Mário Crespo, profissional de jornalismo televisivo, vem declarar por escrito no JN de hoje que "está bem...façamos de conta."
Então, está bem. Façamos mesmo de conta que Mário Crespo não é jornalista da SIC e continuemos a fazer de conta que esta estação não tem uma direcção de informação, com alinhamento de notícias e programas, propensos ao poder que está. Façamos por isso de conta que Balsemão nada conta e que não quer contar com nada.
Façamos de conta que Mário Crespo não alinha com os alinhadores do canal e portanto que desalinha de vez em quando das versões oficiosas dos factos relatados.
Façamos de conta que Mário Crespo acredita mais nas vítimas da Casa Pia do que naqueles que querem vitimizar-se pelas putativas difamações e que portanto, Mário Crespo não acredita nos que continuam a dizer na antena aberta do canal SIC que o caso da Casa Pia foi apenas uma tentativa de decapitar o partido Socialista. Façamos de conta que Mário Crespo não ouviu dizer esta cretinice continuada, ao seu colega Ricardo Costa, nem se apercebeu que a sua colega Lourenço pensa o mesmo e até esclarece e lembra ao PM, a ideia peregrina das "campanhas negras".
Continuemos a fazer de conta que Mário Crespo sabe mesmo entrevistar pessoas e lhes pergunta o que é importante e necessário. Façamos de conta que assim faz quando lhe aparecem os convidados pela frente, por exemplo os membros mais destacados da Cooperativa da Situação.
Façamos de conta que Mário Crespo admira o jornalismo da TVI de Manuela Moura Guedes e que lhe faz concorrência na acutilância em relação ao poder político.
Continuemos a fazer de conta que Mário Crespo não tem qualquer agente nem parti-pris contra certas e determinadas instituições e que percebe inteiramente o funcionamento delas.
Façamos de conta, por fim, que Mário Crespo é um tipo verdadeiramente esperto, não pertende a grupos de influência concreta e que não escreveu isto na crónica de hoje do JN:
Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro e sem confianças de natureza pessoal.
13 comentários:
Isto é História de Portugal a acontecer. Na posse da sua primeira maioria absoluta o Partido Socialista revela-se, como se fosse apenas um grupo de comunistas arrependidos à procura de espaço nas limitações de um estado da União Europeia. Para que estes sujeitos e sujeitas consigam trepar pela hierarquia de um partido acima e chegar ao poder, as regras internas e as que usam para controlar a maquineta do estado têm necessariamente de se basear num princípio pigmeu: quanto pior, melhor.
Li hoje no JN, nem sei já...
Neste mundo de faz de conta, se é preciso telefonar a avisar para nos tratarem sem confianças,
façamos de conta que não haverá razões para que essa confiança exista mesmo.
O artigo dele está fraco.
Podia dizer o mesmo sem recorrer a uma pseudo-revelação bombástica, que colocou a par das outras- a do telefonema a condicionar a entrevista.
Porque, em termos factuais, apenas contou que o entrevistado queria saber por onde ia começar (o que quer que seja, perfeitamente anódino) e ser tratado por ministro- coisa banal, sem a menor comparação com o telefonema do Sócrates ao JMF, ao qual ele se equiparou.
Phónix, li melhor a crónica e não gostei.
Aquilo é estilo "Insurgente". Mistura o Klaus Barbie com uma pancada esquerdalha e ainda aproveita para dar uma bicada à maluca da Côncio.
Uma grande salgalhada. Nem se fica por opinião porque ainda lhe meteu um pseudo-facto a martelo.
E, sem esse pseudo-facto, também não se falava da crónica.
zazie,
Nada disso! A revelação bombástica que pode passar despercebida é a do telefonema directamente para a prima do então ministro, que alegadamente era secretária. Está lá: "tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos". Entretanto a sobrinha desapareceu, como se constata desde o dia da entrevista. Mas vai aparecer. Aliás, uma das coisas que deixou verdadeiramente furioso o Ministro da Presidência foi precisamente essa pergunta.
Como assim?
Não percebi essa. Vou ler de novo.
«Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos»
Ok, se era essa foi bem passada. E v. tem olho
":O))
De resto, a suspeita do conhecimento pessoal, se não é mais uma, parece e podia ser- com parcerias mediáticas pelo meio.
O mote do josé é que foi muito engraçado- façamos de conta que não se percebe que é assim.
Por mais de conta que façamos, ainda assim o artigo do Mário Crespo tem enorme interesse se pensarmos que há poucos dias disse numa rádio, talvez o RCP, que possivelmente votaria em Sócrates.
Será que, apesar de tudo o que se revelou sobre o engenheiro, Mário Crespo ainda está disposto a votar no Color de Mello Português?
O Crespo não me merece nenhuma confiança de objectividade no jornalismo que diz que faz.
Se ataca agora o Sòcrates, lá saberá por que o faz, mas não é pela Verdade em si mesma.
Façamos de conta que Mário Crespo não disse recentemente em entrevista que iria provavelmente votar Sócrates nas próximas legislativas.
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