terça-feira, julho 17, 2012

Freeport: um caso perdido

 ptjornal:

Segundo o MP, não há provas de que tenha existido o crime de tentativa de extorsão, o que deverá levar à absolvição de Charles Smith e Manuel Pedro, acusados de terem praticado este crime, durante o licenciamento do projecto do Freeport de Alcochete.
O procurador do MP, Vítor Pinto, referiu que não foram reunidas provas suficientes. Expressões como “diz que disse”, “insinuações” e “gabarolice” – com os arguidos a quererem mostrar que tinham relacionamentos próximos com personalidades com peso decisório – marcaram esta intervenção do elemento do Ministério Público.
Foram ouvidas dezenas de testemunhas durante o julgamento, mas os investigadores do MP não conseguiram encontrar qualquer prova de corrupção, financiamento ilegal, branqueamento de capitais, sendo que os crimes acabaram por ser arquivados. O processo chegou ao fim apenas com a acusação de extorsão, que recai sobre os dois arguidos, que eram sócios da empresa de consultoria 'Smith e Pedro'.
Com uma metáfora, Paula Lourenço, advogada dos arguidos, tentou resumir todo o processo Freeport: alguém “montou um circo” à volta do caso Freeport, mas os arguidos que a causídica representa “não iriam ser os palhaços”. A procuradora “lamentou este processo”.
Por seu turno, Manuel Pedro referiu que “lamentava o caso”, enquanto Charles preferiu não pronunciar-se, nestas alegações finais. Na sexta-feira, no Tribunal do Barreiro, conhecerão a sentença.

Que significa isto? Que só se deve investigar a sério quando há hipóteses plausíveis de se obter uma condenação? Ou tão só que o tempo de investigação de factos passados tem um prazo de validade?
Ou que o método de investigação criminal em Portugal , nestes casos de corrupção, ao entregar à polícia o domínio prático da mesma corre um risco acrescido de insucesso sempre que a articulação com o MºPº não funciona?
Tudo isso e mais algumas coisas. Esta investigação não logrou comprovar indiciariamente as suspeitas de corrupção que incidiam sobre quem decidiu procedimentos. Este tipo de crime é dificílimo de comprovar se não o for acompanhado de investigação quase em tempo real. Portanto, precisa-se urgentemente de um novo método de investigação criminal, para este tipo de coisas.

Nos EUA, há uns anos e a propósito da investigação de corrupção do governador do Illinois que colocou em autêntico leilão o cargo vago no Senado, de um Baraka Obama saído para a presidência mostrou-se como se deve fazer. A polícia de lá soube fazer e o ministério público soube dirigir.
É preciso fazer o mesmo, por cá. A arqueologia criminal, tal como a histórica, para além de ser muito demorada, deixa muita coisa enterrada.  Porém, o que resultou deste julgamento é suficientemente claro para se entender algo importante: houve corrupção no Freeport. Os beneficiários, no entanto não se conhecem.
Pois não?! 

7 comentários:

Carlos disse...

José, uma pequena provocação:

Aqui, fez-se justiça?

Carlos disse...

Ops!...

Já sei que ainda não foi proferida sentença. Mas é um "suponhamos"!

Carlos disse...

Bzzzzz, bzzzzz, bzzzzz...rais parta o abelhão!

Domingos disse...

Caro José
O problema são as leis que existem. Elas foram elaboradas por encomenda dos bandidos.
Com estas leis é só rir...

Pedro Marcos disse...

Isto é mesmo de advogados e juízes e causídicos. Palha e conversa para boi dormir.

Basta dizer: "morreu definitivamente o estado de direito e vivemos em tirania", como qualquer pessoa que aprecia a Verdade diria.

Mas não: há sempre espaço ainda para sofisticados sofismas e queixumes.
Pois quem assim procede também faz parte do problema.

Eu apreciava muito o que aqui se escreve mas não passa disso. Não passa de converseta que não passa da desconstrução do mal, nunca como e quando o enfrentar e combater com eficácia.


Apocalipse 3:16 – Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca;

Mateus 5:37: Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.

Eclesiastes 3: Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.

Estes são tempos de guerra!

Filho de Puta disse...

Eu só faço uma pergunta:
Porque é que ninguém viu fotografias da inauguração do Freeport quer nos jornais normais quer nas revistas cor-de-rosa?
Sendo um investimento da Casa Real Britânica esteve lá, seguramente, a "crème de la crème" da sociedade portuguesa e britânica o que seria engodo suficiente para páginas e páginas de fotografias.
Ou estava lá alguma "figura" que não convinha que fosse vista?

Karocha disse...

Filho de Puta
Agora comenta aqui?
É por causa do Medina Carreira ter falado no Blog do José?
Não se preocupe, eu vou descobrir quem você é.
Cheira-me a comendador!!!

O Público activista e relapso