincham em cursos acelerados.  

Uma face visível da mudança reside aliás na própria associação sindical de tal magistratura, actualmente liderada pelo desembargador Manuel Ramos Soares, sendo por isso uma decisão coincidente com a opinião manifestada em  óbvia "dimensão pessoal" do mesmo e tem um precursor que também é juiz de profissão: um certo Belo Morgado, que  faz de vez em quando uma perninha na "política", actualmente para ajudar o PS a governar.  

Note-se que esta ministra da Justiça, Francisca Van Dunem não acredita em tais boatos, pois "obviamente não será assim" embora "haja tal percepção na opinião pública". 

Assi, para evitar que se continue a propalar tal coisa horrível e falsa, "na opinião pública", resolve-se o problema alargando de dois para nove a dimensão pessoal das decisões tomadas pelo TCIC  e dando ipso facto razão a quem propalou o...boato,  pois outra coisa não será segundo a inteligente ministra. 

Na dúvida, beneficia-se o infractor...

  



Portanto, ficando o TCIC provido com nove juízes, incluindo os que foram alvo do boato, o problema inexistente fica resolvido. 
Se eventualmente lhes voltar a calhar um dos tais processos que envolvem aqueles que espalharam o boato, o problema voltará a ser equacionado e o presidente do sindicato dos juízes voltará a escrever sobre o assunto. 

Até lá, aguardemos...

quarta-feira, junho 16, 2021

Justiça, o estado da arte

 No Público de hoje, no seu artigo habitual de algumas quartas-feiras, o juiz desembargador presidente da ASJP traça o retrato esquissado das dificuldades em se encontrar uma solução consensual para os problemas da Justiça.

É o choradinho habitual acerca dos impasses sucessivos na apresentação de soluções para os problemas expostos.

Perante este elenco de frustrações, nos últimos meses o melhor do esforço escrito (e não só) deste sindicalista tem sido o de justificar o afastamento dos juízes do TCIC. Suspeito que o faz com maior empenho relativamente a um deles do que a outro e desgraçadamente nem é aquele que se poderia pensar...o que manifestamente não compreendo ou pelo menos não compreendo porque se metem os dois juízes no mesmo saco de desconsideração profissional, porque é disso que se trata. 


O Bastonário da Ordem dos Advogados também dá para o peditório em curso mas o óbulo é mais substancial: modificação do mapa judiciário de 2014 e redução das custas judiciais. 

CM de hoje:


Parece-me bem mais premente, actual e necessária para desbloquear uma reforma, a mudança proposta pelo Bastonário do que as medidas elencadas pelo sindicalista dos juízes. 

Quanto a opiniões avulsas sobre esta matéria avulta ainda a de um peso pesado, com o prestígio da cátedra de Coimbra e da experiência política ( e partidária) bem como o exercício jurisdicional no tribunal Constitucional. 

Refiro-me ao professor Costa Andrade que não poupa nas palavras para fustigar a actual PGR que considera como se fosse um "agente encoberto" de alguém que se torna fácil de adivinhar: aqueles que detêm o poder político no momento. 






Costa Andrade não tem dúvidas: a actual PGR "age à revelia da Constituição e da Lei" no caso da directiva destinada a controlar a actuação dos magistrados do MºPº dos escalões mais baixos, ou seja da primeira instância. 
Esquece porém, ou não sabe, que tal directiva tem antecedentes ainda no tempo da PGR Joana Marques Vidal, no sentido de existirem então orientações avulsas de magistrados de hierarquia superior, destinadas aos de categoria inferior, com a mesma dimensão da que agora consta na famigerada directiva.
Joana Marques Vidal foi devidamente alertada para tal problema, concretamente, de viva voz e com precisão sobre os contornos do problema e pouco ou nada fez. Verdade seja dita que não emitiu qualquer directiva, mas contemporizou com alguns cipaios do MºPº que sendo mais papistas que o papa tinham já a sua directiva privativa, em ordens de serviço avulsas dirigidas a subordinados e com maior amplitude que a da actual e famigerada dita cuja. 
O que fez Joana Marques Vidal a tais cipaios? Nada. Em vez de lhes cortar cerce tais veleidades autocráticas e ilegais, deixou que progredissem na carreira até atingirem lugares cimeiros enquanto os destinatários das ordens,- os rebeldes, entenda-se e que são uma infinitésima minoria silenciosa-  sofreram as agruras de inquéritos disciplinares e outros mimos...
Portanto...

