domingo, agosto 16, 2009

Woodstock, 3 dias de paz e música em Agosto de 1969

Imagem do cartaz do filme sobre Woodstock, retirado algures. Porventura daqui.

Faz hoje 40 anos que decorria, pelo segundo dia, o festival de Woodstock. Na época, em Portugal quase nem se terá falado do evento.
Só mais tarde, com o aparecimento do filme, em 1971 e do triplo Lp, seguido de um outro ( o espectáculo durou três dias e a música gravada daria para o quíntuplo do que se conhece), começaram as "análises críticas", com significado político implícito.
Por exemplo, esta, de Mário Correia, na revista Mundo da Canção de 20.4.1972 e que se estendeu por quatro números daquela revista surgida apenas em Dezembro de 1969. Por este artigo se podem ler e perceber o alcance do que podia ser escrito em Portugal, numa época de censura, sobre um acontecimento que questionava abertamente a guerra dos USA no Vietnam e que obviamente servia de mote para a crítica à nossa guerra no Ultramar.
O jornal i de ontem, relata algumas das vicissitudes políticas que rodearam o visionamento do documentário de Michael Wadleigh e que saiu por cá em 1971 depois de ter sido estreado lá fora no ano anterior. O artigo da Mundo da Canção reflecte essas vicissitudes em frases precisas, ao longo de 4 números . Por exemplo " os tempos estão a mudar", sobre o "inconformismo da juventude originado por um complexo conjunto de insatisfações e protestos".
O articulista da Mundo da Canção citava na parte final do artigo a revista Look, um semanário americano que concorria com a Life, tipo Flama ou Século Ilustrado.
Mas o sumo e essência do artigo não vinham da Look...e a censura do regime político de 1969, não andava a dormir, embora no caso da Mundo da Canção, fizesse de conta. Pelo menos até ao número 34, em que apareciam na capa, com todo o destaque, os discos LP de José Mário Branco, margem de certa maneira; de José Afonso, eu vou ser como a toupeira e José Jorge Letria, até ao pescoço, para além da Fala do Homem nascido, de um colectivo em que avultava o nome de José Calvário e José Niza e ainda Samuel ou Carlos Mendes, bem como o Lp de Mário Viegas, palavras ditas.
A Censura de início de 1973 achou e era demais e esse número da revista foi logo apreendido.


Para maiores desenvolvimentos, ler a Loja de Esquina.

7 comentários:

Panurgo disse...

http://www.youtube.com/watch?v=XnamP4-M9ko

Parar a imagem ao minuto 7.44. Acho que a coisa fica resumida ahaha

Os concertos do Jimi e Jefferson Airplane são momentos extraordinários.

Que pena haver tão poucos músicos dos nossos dias a tomar drogas.

josé disse...

Drogas? Destroem a música como a interpreto e concebo.
Pelos vistos, os Grateful Dead que participaram mas não aparecem no filme original ( mas estão no You Tube), apreciavam ácido lisergico.

Se lhes fez bom proveito, que seja, mas não alinho nisso, embora goste da música dos Dead que aliás só ouvi já no final dos anos setenta e só fiquei a conhecer ainda alguns anos depois, com a reedição dos discos em cd.

Comprei depois vários LP´s originais, incluindo o American Beauty que tem Ripple ( música com três acordes em Dó M e que soam bem).

Frank Zappa nunca tomou drogas ( para além do tabaco ou café) e fez música que nenhum psicadélico consegui fazer.

A imagem do minuto 7.44 é um tanto ou quanto escabrosa e nunca me deu para reparar.

Para mim, o video vale pelo solo de bateria de Mike Shrieve.

Dois anos depois também tocava bateria com 13 anos e num grupito de festas escolares.
Por isso me lembro porque o Shrieve era o ídolo desses tempos. Os meus amigos falavam dessa performance dos Santana com o solo de bateria assim como se falava no Alvin Lee.

Panurgo disse...

ehehehe, deve ser por os meus músicos de preferência terem morrido todos de overdose que não consigo conceber o rock sem esse ritual de êxtase e de morte. Eu do Zappa não sou grande apreciador. Baterista, sempre me ficou na memória o visual do Tristan Fry, que tocava com o John Williams e o Kevin Peek nos Sky. Não são pessoas muito normais, pois não? ahahah

josé disse...

Bateria é Tony Williams, por um lado, o do jazz.

Do rock é o sempre inultrapassável Keith Moon, com um espectáculo dentro do espectáculo: o das suas caretas a tocar. E tocava muito bem, ainda por cima.

Também aprecio outcastings com um certo limite: o da humanidade. Ou seja, o de serem intrinsecamente humanos e compreensíveis.
Bestas não aprecio e há algumas a fazerem de conta que são gente. Freaks sem fundo de gente não aprecio.

Ou seja e por outras palavras, aprecio a loucura bem doseada e controlada.

Panurgo disse...

Ah e o Bonham!

(O que resta dos The Who andará de novo em digressão)

Eu também não aprecio a pompa sem substância, todavia, para mim um concerto, uma digressão, o rock n' roll. em suma, é sempre uma experiência religiosa, um exagero, não tanto loucura, mas um desejo de ascensão. Sem esquecer a parte das fãs ehehe

Karocha disse...

Eu estou como o José, drogas não!
Assisti a muitos concertos,não como pagante e sim porque o meu namorado os organizava e não gostava de muitas coisas que via, nem ele!
É só ouvir no youtube o Clapton drogado e agora limpo...

MARIA disse...

Tenho estado ausente em casa de familiares e sem acesso fácil à net.
Hoje passando por um ciber café senti um melodia batida a qualquer coisa de extraordinário e logo vi que partia daqui, do seu blog, JOSÉ.
:-)
Obrigada pela partilha cultural.
Saudações.

Maria