sexta-feira, abril 30, 2010

Opinião fundamentada

A razão porque Pedro Lomba é actualmente um dos melhores cronista dos jornais portugueses, fica aqui à vista na crónica do Público no passado dia 27 ( bastando um clique para ler). Pedro Lomba não se limita a emitir opinião. Fundamenta uma impressão e dá uma visão que é rara na imprensa portuguesa.
Aqui escreve sobre a politização da justiça e o seu reverso que é a judicialização da política. Marinho e Pinto, se leu a crónica ( o que duvido) devia reflectir nos disparates que anda a debitar sempre que lhe colocam um microfone pela frente.

5 comentários:

zazie disse...

Ena, está excelente. Directo, claro, preciso, cirúrgico.

Santiago disse...

É uma boa crónica, sem dúvida, e discute um assunto importante.

Convém no entanto realçar que erra no exemplo que escolheu ("o caso do sangue contaminado"), e do qual diz "Foi quase idêntico, uma vez que tanto em França como em Portugal se tentou punir um erro político e técnico do ministério mediante uma acusação criminal".

Os dois casos (em França e Portugal) não podiam ser mais diferentes. Em França houve a decisão (política) de distribuir um produto que era sabido estar contaminado. Do caso português convém não esquecer que não há evidência que o famoso lote estivesse contaminado e toda a evidência sugere que não foi a partir daquele lote que os hemofílicos, tragicamente, se contaminaram.

josé disse...

Santiago:

A questão técnica a que se refere foi debatida no processo e pese embora o advogado Proença de Carvalho ter defendido essa tese, os hemofílicos afectados têm outra opinião e com fundamento atendível.
´

E tal como o cronista refere, se a responsabilidade ficasse pelo lado político e a senhora se tivesse demitido bem com a sua excelentíssima mãe, secretária do ministério, a coisa ficaria sanada em termos de responsabilidade tal quale. O problema é que entrou na negação, como é habitual e passou-se depois para a juidicialização da política com um inquérito que correu mal porque foi mal investigado em termos de tempo o que prejudicou a justiça certa e que seria eventualmente a acusação por negligência e não dolo eventual como o foi para salvar a prescrição que já tinha ocorrido no caso anterior. Mais uma vez o fantasma da judicialização da política esteve presente.

E quanto a culpa, só mesmo a tal Beleza poderá sentir alguma coisa. Algum remorso. Espero que sinta.

Santiago disse...

Desculpe insistir, mas é um assunto que até me incomoda bastante...

Não há possibilidade absolutamente nenhuma de indivíduos contaminados com HIV em 1986 (segundo a tese da "culpa" de Leonor Beleza) começarem a morrer em 1988 (aquele grupo de indivíduos faleceu entre 1988 e 1994, se não estou em erro). Trata-se de um "vírus lento" que, sem tratamento, provoca a morte num prazo de 7 a 10 anos.

Foi isto (entre outras coisas) que PC argumentou no seu livro, baseado em sólidos pareceres científicos. Tudo o que os Snrs Drs Médicos andaram a dizer sobre o assunto (motivados pelo "ódio" à Snra) não desfaz o argumento: O HIV não mata em 2 anos. Os hemofílicos que, tragicamente, morreram por receber produtos contaminados não têm razões atendíveis para acusar LB neste caso... eles, tragicamente repito, contaminaram-se entre 1980 e 1985, como todos os outros por esse mundo fora...

josé disse...

A questão é uma apenas, essencial: foram ou não contaminados com esse vírus, apanhado nesse sangue?

Se morreram ou não, apenas é factor de agravação.

O Público activista e relapso