terça-feira, junho 15, 2021

O grande educador da classe otária e o seu potinho de estimação

 Público de hoje:


Inspirado aqui

ADITAMENTO em 17.6.2021:

Na Sábado de hoje, 17 de Junho, o grande educador de otários define-se como tendo sido maoista e que nunca o escondeu, embora suspeite que seja a primeira vez em que o afirma claramente:


 A assunção do estatuto é uma espécie de medalha de mérito em antifassismo, ostentada com o garbo proclamado de que "muitas das coisas que  fiz nesses anos faria hoje exactamente da mesma maneira porque foram feitas não pela ideologia mas pela obrigação moral de actuar face a uma ditadura, mesmo com risco".
Tal garbo estupidamente proclamado,  procura desvirtuar a faceta obscura dos fascistas ocultos que não se assumem como o bravo Pacheco agora se apresenta, enquanto defensor de liberdades contra uma ditadura.
A estupidez é esta:  
A ideologia e organização política inerente que este Pacheco defendia, como modelo para o nosso país,  era patrocinadora das maiores barbaridades e do totalitarismo mais implacável que a Humanidade jamais experimentou.
Pacheco defendia o que o maoismo defendia. Ora o maoismo foi o que um certo Simon Leys denunciou no início dos anos setenta e de que com toda a certeza este mesmo Pacheco garboso tomou conhecimento, como estudante de filosofia em que aliás se licenciou para "dar aulas", como deu. 

Vale a pena por isso repristinar parte de um postal antigo sobre o assunto, mostrando a pouca vergonha que este Pacheco denota mais uma vez e agora com o garbo que a maré favorável lhe permite.
Em vez de cobrir a cara com um saco e dependurar ao pescoço o rótulo adequado a mais esta estupidez, já recalcitrante, tal como se fazia no regime que ambicionava para o nosso país, em vez da "ditadura" contra a qual lutava, ainda se gaba do feito! E voltaria a fazer agora muitas coisas que então fez... por lutar contra uma ditadura,  preferindo uma outra, mais cruel, mais desumana, mais totalitária mas que fosse mais consentânea com  aquilo em que acreditava. E pelos vistos continua a acreditar.
 



Depois disto torna-se penoso ler este Pacheco.

domingo, junho 13, 2021

O vício do sensacionalismo

 Octávio Ribeiro, o director do CM que é da "outra banda" ou seja de uma esquerda ultra modernizada pelo afecto aos mitos igualitários, editorializa hoje algo sobre um fenómeno que também não lhe destoa na prática redactorial diária. 



Octávio Ribeiro não foi afectado pelo vício do servilismo acéfalo para com os poderes avulsos mas ficou inoculado com um vírus semelhante, o do sensacionalismo invasivo e já metabólico que transforma o seu jornal e tv em veículos de denúncias de ilegalidades reais e supostas mais empolamentos de fenómenos sociais que assumem feitio de escândalo com uma capa sensacional ou uma reportagem da "CMTV dá primeiro", como aconteceu nesta reportagem verdadeiramente sensacional de um pequeno despiste de uma motoreta...ou o caso ribombante da marquise no apartamento de Cristiano Ronaldo. Pelo meio ficam todas as capas com o "super-juiz", a "viúva Rosa", o "dr. horror" e outras pérolas do jornalismo do "pente-fino" que ajudam a uma informação isenta dos servilismos vários, excepto ao do lucro a todo o preço sensacional. 

A informação do grupo Cofina onde está Octávio Ribeiro apenas recua perante o "populismo" tipo Chega, horroroso para o homem da "outra banda" e que se lhe apresenta como uma floresta negra de destino infausto. Um antigo comunista nunca perde as suas referências...

Quanto ao resto, ver árvores e esquecer florestas é o dia a dia do homem da outra banda, principalmente se forem acácias vestustas com pessoas lá dentro ou macacos empoleirados nos galhos e a guinchar. 

Na edição de hoje apresenta na página humorística um retrato aprimorado de um desses macacos da política que saltam de galho em galho nas prebendas e tachos rendosos e que guincham e suam as estopinhas quando a vida não lhes corre de feição, como sempre correu,  no tempo em que as pessoas da "outra banda" os ajudaram a vicejar. 


Para se perceber a floresta onde se encontram estes espécimes é preciso ir buscar leitura a outras paragens que o CM não consegue penetrar em tais domínios de obscuridade aparente e desprovida de sensacionalismo. 

 Por exemplo ao jornal O Diabo desta semana, com este artigo de um antigo parceiro da "outra banda" sobre os responsáveis de bancos e economistas que provocaram os descalabros económicos, em que avulta aquela garimpeiro dos galhos mais acolhedores sempre esquecido do que andou a fazer, para se livrar de ser enxotado de vez da praça pública da pouca vergonha onde passeia a incompetência e manhosice.  



sábado, junho 12, 2021

Salteadores da arca perdida, um filme com 40 anos

 Este artigo do DN de hoje convoca a memória de um filme fantástico, estrado em Portugal em 9 de Outubro de 1981, nos cinemas de Lisboa e Porto. 



O autor do artigo, crítico da especialidade, diz que foi em 12 de Junho de 1981 que o filme se estreou. Talvez, mas nos EUA. Por cá só em Outubro desse ano apareceu nos cinemas como se mostra pelos artigos e imagens do Sete de 7 de Outubro desse ano.




Na altura não suscitou grande interesse e a recensão foi moderada.


Por mim só queria ver o cartaz do anúncio e que o jornal apresentava assim, a preto e branco: 


Nem sequer é o original americano que é assim e que agora é fácil de encontrar, até na edição original mas na altura era mesmo difícil e só em revistas estrangeiras se conseguiria ver, ou no cinema em que iria ver o filme: 


O Sete, quase um mês depois da estreia, em 4.11.1981,  também dava o seu contributo crítico: 



Por mim nem precisava de ler aquilo porque  já no mês de Julho desse ano tinha visto imagens do filme e lido algo sobre o mesmo, mormente a memorável sequência inicial que alimentei no imaginário durante meses até a conseguir ver num dos cinemas do Porto ( na Batalha, à noite e nem sequer até ao fim porque o último combóio esperava-me em S. Bento e por isso só o vi integralmente muito tempo depois). 

 A revista Rolling Stone de 25 de Junho desse ano (e que chegava cá com uma atraso de um mês, aproximadamente) trazia quase tudo o que era preciso para me informar sobre uma das manifestações artísticas dos anos oitenta que mais me impressionou: 










Em 1981 a televisão a cores em Portugal tinha pouco mais de um ano de estreia ( fora em Março de 1980) e por isso o cinema tinha ainda grande importância espectacular. 
Este anúncio do Sete dessa altura mostrava a campanha publicitária da Grundig para difundir mais aparelhos a cor, porque ainda eram escassos e de café.


Tinha passado escassa meia dúzia de anos após o 25 de Abril de 1974 e a Espanha tinha inaugurado as emissões a cores em 1977. Nós já nos tínhamos atrasado...nisto e em muito mais coisas por obra e graça dos revolucionários de Abril.  

Vai uma aposta que se não fosse o 25 de Abril de 1974 teríamos a tv a cores muito mais cedo do que tivemos? 

As lições do menino Pacheco aos apelidos Palma e Tavares

 O apelidado Pacheco, antifassista desde a Idade Média,  responde no Público de hoje a dois apelidos  que o fustigaram em artigos vitriólicos e lhe carregaram a bílis com mais ácido que uma lesma do mar. 

Leia-se o despautério relapso do apelidado Pacheco que desconhece propositadamente o nome daqueles, corroído pela malina do despeito: insulta repetidamente a inteligência dos visados, fazendo-se vítima dos insultos que o visam, repudiando ao mesmo tempo o estatuto e arvora-se em mestre das cerimónias intelectuais da superioridade arquivística, aprontando-lhes bibliografias imaginárias.


O truque deste Pacheco é sempre o mesmo: contornar a evidência, mesmo estatística, apresentando outros "pathos" e outra sabedoria reservada a historiadores da pacotilha antifassista. O resto é "populismo", extrema-direita e radicalismo. Nada que se pareça com o maoismo ou o cavaquismo serôdio, cartões de visita do aludido Pacheco. 

Como escreve o dito "o problema disto é o contexto" e para tal vamos lá ao exercício desta singela beleza em matar antifassistas que se acham em gozo supremo pelo dó que lhes dá a "facilidade com que se pode responder a Palma e Tavares". Ou seja, uns miseráveis intelectuais cuja inferioridade académica é suplantada com uma perna às costas por este antigo professor liceal, com uma licenciatura em filosofia, o que lhe permitiu prestar serviço no ISCTE.  

Por isso e com tais adereços e ademanes arvora-se com autoridade suficiente para poder escrever que aqueles dois desgraçados "não sabem nada da história portuguesa do sec. XX", pressupondo ipso facto um domínio completo em tal matéria. Mas não insulta, porque isso é arma de fracos...

Como ilustração da catilinária pessoalizada em dois apelidos cujo nome omite, em táctica antiga e repulsiva, apresenta uma imagem de um "livro da 1ª classe na ditadura", como exemplo flagrante do fassismo salazarista que encomiava o ditador e dava conta do fenómeno da religiosidade de um povo e nacionalidade quase milenares cuja história se desenvolveu sempre sob a alçada do catolicismo que tem em Maria a mãe de Jesus salvador e nessa altura não tinha vergonha em proclamar.  A Pacheco, isto é tão estranho como a humildade e por isso o seu contexto é o do jacobinismo e o da arrogância e prepotência totalitária que noutros lados se chamou estalinismo ou maoismo, em nome de um povo que intimamente detesta e por isso execra o "populismo". 

Para se dar o contexto adequado às lições do menino Pacheco, basta mostrar algumas imagens que traduzem milhares de palavras que pelos vistos não integram os seus arquivos, porque o ecumenismo é palavra que só abarca o ódio ao fassismo, em nome do afecto acrisolado ao totalitarismo esquerdista, mesmo disfarçado de democracia. 

No livro de Joaquim Vieira, Portugal -Século XX, os anos 40, tempo de guerra e privações, no mundo e em Portugal, data em que aquelas imagens do livro da 1ª classe foram impressas, havia outras imagens e outros "contextos" mais esclarecedores que as teorias fossilizadas destes antifassistas encartados que se julgam superiores por estarem na mó de cima. 

A imagem amplamente reproduzida do ambiente rural da época e da simbologia associada a miséria e atraso atávicos, pode facilmente se contrariada por estas que são da mesma época e mostram ambientes urbanos e o "pathos" cultural de um país como Portugal, sob Salazar, nesses anos 40: 













Um dos fenómenos mais interessantes que se podem observar nos escritos destes antifassistas enquistados é a omissão sistemática de referências estéticas dos antifassistas que se opunham a Salazar e o que publicavam e mostravam na sua propaganda contra o regime que os acolhia como o regime que pretendiam implantar nunca o faria. 
Esta estética do "neo-realismo" era de uma pobreza aflitiva o que permite pensar que se fossem poder político, como pretendiam, transformando Portugal num país comunista em que desapareceriam dos "livros de 1ª classe" imagens como aquela, o país seria ainda mais miserável do que as pátrias dos vários socialismos que aqueles ambicionavam para o nosso país. 
O menino Pacheco naturalmente e já nos anos setenta, em idade adulta, queria ser como a China, sofisticado e a comer com pauzinhos as papas na cabeça dos estúpidos que pensava enganar com a propaganda clandestina que escondia para não ser preso pela temível PIDE. 

Nos anos 40 era assim, mas não mudou muito ao longo das décadas, incluindo a actual ( basta ler O Militante para o perceber instantaneamente):







Comparando com a estética do Estado Novo dos anos 40, poderemos sempre imaginar como seriam os livros escolares propostos por aqueles antifassistas...


Quanto à propaganda do regime e o seu "contexto" agora documentado em estudo académico do tal apelido Palma e por isso isento de laivos fassistas associados, afinal confirma o que os estudos agora demonstram e desmentem os antifassistas como o menino Pacheco que à míngua de argumentos apresenta aos "pathos" do costume a verborreia de sempre, da cartilha e da cassete que nem chega a pirata mas é apenas usada e das várias feiras da ladra que intelectualmente frequenta. 








De resto quem dá lições ao menino Pacheco é este jornalista, formado em arquitectura e com estrutura intelectual suficiente para entender o que o antifassista não compreende.
No Sol de hoje: 


 Além de tudo isto a perspicácia do menino Pacheco é lendária...e já se mostrava em 23 de Maio de 2002 na revista Focus. Actualmente o alvo é o Ventura, mas a perspicácia continua na mesma:




O Ministério Público do medo